REFLEXÃO
DOMINICAL III
“Autoridade de Jesus – liberdade do
cristão”
“Jesus
entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar” (Mc 1,21). Lemos nas páginas do
Evangelho como o Senhor Jesus dá importância à pregação da boa nova: indo de
uma cidade a outra para anunciar a sua mensagem e realizando-a com perfeição,
com autoridade. As pessoas reconhecem-no: “eis um ensinamento novo, e feito com
autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!”
(Mc 1,27).
Por
nossa parte, deveríamos estar muito interessados no que ele nos diz. A formação
que vamos recebendo de Cristo através da Igreja tende a fazer-nos homens ou
mulheres responsavelmente livres. A nossa liberdade vai sendo educada
paulatinamente para que possamos escolher aquelas coisas que nos fazem mais
humanos e mais cristãos. Longe, portanto, da autêntica formação a coação e o
controle sobre os outros. Não se trata de asfixiar as pessoas para que façam o
bem. O importante é ajudá-las a amar o bem, a desfrutar na prática das coisas
boas, a ver que somente na realização do bem verdadeiro encontra-se a
felicidade. De fato, a autoridade de Jesus não retira a liberdade do cristão,
mas a favorece aperfeiçoando-a.
Cristo
é o Mestre por excelência. Ele, pacientemente, foi formando os discípulos e os
apóstolos para uma missão que, sem dúvida, os superava. Não obstante, o Senhor
os ensinou a confiar na graça e a lutar decididamente pelas causas que valem a
pena e… conseguiram! Os apóstolos não cumpriram a vontade de Deus à força de
prescrições legais, mas graças ao fogo do amor de Deus que lhes aquecia o
coração e à formação recebida e assumida. Primeiro, o Senhor os fez ativos no
amor e, consequentemente, essa caridade tornou-se fecunda através do apostolado
que trouxe muitas pessoas ao encontro com o Divino Mestre.
Um
dos efeitos do ensinamento de Cristo feito com autoridade é a formação da nossa
consciência. Neste sentido, o Concílio Vaticano II ofereceu-nos uma definição
de enorme beleza: “a consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem,
onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa a sua voz” (GS 16). Na consciência
ressoa a voz de Deus… É preciso escutá-la! A formação da consciência é um dos
requisitos indispensáveis para conseguirmos a perfeição da liberdade. Como se
lê no Catecismo da Igreja Católica, “a consciência deve ser educada e o juízo
moral, esclarecido. Uma consciência bem formada é reta e verídica. Formula seus
julgamentos seguindo a razão, de acordo com o bem verdadeiro querido pela
sabedoria do Criador. A educação da consciência é indispensável aos seres
humanos submetidos a influência negativas e tentados pelo pecado a preferir seu
julgamento próprio e a recusar os ensinamentos autorizados. (…) A educação da
consciência garante a liberdade e gera a paz do coração” (Cat.1783-1784).
Deus
quer que sejamos os responsáveis pelas nossas próprias ações livres. Mas para
que elas fossem verdadeiramente responsáveis e livres, Deus infundiu em nós,
por criação, uma luz natural que nos faz agir segundo a reta razão. Contudo,
isso não é suficiente! Pela nossa debilidade e pelo pecado, essa luz
enfraqueceu-se e, nalguns casos, quase apagou-se. A graça, junto com as
virtudes teologais e os dons do Espírito Santo, iluminam e fortalecem de
maneira nova o nosso organismo natural tornando mais suave a consecução do fim
para o qual fomos criados. Esse fim, que é Deus, torna-se presente em cada um
dos fins intermediários que escolhemos diariamente.
Estar
atentos ao ensinamento de Cristo formará a nossa consciência de maneira eficaz.
Mas é preciso conhecer a sua doutrina cada vez mais. E não há como conhecê-la
profundamente se não aplicarmos a nossa mente e o nosso coração a ela,
especialmente através da leitura da Sagrada Escritura e do Catecismo da Igreja
Católica. Mas não é só questão de doutrina, é questão de conhecer o próprio
Jesus, a sua Pessoa e a sua obra; é preciso, portanto, tratá-lo na oração,
conversar com ele, aprender dos seus gestos e palavras.
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0355.htm#msg01
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