OS
PRIMEIROS DISCÍPULOS DE JESUS( Jo 1,35-42)
A vocação
dos dois primeiros discípulos nasce do testemunho de João Batista. A partir daí
surge uma conscientização vocacional que envolve outras pessoas a partir do
testemunho de quem esteve com Jesus: André encontra seu irmão Simão Pedro e o
apresenta a Jesus. Em seguida, é Filipe quem encontra Natanael e lhe fala de
Jesus. Assim, a partir do testemunho de outros, o grupo dos colaboradores de
Jesus vai crescendo.
No
Evangelho de João a vocação dos discípulos não se dá da mesma forma que nos
outros evangelhos. Nestes, Jesus chama pessoalmente e de forma direta. Em João,
o seguimento de Jesus se dá porque algumas pessoas sabem quem é Jesus e o
comunicam a outros que, por sua vez, passam a fazer a mesma experiência.
O
testemunho do Batista deve ter mudado completamente a vida dos dois discípulos.
Vendo Jesus passar, ele diz: “Eis o Cordeiro de Deus”. João chama Jesus dessa
forma porque descobriu nele o cordeiro pascal (Ex 12) e o servo sofredor (Is
53), síntese das expectativas de libertação do passado tornada presente na
pessoa de Jesus que passa.
Os dois
primeiros discípulos devem tomar a iniciativa, sem esperar que Jesus os chame.
Para eles, bastou o testemunho de João Batista de que Jesus é o libertador. A
partir desse momento, descobrem que em Jesus está a resposta a todos os seus
anseios. O Batista, por causa do testemunho, perde os discípulos. Estes, pela
coragem da opção que fizeram, dão pleno sentido a suas vidas e passam a ser
testemunhas para os outros.
No
versículo 38 encontramos as primeiras palavras de Jesus no Evangelho de João:
“O que vocês estão procurando?” Do início ao fim de nossas vidas estamos à
procura de algo ou de alguém. Como discípulos, procuramos saber quem é Jesus. E
ele testa nossa sede, perguntando-nos o que estamos procurando. Esta pergunta,
que aparece nos momentos cruciais do Evangelho de João, costuma se manifestar
nas fases decisivas de nossa vida: “O que estamos procurando?”
A
resposta dos discípulos é movida pelo desejo de comunhão: “Mestre, onde moras?”
Os discípulos não estão interessados em teorias sobre Jesus. Querem, ao
contrário, criar laços de intimidade com ele.
Para
criar intimidade com Jesus é preciso partir, fazer experiência: “Venham ver!”.
E o resultado da experiência já aparece: “Então eles foram, e viram onde Jesus
morava. E permaneceram com ele naquele dia”. O verbo permanecer é muito
importante no Evangelho de João. Por ora os discípulos permanecem com Jesus.
Mais adiante, o Mestre dirá: “Permaneçam em mim”. Permanecer com Jesus e com as
pessoas é fácil. O difícil é permanecer nele e nas pessoas. Só aí é que a
comunhão será plena.
O
evangelho afirma que a experiência com Jesus valeu a pena: “Eram mais ou menos
quatro horas da tarde”. Quatro horas da tarde, em linguagem simbólica, é o
momento gostoso para o encontro, ou a hora das opções acertadas. O passo dado
por esses dois discípulos foi de ótima qualidade. Valeu a pena. Essa opção vai
gerar frutos a seguir.
André era
um dos discípulos que, diante do testemunho do Batista, seguiram a Jesus e
fizeram a experiência das “quatro horas da tarde”. Só agora é que o evangelista
revela o nome desse discípulo. O outro fica anônimo, podendo assumir o nome de
cada um dos seguidores do Mestre. André significa homem (= ser humano). Será
que o evangelista quer insinuar que as pessoas só se tornam verdadeiramente
humanas depois que fazem a experiência do Mestre? Fato é que a experiência se
converte em testemunho que arrasta: André leva Simão a Jesus. O evangelho
mostra só um flash do testemunho de André. De fato, o v. 41 diz que “ele
encontrou primeiro seu irmão…” Isso dá a entender que teria encontrado, em
seguida, outras pessoas… André fala no plural: “Encontramos o Messias”. É uma
experiência comunitária e progressiva de quem é Jesus. João o apontara como o
Cordeiro de Deus; os primeiros discípulos o chamam de Mestre; Pedro já fica
sabendo que se trata do Messias…
Jesus
pede que Simão Pedro encontre sua identidade: “Você é Simão, filho de João. Vai
se chamar Cefas”. Para o povo da Bíblia, o nome é a identidade da pessoa. Simão
será, no Evangelho de João, símbolo de toda pessoa em busca de identidade. Ele
dará muitas cabeçadas ao longo desse evangelho, até se encontrar consigo
próprio, com sua missão e com Jesus. Talvez o mesmo aconteça contigo. Mas é
necessário que passes por tudo isso para que te encontres contigo mesmo e
reconheças o Cristo que te chama para a Sua missão!
https://homilia.cancaonova.com/pb/homilia/os-primeiros-discipulos-de-jesus-jo-135-42/
Nenhum comentário:
Postar um comentário