QUARTO DOMINGO DA QUARESMA –
ANO B
A primeira leitura mostra como
o Senhor se irrita contra seu povo quando este não crê n'Ele, quando "não
leva em conta a sua Aliança". Deus livra o povo e lhe concede sua
misericórdia quando manifesta confiança em seu Deus. O Senhor mantém a sua
oferta de vida e salvação, mesmo correndo o risco de ser desprezado pelas
pessoas, cuja liberdade respeita, mesmo na opção pelo pecado. O texto ainda diz
que enquanto Israel ficava surdo à Palavra do Senhor, um pagão, que não O
conhece, passa a escuta-Lo. Ciro, o estrangeiro, considerado excluído do Reino
de Deus, é portanto, aquele que se torna instrumento da sua realização. A
leitura destaca, por um lado, a infidelidade do povo e das lideranças de Israel
ao projeto de Deus, isto é, o desprezo pelos profetas, a profanação do Templo
de Jerusalém e as consequências deste pecado com a deportação do povo para a
Babilônia. Por outro lado, a "fidelidade de Deus que não abandona seu
povo" que, através de Ciro, o rei da Pérsia, permite que o povo volte para
a sua pátria. Nos desígnios de Deus, Ciro é apresentado como o ungido e também
colaborador de Deus. - O Salmo responsorial é uma súplica coletiva. É o canto
dos exilados na Babilônia. Ele lembra a triste situação do povo com saudades de
seus costumes e tradições. Diz: "Como poderíamos cantar os cantos de nosso
Deus longe dele, numa terra estrangeira?". O salmista recupera aspectos
importantes de Deus que deseja seu povo livre para que possam, livremente,
expressar a própria fé. - Na carta aos Efésios o apóstolo Paulo apresenta à
comunidade o centro e a meta do projeto de Deus para todos os seus filhos e
filhas: Jesus Cristo, a Nova Aliança. Esta leitura traz em abundância a
mensagem do Evangelho: Jesus Cristo é o sinal dessa gratuidade para com os
pecadores. Não é mérito do homem, mas "é pela graça que fostes salvos, por
meio da fé. A salvação não vem de vós: é dom de Deus. Não se deve às obras:
ninguém se pode gloriar". Deus nos salva em Jesus por amor! A leitura
ainda destaca a vida nova trazida para as comunidades cristãs pela "morte
e ressurreição de Jesus". A comunidade cristã é o lugar da realização do
projeto de Deus, lugar do testemunho de um mundo novo. Nela anunciamos Jesus
Cristo, a Nova e Eterna Aliança. - O Evangelho deste domingo mostra que a
salvação é dada por Deus, mas que precisa ser aceita pela humanidade, na fé. No
texto encontramos o diálogo com Nicodemos. Nota-se, aqui, que "mundo"
para o evangelista João não significa o mundo fechado, inimigo do plano de
Deus, mas as pessoas que é objeto do amor de Deus. Deus envia seu Filho para
que o mundo seja salvo, tenha a "vida eterna". Assim, quem crê em
Jesus, não conhecerá a condenação, porque vive a vida de Deus. Quem não crê,
porém, já é condenado, não por Jesus que veio para salvar, mas por si mesmo,
porque não aceitou o dom de Deus. - Jesus provoca uma tomada de posição porque
tudo o que Ele faz é em favor da vida, para que a humanidade seja salva. Pela
sua prática de vida e maneira de amar, propõe a todos a vida nova, com sentido
e dignidade. Sua maneira de viver já exorta para uma posição: com Jesus e a
favor da vida ou contra Jesus e a favor da morte. Nossas escolhas indicam o
caminho da vida ou da condenação. Deus sempre é fiel à sua aliança de amor e
por isso deseja que todos se salvem escolhendo o caminho da luz, ou seja, da
vida nova em Cristo Jesus. - Aproveitemos esta Quaresma para revisar quanto há
de luz e sombras em nossa vida, família e comunidade em geral. Quanto há de luz
e sombras nas organizações sociais de que participamos ou que estão presentes
em nossas comunidades. Quanto há de luz e sombras nos dirigentes e em suas
políticas de governo. Se quisermos tomar parte com Jesus, somos obrigados a
"converter-nos em luz peregrina" que resgata aqueles que, ao nosso
redor, vivem nas trevas. Pela luz, precisamos desmascarar os projetos que nos
mantêm nas sombras da injustiça, da violência, da pobreza, da indiferença e da
polarização. Em muitas ocasiões e lugares, ser luz implica grandes riscos,
porém é pior o risco de não aceitar o desafio, condenando-nos, nós mesmos, à
pior de todas as trevas: estar longe da luz de Cristo.
Fonte: http://diocesedesaomateus.org.br/wp-content/uploads/2021/02/14_03_21.pdf
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