NO BATISMO, A ESCOLHA FUNDAMENTAL
Dom Odilo P. Scherer Arcebispo de São Paulo
Hoje celebramos a festa do Batismo de Jesus, encerrando o ciclo das festas que se referem ao nascimento, à infância e à vida oculta de Jesus. São “mistérios da nossa fé”, mediante os quais Deus aproximou-se de nós e se revelou.
O Batismo de Jesus foi
um momento de teofania e revelação e manifestação “perceptível” da Santíssima
Trindade: o Filho, que assumiu a nossa humanidade, é batizado no Jordão; Deus
Pai confirma com sua voz e palavra que Jesus é o Filho amado de Deus; o
Espírito Santo, pairando sobre Jesus em forma de pomba, “unge” Jesus para sua
missão messiânica. É a Trindade Santa, que se manifesta à humanidade e está em
ação na nossa salvação.
Nesta festa, também
recordamos o nosso Batismo, quando recebemos a adoção de filhos e filhas de
Deus; fomos unidos a Jesus Cristo e feitos “filhos no Filho” e membros do Corpo
de Cristo”, que é a Igreja. E fomos “ungidos” pelo Espírito Santo, recebendo a
graça santificadora e a participação na vida divina. Quanta coisa bonita, o
Batismo realizou em nós!
E hoje, queremos
agradecer especialmente a Deus por isso! Há uma questão que, geralmente, passa
desapercebida no Batismo, embora seja fundamental.
Nas promessas do
Batismo, foi-nos perguntado, de maneira direta e sem rodeios: renunciamos a
Satanás? E a todas as suas obras? E às suas seduções? Em seguida, foi-nos
perguntado se cremos em Deus, com os vários artigos do Credo cristão.
E nossa resposta,
claramente, foi sempre “sim!” Por que o celebrante começa perguntando, se
renunciamos a Satanás, e só em seguida pede se cremos em Deus? A resposta é
simples mas comprometedora: porque essa é a questão central do Batismo e da
vida cristã: a escolha entre Deus e Satanás e tudo o que afasta de Deus. Entre
o que está de acordo com a vontade de Deus e o que se opõe a Deus. Enfim,
trata-se da escolha crucial entre a vida e a morte. E essa escolha nos
acompanha a vida inteira e qualifica o nosso comportamento: estamos com Deus,
ou com Satanás?
Evidentemente, não
bastam as palavras, mas é nossa vida e são nossos comportamentos que
manifestam, se estamos com Deus, ou não estamos. Por isso, o Batismo nos
introduz numa vivência, numa dinâmica nova: a vida “segundo Cristo”, ou
“conforme o Evangelho”, vida “na luz de cristo” e não mais “nas trevas do
erro”.
Ao celebrarmos hoje a
festa do Batismo de Jesus, renovemos as promessas do nosso Batismo, de modo
pessoal e consciente. E peçamos a força do Espírito Santo, para perseverarmos
firmes nessas escolhas fundamentais em toda a nossa vida. Com a graça de Deus,
é possível viver nossos compromissos batismais e alcançar a vida eterna.
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