O Natal
NÃO é a festa de aniversário de Jesus
Dom Henrique - publicado em 30/11/18
Alguns pensam que
celebrar o Natal é comemorar o aniversário de Jesus, mas esse nunca foi o
sentir da Igreja a respeito deste tempo litúrgico
Alguns
pensam que celebrar o Natal é comemorar o aniversário de Jesus; alguns chegam
até a cantar “parabéns pra você”! Coisa totalmente fora de propósito, contrária
ao sentimento da Igreja e fora
do sentido da celebração dos cristãos. Então, se não celebramos
o aniversário de Jesus, o que fazemos no Natal?
Antes
de tudo é necessário entender o que é a Liturgia, a Celebração da Igreja.
Vejamos.
O nosso Deus, quando quis nos salvar, agiu na nossa história. Primeiramente
agiu na história de toda a humanidade, guiando de modo secreto e sábio todos os
seres humanos e sua história. Basta que pensemos nos santos pagãos do Antigo
Testamento — santos que não pertenceram ao povo de Israel: Sto. Abel, Sto.
Henoc, São Matusalém, São Noé, São Melquisedec, São Jó, São Balaão… Nenhum
destes pertencia ao povo de Deus… e no entanto, Deus agia através deles…
Depois, Deus agiu de modo forte, aberto, intenso na história do povo de Israel,
com as palavras de fogo dos profetas, com a mão estendida e o braço potente nas
obras maravilhosas em benefício do seu povo eleito.
Finalmente,
Deus agiu de modo pleno e total, fazendo-se pessoalmente presente, em Jesus
Cristo, que é o cume, o centro e a finalidade da revelação e da ação de
Deus: em Jesus, tudo
quanto Deus sonhou para nós se realizou de modo pleno, único, absoluto,
completo e definitivo! Então, o nosso Deus não se revela
principalmente com ensinamentos, com doutrinas e conselhos, mas com ações
concretas e palavras concretas de amor! E tudo isso chegou à plenitude na vida,
nos gestos, palavras e ações de Jesus Cristo!
Pois
bem: são estas obras salvíficas de Deus, realizadas de modo pleno em Jesus, que
nós tornamos presente na nossa vida quando celebramos a Santa Liturgia,
sobretudo a Eucaristia! Na força do Espírito Santo de Jesus, através das palavras, dos gestos e dos
símbolos litúrgicos, os acontecimentos do passado — todos
resumidos em Cristo: na sua Encarnação, no seu Nascimento, Ministério, Morte e
Ressurreição e no Dom do seu Espírito — tornam-se presentes na nossa vida.
Vejamos,
agora, o caso do Natal. Quando a Igreja celebra as cinco festas
do Natal, ela quer
celebrar não o aniversarinho do menininho Jesus… O que ela quer fazer e faz é
tornar presente para nós, na força do Espírito Santo, a graça da vinda do
Cristo! Celebrando a
liturgia do Natal, o acontecimento do passado (a
Manifestação do Filho de Deus) torna-se
presente no hoje da nossa vida! Na liturgia do Natal a Igreja
não diz: “Há dois mil anos nasceu Jesus”! Nada disso! O que ela diz é:
“Alegremo-nos todos no Senhor: hoje nasceu o Salvador do mundo, desceu do céu a
verdadeira paz!” (Antífona
de Entrada da Missa da Noite do Natal).
Em
Jesus, tudo quanto Deus sonhou para nós se realizou de modo pleno, único,
absoluto, completo e definitivo!
Então,
celebrando as santas festas do Natal, celebramos a Manifestação do Salvador no
nosso hoje, na nossa vida, no nosso mundo! A liturgia tem essa característica:
na força do Santo Espírito torna presente realmente, de verdade, aquele
acontecimento ocorrido no passado. Não
é uma repetição do acontecimento, nem uma recordação!É, ao invés,
aquilo que a Bíblia chama de memorial, isto é, tornar presente os atos de salvação de
Deus!
Agora
vejamos: a Eucaristia é a celebração, o memorial da Páscoa do Senhor. Como é,
então, que no Natal a gente celebra a Missa, que é a Páscoa? Como é que já no
Natal a Igreja mete a celebração da Páscoa? É que a Eucaristia não é
simplesmente a celebração da paixão, morte e ressurreição de Cristo! Essa seria
uma idéia muito mesquinha, estreita! Em cada Missa é todo o mistério da nossa salvação que se
faz presente, é tudo aquilo que Deus realizou por nós, desde a
criação até agora… e tudo isso tem o seu centro em Jesus: na sua Encarnação, na
sua vida e na sua pregação, e alcança seu cume na sua morte e ressurreição, na
sua ascensão e no dom do Santo Espírito. Então, celebramos as cinco festas do
Natal celebrando a Missa, porque aí o mistério, o acontecimento da nossa
salvação se torna presente e atuante na nossa vida.
Através
das palavras, dos gestos e dos símbolos litúrgicos, os acontecimentos do
passado tornam-se presentes na nossa vida.
Voltando
para casa após a Missa do Natal, podemos dizer: “Hoje eu vi, hoje eu ouvi, hoje eu
experimentei, hoje eu testemunhei e hoje eu anuncio: nasceu
para nós, nasceu para o mundo um Salvador! Ele veio, ele não nos deixou, ele se
fez nosso companheiro de estrada!” Celebrando a Eucaristia do Natal, recebemos
a graça do Natal, entramos em comunhão com o Cristo que veio no Natal, porque
recebemos no Corpo e Sangue do Senhor o próprio Cristo que nasceu para nós, e,
agora, Cristo ressuscitado, pleno do Santo Espírito! É incrível, mas a graça do Natal chega a nós mais do que
chegou para Maria e José e os pastores e os magos. Porque eles
viram um menininho no presépio, enquanto nós o recebemos dentro de nós, seu
Corpo no nosso corpo, seu Sangue no nosso sangue, sua Alma na nossa alma, seu
Espírito no nosso espírito… e não mais um menininho frágil, com esta nossa
vidinha humana, mas o próprio Filho agora glorificado, com uma natureza humana
imortal e gloriosa, que nos transformará para a vida eterna.
Então,
que neste Natal ninguém cante parabéns para o Menino Jesus, nem fique com
inveja dos pastores e dos magos… Também
para nós hoje nasceu um Salvador: o Cristo ressuscitado, glorioso, que
recebemos no seu Corpo e Sangue e cujo mistério celebramos
nos gestos, palavras e símbolos da liturgia!
https://pt.aleteia.org/2018/11/30/o-natal-nao-e-a-festa-de-aniversario-de-jesus-2/
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