III-
Liturgia da Solenidade de Todos os Santos– Ano B
A
celebração de Todos os Santos costuma ser celebrada no domingo mais próximo de
1ª de novembro. A Igreja quis lembrar todos aqueles que, em vida, souberam
viver o Evangelho e a fé em Cristo Jesus de forma intensa. Eles são lembrados
pela Igreja, pois estão presentes na fé do seu povo.
É
importante lembrar que aqueles que nos precederam na Glória de Deus não são
pessoas “não humanas”. Ser Santo não é ser um super-herói. Os santos e santas
não fizeram coisas fantásticas e extraordinárias quase não humanas. Não possuem
nenhum poder sobrenatural como vemos nos filmes. Quase sempre, tiveram uma vida
comum e simples como a maioria de nós.
Por outro lado, são pessoas especiais em tudo que
fizeram. Enfrentaram as dores de um modo diferente e venceram tentações e
desafios de uma forma extraordinária. Foram pessoas com os pés bem firmados na
história do seu povo, mas com o coração junto de Deus. Pessoas que viam a vida,
mesmo aquela mais sofrida, com um olhar de fé e esperança e jamais perderam a
esperança do céu. A Igreja reconhece uma pessoa como santo/santa por
causa de sua vida e não tanto pelos milagres que esses conseguem junto de Deus.
Os milagres são sinais que confirmam a vida que tiveram.
Esses irmãos e irmãs, que acreditamos que já estão
junto de Deus, não foram pessoas que viveram longe do mundo e fora da
realidade, pelo contrário. Foram homens e mulheres do seu tempo e mergulhados
na realidade humana. Foram pessoas sensíveis ao sofrimento humano e com os
desafios da Igreja. Foram pessoas profundamente mergulhadas em Deus e
profundamente mergulhadas na realidade humana. Em vida, estavam tão próximas de
Deus, porque aprenderam a encontrá-Lo em cada pessoa neste mundo. E, depois
desta vida, acreditamos que continuam sua intercessão junto a Jesus. O
caminho da santidade está na fé em Cristo, a qual se traduz em amor e
misericórdia. A estrada que nos conduz ao céu passa, necessariamente, pelas
pessoas que encontramos.
As
leituras da festa de Todos os Santos nos mostram que a santidade de tantos que
estão no céu é fruto de muita “luta”, não comodismo; de pessoas que saíram e
enfrentaram situações extremas; não foram sinais de morte e de violência, mas
de presença de Deus (amor).
São os “selados” (sinal do Batismo) do Apocalipse
da 1ª leitura e a “multidão incontável” que derramou seu sangue por causa do
Cordeiro de Deus: os mártires. Assim, o sinal da não-santidade não é o
pecado, mas o comodismo: se contentar com um mínimo para Deus.
É Jesus que nos ensina o modo de como podemos
entrar neste caminho de santidade. O discurso das bem-aventuranças encontra-se
no início do evangelho de Mateus (e Lucas). Jesus vê as multidões e ensina os
discípulos. As bem-aventuranças nascem do olhar de Jesus para as multidões.
As bem-aventuranças começam com “bem-aventurados
os pobres em espírito”. É uma pobreza assumida como projeto de vida,
semelhante a vida de Jesus. “Porque deles é o reino dos céus”: o
reino é dos pobres, porque o Rei se fez pobre! “Bem-aventurados os que
choram (aflitos)”: são aqueles que choram junto com aqueles que
sofrem; choram pelas dores e sofrimentos impostos a tantos irmãos. “Bem-aventurados
os mansos”: mansidão é o rosto de Deus, da face do amor e da paz que
tem o poder de transformar a terra e implantar o reino de Deus. “Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça”: como alimento que nutre e é
fundamental, feliz o discípulo que se alimenta e não pode viver sem a
justiça. “Bem-aventurados os misericordiosos”: a misericórdia
é o amor de Deus transformado em gesto; mãos que tocam e abraçam, que tornam o
amor de Deus concreto e visível. “Bem-aventurados os puros de coração”:
coração é o mais profundo do nosso ser; onde Deus faz morada e deve reinar;
quando Deus toma posse, transforma a pessoa e ela exala o perfume do bom odor
da presença de Deus. “Bem-aventurados os que promovem a paz”: não
paz como ausência de sofrimento, mas presença total de Deus. Por fim, “Bem-aventurados
os perseguidos por causa da justiça”: lutar pelo bem das pessoas, para
que tenham dignidade, igualdade e possam realmente viver a condição de filhos e
filhas de Deus. Esta última é semelhante a primeira.
As bem-aventuranças não são mandamentos e nem uma
imposição por parte de Jesus, mas são um plano de caminhada de santidade que
inicia aqui e se torna pleno no céu!
https://arquidiocesepa.org.br/reflexao-solenidade-de-todos-os-santos-ano-b-07-de-novembro/
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