A importância da pastoral familiar e da igreja doméstica
Por prof. Felipe Aquino(*)
A Igreja valoriza muito as famílias
fiéis aos ensinamentos do Evangelho, e que dão um testemunho da beleza do
matrimônio indissolúvel e fiel para sempre. A família é a “igreja doméstica”
(LG, 11), sinal na terra do mistério da Santíssima Trindade. “É aqui que se
aprende a tenacidade e a alegria no trabalho, o amor fraterno, o perdão
generoso e sempre renovado, e sobretudo o culto divino pela oração e pelo
oferecimento da própria vida” (Catecismo n. 1657). Pelo sacramento do
matrimônio, cada família torna-se um bem para a Igreja, porque o amor vivido
nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja. Os frutos da vida
familiar tornam insubstituível a vocação da família, tanto para a Igreja como
para a sociedade inteira.
A paróquia é o principal agente da
pastoral familiar. Para uma pastoral voltada para as famílias, é necessário
formar bem os presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, catequistas e
agentes pastorais. O Sínodo sobre a família constatou que “os ministros
ordenados carecem, habitualmente, de formação adequada para tratar dos
complexos problemas atuais das famílias”.
Os
seminaristas deveriam ter acesso a uma formação sobre namoro e matrimônio, não
se limitando à doutrina. É preciso garantir um amadurecimento, durante a
formação, para que os futuros ministros possuam o equilíbrio psíquico que a sua
missão lhes exige. Ao longo da sua vida pastoral, o sacerdote encontra-se
sobretudo com famílias.
Como
melhorar a pastoral familiar?
Da
mesma forma é preciso formar agentes leigos de pastoral familiar, com a ajuda
de psicopedagogos, médicos, assistentes sociais, advogados de família
e outros. Uma boa preparação pastoral é importante nos casos especiais de
violência doméstica e abuso sexual.
A pastoral familiar deve guiar os
noivos no caminho de preparação para o matrimônio, levá-los a descobrir o seu
valor e a sua riqueza, a alegria de uma união plena e que dá à sexualidade o
seu sentido maior, promovendo o bem dos filhos com amadurecimento e educação.
É
necessário lembrar a importância do cultivo das virtudes. Na preparação para
o matrimônio não pode faltar a iniciação
cristã, fortalecendo o matrimônio com o batismo e os outros sacramentos. É
necessário dar aos noivos um renovado anúncio do querigma – Cristo
ressuscitado, nosso único Salvador – preparando-os a receber com as disposições
necessárias o sacramento do matrimônio. São muito úteis para isso os grupos de
noivos e palestras sobre vários temas que ajudem os jovens a viver a fé
católica e amar a pessoa com quem vão se casar.
É
preciso lembrar que os que chegam melhor preparados ao casamento são aqueles
que aprenderam dos seus pais o que é um matrimônio cristão. Os noivos precisam ser preparados também
para verificar as possíveis incompatibilidades e riscos, afim de não insistirem
num relacionamento que possa levá-los a um previsível fracasso que terá
consequências muito dolorosas. O deslumbramento inicial leva a procurar
esconder ou relativizar muitas coisas, evitar as divergências, adiando as
dificuldades para depois.
Amor é decisão
Os
noivos devem ser orientados a expressar um ao outro o que cada um espera do
matrimônio, isso leva-os a entender que somente a atração mútua não será
suficiente para sustentar a união. Amar o outro, mais do que um sentimento é
uma decisão. Diante das deficiências do outro, será necessário aceitar com vontade
firme algumas renúncias, enfrentar os momentos difíceis e as situações de
conflito com serenidade e fé em Deus.
Infelizmente, muitos chegam às núpcias
sem se conhecer. Limitaram-se a divertir-se juntos, a fazer experiências
juntos, mas não enfrentaram o desafio de se manifestar a si mesmos e apreender
quem é realmente o outro, a história da sua vida, seus valores, seus problemas
etc. Quando isso acontece, não é raro que se assustem com o comportamento do
outro depois de casados. É preciso que sejam orientados a se revelarem
mutuamente, com sinceridade, sem camuflar a realidade.
A
preparação dos noivos e o seu acompanhamento deve mostrar-lhes que
o matrimônio não é o fim do caminho, mas o começo de uma vocação, uma
missão, que deve ser realizada com a decisão firme e realista de atravessarem
juntos todas as provações e momentos difíceis. Para isso, ajuda os recursos práticos,
os conselhos bem encarnados, estratégias tomadas da experiência, orientações
psicológicas, bons testemunhos etc.
E nunca se deve esquecer de lhes propor a confissão sacramental, que permite
colocar os pecados e os erros da vida passada e da própria relação sob o perdão
misericordioso de Deus e da sua força curadora.
Na celebração do
matrimônio, o amor deve estar acima de tudo
Um
aspecto a ser observado é a preparação da celebração; muitas vezes, os noivos
chegam exaustos ao casamento por causa das providências das festas, em vez de
dedicarem o melhor das suas forças a preparar-se como casal para o grande passo
que, juntos, vão dar. O Papa Francisco pede:
“Queridos noivos, tende a coragem de
ser diferentes, não vos deixeis devorar pela sociedade do consumo e da
aparência. O que importa é o amor que vos une, fortalecido e santificado pela
graça. Vós sois capazes de optar por uma festa austera e simples, para colocar
o amor acima de tudo.”
Os agentes pastorais e toda a
comunidade podem ajudar para que esta prioridade se torne a norma e não a
exceção.
Na
preparação mais imediata, os noivos precisam entender os sentido da celebração litúrgica e
viver o significado de cada gesto. A união deles simboliza, na terra, a união
de Cristo com sua Esposa, a Igreja (Ef 5,25). É necessário salientar que
aquelas palavras que eles dizem na celebração implicam o futuro: “até que a
morte vos separe”. O sentido do consentimento mútuo são promessas a serem
mantidas. A honra à palavra dada e a fidelidade à promessa não se podem ser
quebradas. É um compromisso que dura a vida inteira. Os efeitos da celebração
matrimonial
continuam por toda a vida do casal.
A meditação das leituras bíblicas
enriquecem a compreensão do significado das alianças que trocam entre si. Não é
bom chegarem ao matrimônio sem ter rezado juntos, um pelo outro, pedindo ajuda
a Deus para serem fiéis e generosos, consagrando o seu amor diante duma imagem
de Maria. Jesus disse: “Sem Mim nada podeis fazer” (João 15,5).
Momentos de oração
É
preciso dizer-lhes que sem a ajuda da oração os noivos não manterão o amor e a
fidelidade conjugal. Quem os acompanha na preparação do matrimônio deveria
orientá-los para que saibam viver esses momentos de oração, que
lhes podem fazer muito bem.
Frequentemente,
o celebrante tem a oportunidade de se dirigir a uma assembleia formada por
pessoas que participam pouco na vida da Igreja ou pertencem a outra confissão cristã
ou comunidade religiosa. Trata-se, pois, duma preciosa ocasião para anunciar o
Evangelho de Cristo.
As
famílias cristãs são, pela graça do sacramento nupcial, os sujeitos principais
da pastoral familiar, sobretudo oferecendo o testemunho dos cônjuges e das
famílias, igrejas domésticas. A Igreja, que
prega sobre a família, é, como Jesus, “sinal de contradição”, que condena todas
as ameaças que hoje são lançadas contra a família: aborto, eutanásia,
adultério, casamento de pessoas do mesmo sexo, famílias alternativas etc.
Não basta uma genérica preocupação
pela família nos grandes projetos pastorais para que as famílias possam ser
sujeitos cada vez mais ativos da pastoral familiar, é necessário um esforço
evangelizador e catequético dirigido à família.
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(*)Professor Felipe
Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o
programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o
programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de
aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação
católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do
professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino
https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/casamento/a-importancia-da-pastoral-familiar-e-da-igreja-domestica/
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