REFLEXÃO
DOMINICAL III
VIVER HOJE O “AMANHÔ
Ser
santo não é uma decisão do homem mas uma resposta ao convite que Deus nos faz
em Jesus Cristo: Sede perfeitos como o vosso Pai é perfeito! Perfeição nesse
sentido, nunca foi e nem será o forte do homem, feito de barro, vulnerável ao
pecado, sujeito a tantas fraquezas, marcado por tantas limitações. Se santidade
fosse isso, Deus seria o maior dos injustos, pois é o mesmo que um homem
perfeito sair em disparada e pedir para que um deficiente físico o acompanhe
nessa corrida.
Nunca
teríamos a menor chance de ser santos. Há ainda outra corrente que acha que a
santidade é apenas para alguns, que têm uma conduta exemplar, são pacientes,
tolerantes, dóceis, calmos, prestativos, solidários, educados, nunca perdem a
cabeça e o equilíbrio, nunca reclamam de nada e aceitam tudo, sendo bondosos o
tempo todo. De pessoas assim, é melhor manter distância e ser cauteloso, porque
me dizia um padre muito amigo, o santinho de hoje pode ser o diabinho de
amanhã!
Ser
calmo ou ter os nervos a flor da pele, ter equilíbrio emocional, demonstrar
serenidade, ser amável e dócil, ser prestativo e educado, sem dúvida que são
belas virtudes, mas não necessariamente um indicativo de santidade, pois
conheço histórias de grandes santos que eram bem temperamentais. Há ainda outro
conceito perigoso de santidade, que é ter o poder de realizar coisas
prodigiosas, os chamados milagres. Conheço pessoas descrentes de Deus e da
igreja, e que, contudo praticam essas virtudes. E já tive conhecimento de curas
operadas por pessoas de outras correntes religiosas, até opostas ao cristianismo.
A
ideia de que santidade é coisa restrita de alguns homens e mulheres especiais,
parece-me um tanto quanto equivocada, pois o visionário do apocalipse afirma
categoricamente na primeira leitura, que se trata de uma multidão, de onde se
conclui facilmente, que santidade é uma proposta de vida que Deus faz a toda
humanidade, onde Jesus Cristo é o modelo e a referência máxima, nele a gente se
encontra como Filho de Deus, não mais desfigurado pela corrupção do pecado, mas
liberto, vitorioso e perfeito como fomos criados e concebidos pelo Pai. Somente
Nele, com ele e por ele seremos santos! Mas encontrei nas leituras dessa
"Festa de Todos os Santos", uma definição ainda mais bonita e
completa do que é a Santidade - "Viver hoje o amanhã".
É
preciso ter os pés no chão, pois uma coisa é enfrentar com coragem os desafios
do presente e buscar soluções concretas, o outro é camuflar a situação, fazendo
uma belíssima coreografia, sem mudar o cenário! É maquiar para parecer belo! A
copa do mundo que vai acontecer no Brasil em 2014, será um desses momentos, de
grande ilusão e utopia. Já se está vendendo a imagem de um País que é um
paraíso...
As
bem-aventuranças proclamadas solenemente por Jesus, no alto de um monte, são
profundamente realistas: a Primeira e a Oitava, trazem o verbo no presente,
"...porque deles é o Reino dos Céus", ao passo que as demais, usam o
verbo no futuro, "porque serão, verão, alcançarão...". Ser pobre em
espírito é fazer de Deus a sua única riqueza, é possuir já nesta vida a plenitude
da vida futura. É ser discípulo e estar em constante aprendizado a partir do
evangelho, vivendo hoje tudo o que cremos e esperamos no amanhã. Esta postura
diferente trará incompreensão e perseguição mas em compensação, a alegria será
verdadeira, porque não se fundamenta naquilo que se vê, mas sim no que se
espera.
Jesus
Cristo trouxe o futuro até nós, sendo precisamente esta crença e esperança que
nos faz ter uma identidade própria, fomos marcados para fazer a diferença neste
mundo tão descrente, que não consegue vislumbrar a Vida Nova, para a qual fomos
destinados por Deus, desde o início da Criação.
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0349.htm#msg02
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