REFLEXÃO DOMINICAL I
QUEM SE EXALTA SERÁ HUMILHADO
Lucas
ao iniciar esse evangelho, faz questão de nos dizer que o Fariseu tinha uma
“Ficha Limpa”, era alguém notável, íntegro, de boa índole, uma referência para
a comunidade. Por ser admirado como grande Mestre, Jesus era sempre muito
solicitado para estar á mesa com eles, na casa de algum líder da comunidade. O
texto nos informa que “eles” o observavam, talvez para ver se tinha boas
maneiras, se seguia a risca as determinações judaicas para se tomar uma refeição,
ou simplesmente porque Jesus irradiava algo de sobrenatural, e cada gesto ou
palavra sua, tinham um significado profundo.
Sem
se sentir o centro das atenções e sem querer ser o grande “astro” ou
celebridade, Jesus também se põe a observar o modo como os convidados do
Fariseu escolhiam os primeiros lugares à mesa, e que era naturalmente os mais
próximos ao Dono da Casa. Não sabemos em que lugar Jesus tomou assento, mas
certamente não foi no lugar mais importante, julgando-se pela sua observação...
Penso
ainda, que naquela refeição, Jesus notou que os serviçais tiveram que,
educadamente, tirarem de seus lugares alguns que se julgavam o máximo e que
deles haviam se apossado. Imaginem o “mico” de sair de um lugar mais importante
para sentar-se em outro, menos importante. Vai ver que alguém se apressou em
chamar Jesus para ocupar o lugar principal ao lado do Fariseu Anfitrião. Ao ver
o constrangimento desses convivas, Jesus deve ter esboçado um leve sorriso aos
que estavam ali por perto.
Em
nossas comunidades algo semelhante ocorre nas ações litúrgicas, principalmente
quando se trata da Santa Missa. Os lugares mais próximos do Padre são os mais
visados e disputados nas escalas. Aliás, Liturgia é uma das maiores vitrines da
nossa Igreja, nela os Egos são alisados, e os prazeres e alegrias plenamente
satisfeitos. E quando a Paróquia realiza algum evento, como um Jantar Dançante,
por exemplo, as mesas mais próximas a do Padre são as mais procuradas, ás vezes
até reservadas com antecedência. Há muitas disputas para cargos que “aparecem”,
mas por trabalhos humildes, que ficam quase no anonimato, não há disputas ou
concorrências.
Poderia
se disputar, por exemplo, quem faz mais visitas aos enfermos, aos pobres, aos
presos, quem se doa mais a essas classes sofridas e injustiçadas, às vezes até
dentro da própria comunidade. O que isso nos mostra?
Que
o Amor doação, que se faz serviço desinteressado ao outro, anda meio longe de
nossas comunidades, em certas ocasiões. É nesse sentido que Jesus alerta para
esse perigo em nossas comunidades, onde quem se exalta vai acabar sendo
humilhado, de que jeito? No dia em que a casa cair e todos ficarem sabendo de
suas reais intenções. A humilhação será grande e a pessoa, envergonhada por ser
desmascarada, vai acabar sumindo da comunidade. O que Jesus exalta nesse
evangelho é exatamente a gratuidade nas relações fraternas, uma ajuda, um
trabalho, uma ação feita a favor do outro, e que nada espera de recompensa ou
gratificação. Nessa linha que devemos compreender a exortação de não convidar
pessoas importantes para almoçar em nossa casa, mas sim de pessoas que nunca
poderão retribuir. Jesus não é contra a ideias de acolhermos pessoas queridas
em nossa casa para uma refeição, o que ele ensina é que, a conduta de um
cristão, dentro da comunidade e fora dela, deve ser pautada pelos valores do
evangelho, e não pelas grandezas fantasiosas que o mundo nos propõe. No mundo o
que vale é o TER, na comunidade é o SER.
A
interferência do TER no SER na Vida eclesial resulta em numa comunidade de relações
mercantilizadas, onde cada um busca o benefício próprio e não o Bem Comum.
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0317.htm#msg01
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