I-
LLITURGIA
DO TERCEIRO DOMINGO DA QUARESNA-
- Neste domingo o Senhor intensifica o
convite à conversão. A liturgia da Palavra ressalta a urgência da con duz na
resposta de fé à paciência de Deus. Ele nos dá tempo para que produzamos os
frutos da justiça e da fraternidade. A fé se revela com a mudança de atitudes.
Converter-se implica voltar para Deus e produzir frutos do amor, da
solidariedade e da paz.
- Na primeira leitura, Moisés é convidado
para ser o líder do povo, o rosto visível da ação libertadora que o Senhor
realizará em favor de Israel oprimido. Moisés tinha fugido do Egito e se
abrigado no deserto do Sinai após assassinar indignado, um egípcio que
maltratava um hebreu. É acolhido por uma tribo de beduínos. Casa e refaz sua
vida numa experiência de tranquilidade. É precisamente nesse oásis de paz que o
Senhor se revela e escolhe Moisés para uma nova missão no Egito. O chamado de
Moisés ressalta a iniciativa de Deus libertador, apostando na salvação de seu
povo. Na segunda parte do texto (vv. 13-15), ante às indagações de Moisés, Deus
se revela: "Eu sou aquele que sou". Uma espécie de sinal que confirma
que Moisés foi convidado por Deus e enviado por Ele em missão. Nome que acentua
a presença contínua de Deus na vida do seu povo. Uma presença viva, ativa e
dinâmica, no presente e no futuro, como libertação e salvação.
- Na segunda
leitura, Paulo lembra que os israelitas foram conduzidos por Deus, passaram
pelas águas libertadoras do Mar Vermelho, alimentaram-se do maná e da água que
jorrou da rocha. Para o Apóstolo, esse rochedo é o símbolo de Cristo já
presente na caminhada do êxodo do antigo povo. Apesar de todos esses sinais, a
maior parte dos israelitas não foi fiel a Deus e acabou morrendo no deserto.
Isto nos faz compreender que, apesar da importância de nossa participação nas
ações rituais, o que conta é a adesão sincera à vontade de Deus. Paulo recorda
o fundamental na vivência da fé: levar uma vida coerente e viver em comunhão
com Deus.
- No Evangelho,
Jesus continua sua viagem para Jerusalém com seus discípulos. Acabava de lhes
falar sobre o discernimento dos sinais que manifestam a vontade de Deus. Sinais
do cotidiano que explicitam o projeto salvífico do Pai. Falando à multidão e,
em particular, aos discípulos, enfatiza em duas partes distintas, a urgência da
conversão. Na primeira (Lc 13,1-5), Jesus refere-se aos dois fatos da repressão
a um grupo de galileus enquanto se preparavam para sacrificar suas vítimas e da
queda de uma torre perto da piscina de Siloé. Os que relatam a Jesus as duas
tragédias desejam ouvir sua opinião e provoca dele uma posição. O Mestre sai
pela tangente. Desconstrói a crença popular de que as desgraças sejam uma forma
de punição divina e que Deus poderia impedir tais tragédias, mas prefere
permanecer surdo e mudo aos gritos dos sofredores. Rechaça a doutrina da
retribuição que vincula a desgraça ao pecado cometido. Para o Mestre, diante de
Deus, todos necessitam mudar de vida. Mas, se não vos converterdes, perecereis
todos do mesmo modo. A única maneira para escapar à ruína é a conversão. Na
segunda (Lc 13,6-9), temos a parábola da figueira. Ela é imagem do povo de
Israel. Durante três anos de ministério, Jesus procurou frutos de
arrependimento e de conversão. E nada! Na palavra de Jesus, a caminho de
Jerusalém, a todos é oferecida uma nova chance de mudança de vida. Ele espera,
portanto, que os que o acompanham deem frutos, isto é, aceitem converter-se à
Boa Nova que lhes anuncia. É a paciência de Deus! Apesar do tom ameaçador, há
esperança, Jesus confia em que a resposta à Boa Nova seja positiva.
- A quaresma
é um tempo para avaliarmos a qualidade de nossas respostas aos projetos da
vontade de Deus. Pode ocorrer que os frutos não estejam à altura do esperado.
Quem planta e cultiva determinada árvore frutífera, é natural que almeje colher
bons frutos. "Foi lá procurar figos e não encontrou. Então disse ao
agricultor: Já faz três anos que venho procurando figos e nada encontro".
Desilusão! A paciência parece estar se esgotando. O impulso humano é dar um
basta: "corta-a!". Apesar de nossas infidelidades, Deus não age
assim. Mesmo que sua paciência esteja no limite, "o Senhor é piedade e
compaixão, lento na cólera e cheio de amor" (Sl 145,8). Cristo, por sua
vez, intercede constantemente por nós junto do Pai, dilatando e ampliando sua
paciência. O amor misericordioso torna possível o êxito dos projetos de Deus.
Converter-se a Deus é voltar-se para Ele; é caminhar com Ele e viver o seu
projeto de vida e salvação. Conversão é convite à vida. Mais do que anúncio de
ameaças, é proclamação de uma boa nova. Jesus apela à conversão, anunciando a
proximidade do Pai amoroso e misericordioso.
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