REFLEXÃO DOMINICAL III
LEITURAS: Nm 6,22-27; Gl 4,4-7; Lc
2,16-21
Neste
dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, todas importantes.
Elas iluminam o mistério da encarnação que celebramos no Natal. Deus se fez
homem e veio habitar entre nós em seu Filho Jesus Cristo. Jesus é o centro de
nossa fé, porém, existe alguém, que faz parte de forma especial deste centro. É
Maria sua mãe.
Celebra-se, neste primeiro dia do ano,
a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. Somos convidados a contemplar a
figura de Maria, aquela mulher que, com sua disponibilidade, o seu “sim” ao projeto de Deus,
nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.
Maria
é a porta pela qual entra no mundo nosso Salvador Jesus Cristo. Nós o
encontramos como os pastores, no colo de sua mãe. A figura de Maria, aparece
como exemplo de fé e esperança para nós. Ela ouvia a Palavra e a meditava no
silêncio de seu coração, a fim de estar sempre sintonizada com a vontade de
Deus.
Também
hoje celebra-se, o Dia Mundial da Paz. Em 1968, o Papa São Paulo VI propôs aos
homens de boa vontade que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo. No primeiro
dia do ano civil invocamos a paz de Deus sobre nós: é o início de uma caminhada
a ser percorrida de mãos dadas, com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos
cumula com sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.
Na
primeira leitura, sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus na nossa
história e, recorda-nos que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude.
Lá no AT esta oração/invocação da benção de Deus, suplica que Ele volte sua
face misericordiosa sobre nós. Mas ninguém poderia ver a Deus e nem pronunciar
seu nome.
Em
Jesus Cristo esta benção se concretiza: Jesus é a imagem do Deus vivo, a quem
ninguém jamais viu, Ele é a nossa Paz, á a face misericordiosa de Deus que se
manifesta a nós, exigindo de nós uma resposta. Qual a resposta que você dá a
esta manifestação de Deus em Jesus?
Na
segunda leitura, a liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu
Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e do pecado,
para os tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres
e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe “abbá” (“papai”).
O
Evangelho mostra como a chegada do projeto libertador de Deus (que se tornou
realidade plena no nosso mundo através de Jesus) provoca alegria e felicidade
naqueles que não têm acesso à salvação: os pobres e os marginalizados.
Convida-nos também a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio
libertador de Deus para nós.
E
aí então novamente Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro, o
encontro da Humanidade com Jesus, é modelo para nós. Ela foi sensível ao
projeto de Deus, soube ler os seus sinais na história, aceitou acolher a
proposta de Deus no coração e colaborou com Deus na concretização do seu
projeto de salvação para o mundo.
Encerramos
o ano de 2020 com um saldo triste de mortes e dificuldades de toda ordem, mas a
esperança não pode morrer. Em Jesus a vida venceu a morte e sua mãe Maria é a
primeira testemunha da fé na vitória da vida sobre a morte. Somos desafiados a
iniciar este ano confiando, esperando e agindo em favor do Reino de Deus.
Hoje
os novos prefeitos e vereadores tomam posse de seus cargos que são serviços em
favor do povo. Rezemos para que se comportem como servidores do povo. Que
possam implementar políticas públicas em favor de toda a população, em especial
a mais carente. Que hajam com responsabilidade e dignidade que o cargo exige.
Esta
pandemia evidenciou o abismo profundo que divide nosso Brasil em ricos e
miseráveis. O desemprego, a fome, o desespero, estão presentes. A Palavra de
Deus exige de nós uma resposta urgente, para sermos promotores da justiça e da
paz, vencendo o mal fazendo o bem, certos de que o Senhor está conosco, caminha
conosco todos os dias.
Somos convidados como Igreja a voltar
para o essencial: Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, os dez mandamentos e a
lei do amor cristão. Somos convidados à uma vida humilde e simples, abrindo
espaço para a solidariedade, pois sabemos que ninguém se salva sozinho. Somos
convidados a cuidarmos uns dos outros. E aqui o modelo que nos é proposto pelo
Papa Francisco é S. José, neste “Ano
de São José”. Ele cuidou da família de Nazaré, que nos ensine a
cuidarmos uns dos outros.
O
povo que estava nas trevas viu uma grande luz: Jesus, o Filho de Deus, nascido
de Maria: “Ele é a nossa paz”( Ef 2,14).
*Dom Pedro Carlos Cipollini – Bispo da Diocese de Santo André
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