AS BEM-AVENTURANÇAS SÃO O
AUTORRETRATO DE JESUS MAIS EXATO E FASCINANTE
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No Evangelho deste domingo ouvimos a proclamação das bem-aventuranças. Elas nos
recordam que somos felizes por depositar nossa confiança em Deus e nossa
esperança na pessoa de Jesus. Conhecemos duas listas de Bem-aventuranças: a de
São Lucas e a de São Mateus. São bastante distintas, porque uma fala dos pobres
e a outra fala dos pobres em espírito; uma fala de fome e outra de fome de
justiça... Costuma-se dizer que as Bem-aventuranças de Lucas são
bem-aventuranças de situação e as de Mateus são de atitude. Ou seja, enquanto
Lucas diz: os que se encontram assim, os que estão nesta situação, são
bem-aventurados (os que estão chorando, os que têm fome, os que são pobres...),
Mateus diz: os que reagem desta maneira diante dos que choram, dos que são
pobres, dos que têm fome... são bem-aventurados. É como a atitude que se toma
frente àqueles que Lucas descreveu. - Na primeira leitura (Jr 17, 5-8), diz o
Senhor: "Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na
carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor; bendito o homem que
confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor." Aqui, o autor traça, com
linhas suaves, a doce fisionomia do bem-aventurado, representando uma
configuração da vida, um verdadeiro chamamento existencial.
- As bem-aventuranças são o autorretrato de
Jesus mais exato e fascinante. A chave da sua vida, pobre em espírito, manso e
misericordioso, sedento, com fome de justiça e homem de paz, com a capacidade
de acolher todos. Por isso, elas são a imagem de si próprio que Ele
incessantemente nos revela e imprime nos nossos corações. É também o seu
retrato que nos deve servir de modelo no processo de transformação do nosso
próprio rosto. A certeza da ressurreição garante-nos que Deus tem um projeto de
salvação e de vida para cada pessoa; e que esse projeto realiza-se
continuamente em nós. Não tenhamos dúvidas, as bem-aventuranças são aquilo que
nos ensina no quotidiano, nas pequenas e nas grandes coisas; nos momentos
definitivos e nos provisórios, a mão estendida de Jesus no concreto da nossa
vida.
- A sede de Deus é fazer com que a vida seja
uma vida de bem-aventuranças. Como? Resgatando-nos com um amor e uma confiança
incondicionais. É este espanto de amor que nos faz começar de novo. Por isso,
não nos basta um cristianismo de sobrevivência, nem um catolicismo de
manutenção. Um verdadeiro cristão, uma comunidade cristã, precisa de uma alma
jovem e enamorada, que se alimenta da alegria, da procura e da descoberta; que
arrisca a hospitalidade da Palavra de Deus na vida concreta; que parte ao
encontro dos irmãos que vive no diálogo confiante e oculto da oração.
- Felizes aqueles que têm fome e sede de Deus:
a experiência da fé não serve para resolver a sede, mas para dilatar o nosso
coração, o desejo de Deus, intensificar a nossa procura. Assim fizeram tantos
homens e mulheres ao longo dos séculos.
- Lancemos o nosso olhar para a Virgem Maria, aquela que todas as gerações a proclamam de "bem-aventurada", porque acreditou na boa nova que o Senhor lhe anunciou (cf. Lc 1,45.48). Que ela, mãe de Deus e nossa, interceda por cada um de nós e nos faça trilhar, todos os dias, com o coração dilatado, o caminho das bem-aventuranças. Que o espírito das bem-aventuranças seja como a chuva benigna que cai sobre nós e alaga de esperança e de amor as nossas vidas. Assim seja.
http://diocesedesaomateus.org.br/wp-content/uploads/2021/12/13_02_22.pdf
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