sábado, 16 de novembro de 2024

- III- Liturgia do 33.º Domingo do Tempo Comum– Ano B;

 

II-          III- Liturgia do 33.º Domingo do Tempo Comum– Ano B;

- A liturgia de hoje já nos aponta para a realidade que no próximo domingo celebraremos: Cristo é o princípio e o fim da história. Para Ele se encaminham todas as coisas; a "meta" a ser alcançada. O fim de todas as coisas é a plenitude em Cristo Jesus. Ele é o sumo sacerdote ideal, pois o seu sacrifício único e irrepetível eliminou para sempre o pecado do mundo. O perdão, conseguido em seu sacrifício, é graça que se derrama continuamente na história, santificando os que são seus e que se trilham o seu caminho de salvação. Ele agora apenas espera o tempo que o Pai determinou "até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés".

- A linguagem da liturgia de hoje é apocalíptica, tanto na primeira leitura quanto no Evangelho. Mas, é preciso que entendamos bem o que isso significa. Apocalipse significa "Revelação" e com este estilo literário o autor sagrado procura apresentar às comunidades o que Deus lhes revelou sobre as realidades que as mesmas comunidades estavam vivendo. A literatura apocalíptica não é para despertar medo nas pessoas, mas a esperança. O povo deve confiar que Deus é o Senhor da História, e que Ele a conduz para a redenção (salvação) destruindo o mal.

 - Na primeira leitura, o profeta Daniel, falando ao povo exilado, que vive tempos difíceis, e que ele chama de "tempo de angústia", anuncia a intervenção de Deus na figura do Arcanjo Miguel que será enviado ao povo. Não é em outro, mas "nesse tempo, teu povo será salvo, todos os que se acham inscritos no Livro". O profeta anuncia também a intervenção divina aos que já morreram: "despertarão, uns para a vida eterna, outros para o opróbio eterno". O profeta sublinha, com seu anúncio, que mesmo com as dificuldades daquele tempo de angústias, de perseguição e injustiças, este é o tempo da salvação, e não outro. É na tribulação que a fidelidade do povo é comprovada. "Os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento, e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude, brilharão por toda a eternidade". O caminho para a salvação é observar aquilo que orienta o Senhor em sua Lei.

 - Jesus, no Evangelho, também usando uma imagem do profeta Daniel, do "Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória" (cf. Dn 7,13-14), afirma a soberania de Deus sobre todas as coisas e que tudo terá o seu fim n'Ele, neste Filho do Homem que tem o poder sobre toda a criação. As imagens são dramáticas "depois da grande tribulação, o sol vai escurecer, e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas". Jesus fala desta realidade terrena, sobre a qual os homens se apoiam e que, por muitas vezes exaltam como deuses, à revelia do verdadeiro Deus. Lembremos que o imperador romano se identificava como o deus-sol; as demais estrelas eram entendidas como divindades e justificavam o poder sobre os demais. O imperador romano perseguia e matava os cristãos. Com esta Palavra, Jesus anima os seus a perseverarem e não desanimarem diante desta aparente vitória dos poderes do mal. Na verdade, tudo está de acordo com o que o Pai, desde sempre preparou ao delimitar os rumos da história. Enquanto tudo acontece, saibamos que o Senhor é quem tem o poder sobre tudo, inclusive sobre aqueles que pensam deter o poder sobre os outros, que lhes causam sofrimento e dor, que promovem a injustiça e a destruição do ser humano. Não são estes que pensam ter o domínio dos rumos da história que a detém de fato. Tudo isso, na verdade, vai passar, assim como a nossa própria vida vai passar. Mas, devemos, todavia, ficar atentos em relação a qual lado nós estamos: se do lado de Deus e de sua palavra que jamais passará, ou se estamos do lado das forças deste mundo que, naquele dia, serão abaladas e destruídas. Assim como profetizou Daniel, é preciso que tenhamos sabedoria para escolher aquele de quem e para quem se conduz toda a história. Quando Ele enviar Miguel e todos os seus anjos, aos quatro cantos da terra e reunir os eleitos, estejamos nós entre aqueles que escolheu. Somos os eleitos de Deus pelo Batismo, mas precisamos perseverar na graça que recebemos até o fim, sem dela desviar ou desanimar, para que sejamos guardados e refugiados para sempre em Deus, como cantamos no Salmo.

- O salmista, aliás, não teme nada, pois confia que o seu destino está seguro nas mãos do seu Senhor. Ele sabe que Deus está sempre perto, por isso, não desanima de trilhar o caminho do bem e da salvação. Sua confiança o leva a não temer nem mesmo a morte: "Eis por que meu coração está em festa, minha alma rejubila de alegria, e até meu corpo no repouso está tranquilo, pois não me haveis de me deixar entregue à morte". Por fim, com o salmista devemos seguir o que ensina o Senhor, pois o seu caminho é de vida, de felicidade sem limites, delícia eterna e alegria para sempre.

- O cristão, portanto, ao ser diariamente bombardeado por notícias de guerras, injustiças, tragédias e maldades cada vez mais inomináveis, não é aquele que se desespera, ou que desanima do bem, mas é o que sabe ver, mesmo nestas experiências de dor e angústia, aquele sinal da figueira de que fala Jesus no Evangelho: está se aproximando o tempo da colheita. Não necessariamente porque o mundo vai acabar, mas é porque nestes tempos de dificuldades que os fiéis seguidores de Deus, do Evangelho, os peregrinos da esperança, devem se levantar para amenizar a dor do mundo e começar, desde já, a construção de um mundo novo, do novo céu e da nova terra, que terá a sua realização plena em Deus. É Deus quem realizará esta obra, mas devemos nós também oferecer a nossa ajuda e a nossa disposição de trilhar com Ele este caminho de plenitude.

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