Por Vinícius Augusto Teixeira, cm
Neste tempo tão desolador de pandemia, agravado pela espiral da indiferença, a realidade da morte se tornou absurdamente recorrente, com todos os seus impactos psicológicos, sociais e religiosos, sobretudo para os que se despedem de seus entes queridos. Como cristãos, precisamos refletir sobre as implicações existenciais do tema e projetar sobre ele a luz da fé pascal que professamos.
Introdução
O assombroso prolongamento da pandemia da
Covid-19, com suas cifras estarrecedoras de infectados e mortos, não nos pode conduzir
à banalização da calamidade e muito menos à indiferença ante o sofrimento de muitos, tanto dos que têm aligeirados
seus dias – não raro de maneira completamente imprevista e às vezes em meio à solidão
e à agonia – quanto daqueles que são obrigados a dizer adeus a seus entes queridos
sem o consolo de uma última homenagem, privados da companhia e do abraço dos amigos.
Há bem mais de um ano, um manto de desolação vem recobrindo a humanidade. No Brasil,
como se não bastasse a virulência do parasita destruidor, a população se vê impiedosamente
agredida por um governo dominado por pavorosa pulsão de morte, que se traduz na
mais abjeta insensibilidade em face de milhares de pessoas vitimadas pelo coronavírus.
Em junho de 2021, chegamos à marca de mais de 500 mil mortos, e houve momentos em
que chegamos a atingir a marca de mais de 4 mil falecimentos em um só dia.
Nesse contexto (e em outros também), a compaixão,
a comoção e a indignação se estreitam ainda mais fortemente quando a dura realidade
da morte assume o rosto e o nome de alguém que conhecemos e amamos, de uma pessoa
que faz parte de nossa história ou, em algum momento, caminhou ao nosso lado. Do
ponto de vista afetivo, isso conta enormemente. No capítulo 24 de O pequeno príncipe, deparamos com aquele comovente diálogo do
protagonista com a raposa. A certa altura, esta lhe diz: “Se tu me cativas, minha
vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente
dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará
para fora da toca, como se fosse música”. Talvez possamos dizer algo parecido de
alguém que nos tenha cativado: como um sol radioso e ameno em dias primaveris, sua
presença nos iluminou, seus passos se fizeram únicos e irrepetíveis, sua proximidade
despertou o que há de melhor em nós e sua voz ressoou em nosso silêncio como suave
melodia. Foi o que experimentaram os discípulos da primeira hora na convivência
com Jesus de Nazaré, legando-nos depois este sucinto e eloqüente testemunho a respeito
de quem os havia cativado: “Ele passou entre nós fazendo o bem” (At 10,38). Guardadas
as devidas proporções, é o que podemos dizer daqueles que deixaram rastros de gratidão
nas veredas de nosso coração e cujos rostos trazemos gravados no tesouro de nossas
mais caras lembranças: Passaram
entre nós fazendo o bem. E ficaram em nós pelo bem que fizeram.
Como em anos anteriores, sobretudo no desempenho
do ministério paroquial, também agora, neste tempo sombrio que a pandemia nos impôs,
tenho a oportunidade de acompanhar, ainda que a distância, várias pessoas e famílias
que se despedem de seus entes queridos. Recentemente, pediram-me que transformasse
em texto algo do que expus em uma live sobre temas de escatologia cristã (disciplina teológica que se debruça sobre
as realidades relacionadas com o desenlace final da vida). É o que tento fazer aqui,
muito sucintamente, no intuito de ajudar os que desejam e precisam recobrar a serenidade
de ânimo depois da dura prova da morte daqueles que lhes eram próximos. Neste momento
de tantas incertezas e perplexidades, refletir sobre a morte – penetrando na penumbra
do mistério que a envolve, até vislumbrar a luz que se acha em seu fundo – pode
representar uma experiência de redescoberta do sentido último da vida, em sua dupla
acepção de significado e direção.
O artigo recolhe, nos dois primeiros pontos, experiências humanas que podem ser comuns a todas as pessoas, independentemente de sua pertença religiosa. O terceiro ponto, em estrita fidelidade à fé cristã, discorre sobre a esperança que acalenta, ilumina e move os seguidores de Jesus Cristo, aquela que brota de sua ressurreição e se chama vida eterna.
1. O luto: assumir para redimir
A realidade da morte é sempre desconcertante.
Lança-nos, sem mais, na esfera do desconhecido, daquilo de que não temos experiência.
Faz-nos amargar a dor da separação física. Impõe-nos a irremissível impossibilidade
de ver e tocar aqueles que partiram de nosso convívio, depois de terem “feito a
escalada da vida removendo pedras e plantando flores” (Cora Coralina). Por tudo
isso, não podemos negar, nem sequer minimizar, quanto nos dilacera interiormente
a despedida das pessoas às quais nos sentimos vinculados pelos laços de uma afinidade
sincera, de um companheirismo leal, de uma admiração profunda, de um amor visceral.
Não é fácil ver o ciclo da vida chegar ao seu termo, ainda mais quando isso se dá
de forma prematura, abrupta ou dentro de circunstâncias particularmente dramáticas
ou violentas. Daí decorre a necessidade de viver o luto, porque
o que não é assumido não pode ser
redimido, assim como o que não é aceito não pode ser transformado. Isso implica reconhecer e assimilar, sem
subterfúgios, a privação que a morte nos impõe e a dor de que ela é portadora. Trata-se
de encarar a face sombria da morte, para só depois vê-la transfigurada sob nova
luz. Como declarou, certa vez, a poetisa Adélia Prado, ante a partida de seu irmão:
“Somos humanos. Precisamos de um tempo até que o luto possa mudar em claro dia sua
cor de crepúsculo”.
Os mais abalizados psicólogos que estudam
o processo de integração do luto costumam distinguir algumas de suas fases:
a) a aceitação da perda, cujo oposto seria a negação ou a recusa da
realidade tal como ela é; b) a superação
da dor, de tal modo que
o luto não venha a manifestar-se em sensações e atitudes mais ou menos prolongadas
de melancolia, carência, ansiedade, culpa, ira, insegurança etc.; c) a adaptação à ausência, com todas as suas implicações psíquicas,
afetivas, físicas, práticas etc.; d) o retorno
à normalidade, em seus
diferentes aspectos: social, relacional, religioso, laboral, lúdico etc. Vencido
o primeiro impacto e experimentado o desconforto proveniente da separação, a pessoa
enlutada se vê desafiada a reconstruir-se em tudo o que constitui sua humanidade,
o que, por sua vez, demanda criatividade e iniciativa. É certo que a cada pessoa
corresponde um tempo para dar conta desse itinerário gradual de aceitação, superação,
adaptação e retorno. Por um lado, há que cuidar para não o prolongar indefinidamente,
eximindo-se dos esforços requeridos, encerrando-se no isolamento e impondo-se uma
sobrecarga emocional intolerável, sob pena de resvalar para um infindável e mórbido
luto patológico; por outro, a ausência de luto pode ser indicadora de uma psicopatologia.
De fato, não raramente, um luto reprimido desencadeia frustrações, angústias, remorsos
e outras reações adversas.
Embora existam distintas formas de expressar os sentimentos mais pungentes, é certo que uma lágrima de saudade vale mais do que uma gélida e artificial firmeza. Assumir equilibradamente a própria fragilidade é um ato de nobreza. De resto, como ouvi, certa vez, na Espanha: “El corazón llora por donde ama”. Se amamos, não podemos deixar de sentir o adeus de quem se despediu de nosso convívio. Importa, pois, viver o luto sábia e pacientemente.
2. A memória do amor: gratidão e perdão
O passo seguinte é o da memória do amor, aquela que brota da profundidade oceânica
do coração humano, também quando traspassado pela dor. O coração, quando devidamente
cultivado, deixa desabrochar o que contém de mais nobre. No-lo recordou São Vicente
de Paulo: “Assim como a pedra tende para baixo e o fogo para cima, o coração tende
sempre para o amor como para seu centro” (XII, n. 390). A morte de um ente querido
costuma remeter-nos, misteriosamente, ao âmago do coração que é o amor. Quantas
poesias primorosas, quantas preces ardentes, quantos gestos magnânimos nascem de
um coração ferido pelo luto e cauterizado pela memória do amor? Essa memória tem,
pois, duas faces: a gratidão e o perdão.
A face mais atraente é a da gratidão. Trata-se de deixar passar
pelo coração tudo o que representa para nós aquele que se foi, recordando agradecidos
o que de bom e de belo essa pessoa nos transmitiu, as atitudes que emolduraram sua
existência, os valores que comunicou, as ações que empreendeu, o bem que realizou,
o amor que a impulsionou, a largueza de sua entrega, os sacrifícios escondidos de
que foi capaz, as sementes que lançou, regando-as às vezes com suor e lágrimas,
e os frutos que abnegadamente compartiu. O poeta Virgílio já o tinha sentenciado:
“Enquanto o rio correr, os montes fizerem sombra e houver estrelas no céu, deve
durar a memória do benefício recebido”. A face mais exigente é a do perdão. Frequentemente, a memória
do amor solicita a coragem de relevar os deslizes e tropeços daquele que partiu,
liberando a força pacificadora do perdão. E o motivo não é dar descanso a quem se
foi, mas sim religar as fissuras que dilaceram o coração de quem ficou, de modo
a viver reconciliado com sua própria história.
Em virtude de tudo isso, o exercício da gratidão e do perdão reveste a nudez da saudade com o manto de uma serenidade que só se deixa conhecer lentamente e é fruto do amor. Que o diga a poetisa latino-americana, do abismo de sua conturbada trajetória pessoal: “De par en par la ventana se abrió como por encanto. Entró el amor con su manto, como una tibia mañana. Al son de su bella diana, hizo brotar el jazmín. Volando cual serafín, al cielo le puso aretes. Y mis años en diecisiete (ano de nascimento de Mercedes Sosa), los convirtió el querubín”. Assim, a serena saudade, que nasce e se nutre do amor agradecido e reconciliado, torna-se o lugar do reencontro, dando-nos a medida do valor da pessoa amada e cingindo de paz sua lembrança. Essa é a razão pela qual a ninguém é dado “matar a saudade”.
3. O salto da fé: esperança e entrega
Tendo palmilhado a inglória travessia do
luto, osculados pela memória do amor, confortados pela aragem da gratidão e tocados
pela decidida intenção de perdoar, falta-nos ainda dar um passo a mais, um passo
que responda à apetência de infinito, ao impulso de transcendência e à sede de sentido
que habitam o ser humano e o mobilizam sem cessar. O que aqui apresentamos como
terceiro momento pode ser também o primeiro, conforme a experiência de cada pessoa.
Trata-se, pois, do salto
da fé. Com efeito, embora
a crueza da morte seja igual para todos, no mais íntimo de quem crê reverbera aquela
convicção que lhe imprime a revelação cristã: a vida não se encaminha para o vazio
do absurdo, para a ilusão do nada. Não somos andarilhos sem rumo, navegantes sem
porto, forasteiros sem pátria. Há um lugar no qual somos esperados e para o qual
caminhamos. Há um regaço hospitaleiro no qual poderemos enfim descansar, como repousa
tranquila a criança amamentada nos braços de sua mãe (cf. Sl 131,2). Era essa a
certeza que levava Francisco de Assis – debilitado pela enfermidade, mas dotado
de impressionante jovialidade interior – a louvar o “onipotente e bom Senhor” pela
“irmã morte corporal”. Não se trata de mero sentimento subjetivo, mas sim de experiência
radical, nascida da adesão a uma verdade comunicada por Jesus Cristo e sintetizada
em nossa comum profissão de fé: cremos
na ressurreição e na vida eterna.
No mistério de sua páscoa, o Filho de Deus
abriu para nós as portas da vida em plenitude (cf. Lc 23,43). Revelou-nos, assim,
a meta derradeira de todo ser humano e o destino da criação inteira. Nele, “autor
e consumador de nossa fé” (Hb 12,2), brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição.
Por isso, aos que a realidade da morte entristece, a promessa da eternidade consola.
Não é à toa que o cristão pode perguntar, quase em tom de desafio: “Onde está, ó
morte, tua vitória?” (1Cor 15,55). Anima-nos, de verdade, a “doce esperança” de
que seremos acolhidos na incomensurável ternura do abraço do Pai e introduzidos
na comunhão definitiva com todos aqueles que passaram pelo mundo fazendo o bem.
Mesmo não tendo experiência sensível do que seja a vida além da morte, damos o total
assentimento de nossa fé àquela promessa de eternidade com que o Senhor se despede
de seus discípulos na ceia que precedeu sua entrega total na cruz:
Não se perturbe vosso coração. Credes em
Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim,
eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar, e quando eu for e vos tiver preparado
o lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais
vós também (Jo 14,1-3).
Para quem crê, não pode haver promessa mais
reconfortadora e certeza mais tonificante: estaremos com o Senhor, no lugar que
ele nos preparou. E, porque cremos na ressurreição e na vida eterna, intuímos com
o apóstolo: “Os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não
percebeu o que Deus preparou para os que o amam” (1Cor 2,9). Nosso destino tem endereço
certo, o perene convívio com o Deus Trindade: o Pai que nos criou, o Filho que nos
salvou e o Espírito que nos santifica. E só a recusa contumaz de nossa liberdade
pode impedir-nos o acesso à dádiva oferecida.
Pela força invencível do amor de Cristo,
estamos em comunhão de fé e caridade com aqueles que nos precederam na eternidade,
embora sem a menor possibilidade de contato direto com eles. No recato da oração,
entregamos nossos falecidos à misericórdia do Senhor, esperando firmemente que ele
os purifique e lhes conceda a felicidade sem fim e a fecundidade imorredoura dos
que habitam sua casa. E isso ainda que a ruptura da morte tenha se efetuado em condições
e circunstâncias imprevistas (pensemos, por exemplo, em tantas pessoas que têm a
existência ceifada acidentalmente ou por motivo de uma tragédia). Ademais, porque
cremos na ressurreição, evitamos os discursos vagos e híbridos que levam a dizer
a respeito de quem partiu: “esteja ele onde estiver…”. Para nós, a definitiva esperança
tem nome: vida eterna junto de Deus, plenitude de seu amor; graça imerecida, é verdade,
mas ansiada e acolhida com humilde gratidão e contrita confiança.
Vale recordar que, ao referir-nos à alma de nossos defuntos, estamos nos referindo à sua pessoa, ou seja,
àquela identidade profunda do ser humano, àquilo que ele tem de mais significativo
e substancial, à totalidade de seu ser destinado à eternidade. Não será demais lembrar
também que a fé na vida eterna não elimina o luto, mas o ilumina a partir de dentro.
Emblemática, nesse sentido, é a reação espontânea de Marta ao encontrar-se com Jesus,
dias depois da morte de Lázaro, amigo fiel por quem o próprio Jesus chorou (cf.
Jo 11,35). Disse-lhe, então, Marta: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão
não teria morrido” (Jo 11,21). É o clamor dolorido do coração enlutado que se rebela
em face da morte. Contudo, vem, em seguida, o salto da fé: “Mas ainda agora sei
que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá” (Jo 11,22). E a resposta do Mestre
e Amigo não defrauda a esperança dos que nele se apóiam: “Eu sou a ressurreição
e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim jamais
morrerá” (Jo 11,25). Viver para sempre com o Senhor, atravessar o umbral da morte,
entrando, enfim, na plena posse da vida eternizada pelo amor: eis, pois, o que nos
está reservado, eis a promessa que nos consola e a esperança que nos robustece.
Certa vez, estando para iniciar as exéquias
de um paroquiano muito estimado, cuja morte havia causado grande consternação em
todos nós, ouvi de sua viúva uma maravilhosa profissão de fé na ressurreição, que
logo me pareceu uma paráfrase daquelas palavras que Marta, irmã de Lázaro, dirigiu
a Jesus no relato evangélico. Sem renunciar às suas lágrimas, disse-me, então, dona
Laene: “A dor é grande. Será muito difícil viver sem Toninho. Mas sei que ele está
com Deus e que Deus está conosco”. Na singeleza dessas palavras, a perfeita síntese
da fé que nos revigora: o Senhor acolhe aqueles de quem nos despedimos e sustenta
os que ainda estamos a caminho. Com efeito, vencemos a morte ao assumi-la como o
ato mais decisivo de nossa peregrinação terrena. Se esta consiste em caminhar para
a plena comunhão com Cristo, crendo no Deus que se revela, esperando no que Deus
nos prometeu e amando o Deus que nos ama, a morte será, então, nosso sim definitivo,
o mais belo ato de fé, esperança e amor.
* * *
Crer na vida eterna nada tem que ver com
alienação. Ao contrário, acorda-nos para o valor e a beleza da vida que levamos
aqui e agora, sem deixar-nos esquecer que há uma vida qualitativamente superior
a esta, aquela que nos permitirá “estar para sempre com o Senhor” (1Ts 4,17). Como
escreveu Rubem Alves, no crepúsculo de seus dias: “A morte nunca fala sobre si mesma.
Ela só fala sobre a vida. Basta pensar nela para que a gente ouça sua voz silenciosa,
perguntando-nos: ‘E sua vida como vai? O que você está fazendo com o tempo que lhe
resta?’” Nesta época tão desoladora de pandemia, cabe-nos pensar o que temos feito
da vida que nos foi dada como dom, a única vida que teremos para apresentar a Deus
quando nos for concedido estar diante dele como filhos e filhas que se reconhecem
amados e não receiam lançar-se no amplexo da comunhão trinitária. Afinal, recorda-nos
a sabedoria popular: “Nada levamos desta vida a não ser a vida que levamos”. Daí
a oração do salmista: “Ensinai-nos a contar os nossos dias e dai ao nosso coração
sabedoria” (90,12).
E não há melhor maneira de viver do que amar,
traduzindo o amor em atitudes, gestos e palavras, segundo as exigências de cada
momento e as necessidades de cada pessoa que cruza nossos caminhos. Quem no-lo recordou
foi o inquieto Santo Agostinho:
Mas como tu, porém, ainda não vês a Deus,
amando o próximo conquistas o mérito de vê-lo. Amando o próximo, purificas os olhos
para poderes ver a Deus. Começa, portanto, a amar o próximo… Amando o próximo e
tendo cuidado dele, tu caminhas. E aonde te conduz o caminho senão ao Senhor, que
devemos amar com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente? Ao Senhor ainda
não chegamos, mas o próximo nós o temos sempre conosco. Ajuda, portanto, o próximo
com o qual tu caminhas para poderes chegar àquele com o qual tu desejas permanecer.
Valha, pois, como conclusão, a intuição do
místico e poeta de nossos dias: “No final do meu caminho me dirão: E tu, viveste?
Amaste? E eu, sem dizer nada, abrirei o coração cheio de nomes”.
Seja esta nossa esperança, seja este nosso empenho: apresentar ao Deus da Vida um coração cheio de nomes e dele receber a imerecida e sempre desejada eternidade do amor.
ORAÇÃO DA CONFIANTE ENTREGA
Pai, vosso Filho, Jesus,
nos revelou
a verdade de vosso amor,
que é mais forte do que a morte.
Ele nos fez descobrir que
vossa fidelidade dura para sempre,
que vossa misericórdia não
termina nos limites do tempo,
que desejais admitir-nos
em vossa casa
e nos preparais um lugar
à vossa mesa.
Sabeis quanto nos custa
despedir-nos daqueles a quem amamos
e nos ofereceis, bondoso,
o consolo e a força de vosso Espírito.
Em vossas mãos, entregamos
confiantes a vida de N.,
na firme esperança de que
o/a acolhereis
no eterno abraço de vossa
misericórdia,
na alegria de vosso perdão
e na plenitude de vossa paz.
Nós vos agradecemos pela
vida que lhe destes,
pelos dons com que o/a enriquecestes
e por tudo de bom e de belo
que ele/ela semeou entre nós.
Aos que ficamos, sustentai-nos
com vossa graça,
inspirai-nos palavras e
ações para confortar-nos mutuamente
e animai-nos com a certeza
de que um dia estaremos também convosco
para cantar eternamente
as maravilhas de vosso amor,
na glória sem fim de vosso
Filho ressuscitado
e na unidade perfeita de
vosso Espírito Santo. Amém.
Vinícius Augusto Teixeira, cm
atualmente trabalha na coordenação de um projeto internacional de formação permanente levado a cabo pela cúria geral da Congregação da Missão, à qual pertence. O presente artigo reúne reminiscências de leituras do autor, e sua finalidade é eminentemente pastoral. E-mail: viniciusaugustocm@gmail.com
https://www.vidapastoral.com.br/ano/despedir-nos-dos-que-partem/
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