SANTO AGOSTINHO E A VIDA CONSAGRADA
1. Espiritualidade Agostiniana
A
espiritualidade da Ordem é eminentemente agostiniana, pois a Recoleção é um
movimento dentro da Ordem de Santo Agostinho; é um brote do tronco agostiniano.
Os documentos são e continuaram sendo a Regra de Santo Agostinho e a Forma de
Viver.
Dois
são os elementos essenciais da Ordem: o Agostiniano e o Recoleto. O primeiro
elemento nos faz descendentes, herdeiros e continuadores de Agostinho de
Hipona; o segundo nos compromete a viver uma vida de oração, recolhimento
comunitário e apostolado.
Um
agostiniano deve procurar cultivar em si os aspectos que alimentaram a vida
espiritual do Bispo de Hipona:
1. Elemento
Cristológico:
Cristo era para Agostinho o centro de sua vida. Quando leu o Hortensio se
desilusionou porque não encontro nele o nome de Cristo. Quando aparecem os
maniqueus se adere a eles porque prometem ajudá-lo a buscar a verdade.
2. Elemento
eclesial:
Agostinho sempre esteve ao serviço da Igreja; não quis ser sacerdote mas
aceitou porque os fieis lhe pediram; tampouco desejava o episcopado e aceitou
por obediência. Desejava viver unicamente uma vida de comunidade com seus
irmãos, porem, dedicou-se primeiramente ao cuidado de sua diocese de Hipona.
3. Elemento
da caridade: no
entendimento e vivencia dele como virtude que modera todos os exercícios de
ação e contemplação. Daí a insistência do santo em ter uma só alma e um só
coração dirigidos para Deus.
4. Elemento
comunitário:
Agostinho esta inspirado para uma vida em comum. Ser comunidade é algo
essencial para o agostiniano, por tanto, viver em comunidade deve ser sua
principal aspiração.
2.
Espiritualidade Recoleta
A
Recoleção é um processo ativo e dinâmico através do qual o homem ferido pelo
pecado e movido pela graça, entra dentro de si onde encontra a Deus esperando-o
e, iluminado por Cristo, mestre interior, se transcende a si mesmo, se renova
segundo a imagem do homem novo que é Cristo e se pacifica na contemplação da
Verdade.
O
especial da vocação Agostiniana Recoleta é uma continua conversão a Cristo. Só
com ajuda de Cristo, mediante uma purificação pela humildade, o homem pode
entrar dentro de si mesmo onde encontrará os valores eternos, reencontra Cristo
e reconhece aos irmãos. Esta interiorização é o principio de toda piedade. Esta
é a Recoleção, recolhimento, da forma de viver, caminho que leva diretamente à
contemplação, à comunidade e ao apostolado.
A
Recoleção nasce sob o impulso de alguns religiosos a uma maior perfeição de
vida: Entre as diversas famílias religiosas encontra-se a Ordem dos
Agostinianos Recoletos.
No
século XVI, alguns religiosos agostinianos da Província de Castela,
impulsionados por um especial carisma coletivo, desejariam viver, com fervor
renovado e com novas normas, a forma de vida consagrada que Santo Agostinho
fundou na Igreja, iluminou com sua doutrina e ordenou na sua santa Regra.
Os
Padres Vogais do Capítulo de Toledo (1588), conscientes desta inspiração divina
e não querendo opor-se ao Espírito Santo, determinaram que se escolhessem ou
fundassem algumas casas nas quais fosse observada a nova forma de vida, segundo
as normas que o definitório provincial desse para esta Reforma “que a piedade
do Senhor suscitava, enviando seu Espírito”.
3.
Consagração dos irmãos
O
chamamento e a consagração comprometem o religioso a uma doação total a Deus, a
uma imitação e a um seguimento mais livre e mais radical de Cristo, vivendo
mais para ele e para seu Corpo, que é a Igreja.
Os
religiosos da Ordem, em comunhão de caridade com os irmãos, caminham para a
consagração perfeita, que será a comunhão com o Pai e com o Filho Jesus Cristo.
4.
Comunidade orante
A oração
ajuda os religiosos a descobrir a presença misteriosa de Deus no coração dos
homens, para amá-los como irmãos. O Espírito de Jesus faz perceber, por meio da
oração, as manifestações do amor de Deus na trama dos acontecimentos; desta
forma, conseguir-se-á a síntese necessária entre orarão e vida.
A
celebração da Eucaristia é o ato principal de cada dia, no qual a comunidade
dos irmãos encontra-se reunida diante do altar de Cristo e anuncia a morte e
ressurreição do Senhor.
Em
todas as nossas casas celebrar-se-á digna e diariamente em comum a Liturgia das
Horas. Em todas as casas haverá em comum meia hora de oração mental. A outra
meia hora será feita no tempo e na forma que o Ordo Domesticus indicar.
Todas
as comunidades e cada religioso amem filialmente e procurem imitar a Santíssima
Virgem Maria, Mãe de Deus, em cuja proteção se apóia a recoleção agostiniana.
Depois
da Liturgia das Horas, deve ser considerado como uma das mais eficazes orações
o terço, que será rezado diariamente, assim como o Angelus. Nos sábados e
festas litúrgicas da Santíssima Virgem e na solenidade de São José cantem-se em
comum a “Salve Rainha” e a antífona “Joseph”.
A
devoção e o culto a São José, especial protetor da Ordem, constitua também
parte da espiritualidade agostiniano-recoleta. Também sejam dadas particulares
demonstrações de piedade filial a nosso Pai Santo Agostinho e medite-se o
conteúdo de sua Regra e de sua doutrina espiritual e religiosa.
5.
Comunidade penitente
A
virtude da penitência exercita-se principalmente no cumprimento fiel e
constante do dever, na aceitação das dificuldades que dimanam do trabalho e do
contato com os homens e finalmente suportando com paciência e amor as
vicissitudes desta vida transitória, da enfermidade e da morte.
Os
irmãos façam todos os dias seu exame de consciência e aproximem-se
freqüentemente do sacramento da Penitencial.
Ouvindo
a Jesus Cristo que convida a negação de si mesmo, a tomar a cruz e a segui-lo,
os irmãos, além de cumprir as penitências impostas pela lei eclesiástica, pratiquem
outros atos de mortificação, especialmente nas sextas-feiras do ano,
quartas-feiras da quaresma e no sábado santo.
6.
Os irmãos doentes
São
o tesouro da comunidade, pois, pela oblação de si mesmos, dilatam, com
misteriosa fecundidade, as obras de apostolado. Os Superiores atendam com toda
caridade, de acordo com as necessidades de cada um, os doentes e anciãos,
dando-lhes conforto e coragem, “com a certeza de que servem o próprio Deus”.
Tenham
todo o cuidado para que não lhes faltem os sacramentos da Penitência e
Eucaristia.
7.
Os irmãos defuntos
Quando
morrer um irmão, professo ou noviço, a comunidade a que pertence celebre Missa
exequial e uma Missa no primeiro aniversário de sua morte. Todos os sacerdotes
da Ordem ofereçam uma Missa por ocasião da morte de cada religioso.
Todos
os anos celebrem-se em todas as casas da Ordem três aniversários gerais de
defuntos: primeiro, pelos familiares e parentes dos religiosos; segundo, pelos
benfeitores defuntos. Terceiro, por todos os irmãos e irmãs defuntos da Ordem.
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