REFLEXÃO DOMINICAL II
CONDUZIDOS POR UM MENINO
A liturgia deste Segundo Domingo do
Advento nos ilumina e nos ajuda a caminhar construindo um futuro bom. No
caminho, se de um lado, encontramos gente poderosa achando-se dona do mundo,
fazendo estragos que geram morte; de outro lado, encontramos muitos sinais de
vida gestada por gente humilde buscando fazer deste mundo um lugar bom para
viver, lugar do sonho de Deus. O profeta Isaías, escrevendo de forma poética,
nos fala de um sonho em que, do tronco de Jessé surgiria um broto e do broto
uma flor – o Messias – e sobre ele repousaria o Espírito do Senhor. Ele não
julgaria pelas aparências, traria justiça aos homens humildes e pacíficos e
destruiria o mau com o sopro dos seus lábios. Ele restauraria o paraíso perdido
e nele toda a criação se reconciliaria: o lobo com o cordeiro, o leopardo com o
cabrito, o bezerro com o leão, a vaca com o urso e a criança brincaria com a
serpente. Aqueles que antes se atacavam e se devoravam agora caminharão juntos
sem nenhum perigo, e o principal de tudo: serão conduzidos por um menino. Em
tempo de ofensas, agressões verbais e físicas com o uso indevido e mentiroso da
Palavra de Deus, é preciso voltar às fontes e acolher o sonho de Deus. Aí
poderemos cantar com todas as forças pulmonares: “Do tronco da vida, mesmo
ferida, surge uma flor rindo da dor”. E quando o sonho está por se realizar
surge João Batista no deserto pregando a conversão porque o tempo se cumpriu e
o Reino dos Céus se aproxima. Com seu jeito de ser, denuncia uma sociedade
marcada pela aparência e superficialidade. Quando as pessoas o procuravam para
o batismo percebia que algumas eram fingidas e não queriam mudanças. João não
amaciava nas palavras e chamava de cobras venenosas as que queriam o batismo,
mas não aceitavam fazer as mudanças necessárias. Ainda mais, com imagens
fortes, retiradas do mundo agrícola – machado para cortar árvore que não der
fruto bom e garfo para separar o grão da palha do trigo – mostrava que não
bastava ser da linhagem de Abraão, mas era preciso produzir frutos de
conversão. Escrevendo aos Romanos, Paulo faz uma proposta de conversão a uma
comunidade muito dividida. Certa rivalidade foi sendo construída e dois grupos
começaram a se enfrentar. Um acusava o outro por ser muito relaxado e o outro
por ser muito rigoroso e atrasado. Paulo procura iluminar este ambiente
conflituoso mostrando que todos precisavam se converter de tal modo que
houvesse “concórdia uns com os outros”, bem como, acolhida “acolhei-vos uns aos
outros, como também Cristo vos acolheu”. Estamos no Advento, tempo especial de
deixar se modelar pela Palavra, que hoje nos chama a conversão. Aproximando-nos
da conclusão do sínodo Arquidiocesano, fica o grande desafio para que possamos
avançar e colocar em prática o que escrevemos no papel é perceber que cada um
de nós precisa fazer mudanças (converte- -se) para caminharmos na unidade
renovando o que for necessário. O sonho da Criação reconciliada e profetizada
por Isaías, a proposta de uma convivência harmoniosa e acolhedora dita pelo
apóstolo Paulo e o desafio de conversão proposto por São João Batista é o que
precisamos alimentar para celebrar bem o Natal do Senhor. Faz bem fazer uma boa
confissão e reunir com outras pessoas para realizar a Novena de Natal. Se a
preparação for boa poderemos continuar rezando e meditando até a Epifania do
Senhor. O livro da nossa novena tem um singelo roteiro para celebrarmos esses
dias jubilosos.
Dom
José Benedito Cardoso Bispo auxiliar de São Paulo
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-47-a-02-2-domingo-do-advento.pdf
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