VIII-
REFLEXÃO DOMINICAL II:
"JUIZO FINAL"
Novamente
recorro á imaginação para fazer algumas perguntas ao texto, como ensinou um dos
meus professores de Teologia, só que de maneira mais ousada, abordei o próprio
autor do evangelho, que é o nosso conhecidíssimo São Marcos. Disse a ele que,
alguém menos desavisado, ou que fizer uma leitura fundamentalista, por certo
vai entrar em pânico com as palavras que Jesus diz logo no início do evangelho
desse Domingo, “depois de uma tribulação o sol vai escurecer, a lua não dará o
seu resplendor ( acho que naquele tempo ainda não sabiam que a lua é um
satélite, sem luz própria), os astros que estão no céu despencarão cá prá baixo
e as potestades serão abaladas ”Convenhamos que é um cenário terrível, uma
catástrofe igual aquele filme do Armagedon. Com uma narrativa dessas, os
cardíacos e os que têm problemas emocionais, , vão morrer na véspera, de susto!
Ainda
no meu imaginário, Marcos esboça um sorriso e balança a cabeça explicando-me
que esse é um modo de dizer as coisas, e que os estudiosos chamam de linguagem literária,
e nesse caso é denominado de “Apocalíptica” e interpretá-la literalmente seria
grande idiotice, porque então, o nosso Deus Criador, rico de amor e
misericórdia por todos os séculos, em um determinado momento da história, vai
estar mal humorado, e como um garotinho temperamental, destruirá a Obra da
criação, que ele fez com tanto gosto e amor?Para quem conhece bem o nosso Deus,
revelado em Jesus Cristo, basta fazer essa pergunta, cuja resposta desfaz
qualquer mal entendido. Mas então, o ser humano nunca será cobrado pelos seus
atos de maldade, vai ficar assim, elas por elas? Claro que não!
Todo
homem, após a morte, terá um juízo particular diante de Deus, na linguagem
futebolística, vai ficar no “mano a mano” com o Onipotente, Poderoso,
Onipresente e Onisciente e depois de conhecer a sua sorte, irá aguardar pelo
último dia, como ensina a Doutrina da Santa Igreja. Para dizer isso, e chamar a
atenção dos seus ouvintes, os Mestres no tempo de Jesus, costumavam usar um
estilo de comunicação, que causava impacto, obrigando seus ouvintes a
refletirem e voltarem-se para Deus. É um alerta, um aviso, de que a Vida que
Deus nos deu, não é só o que vemos, apontando-nos assim para uma realidade
escatológica ( final dos tempos) . Infelizmente nos dias de hoje, certos
pregadores de “araque” usam essa literatura apocalíptica, também presente n o
A.T, para fazerem o chamado “terrorismo religioso”.
Prestemos
atenção no versículo que se segue a catástrofe anunciada “Então verão o Filho
do Homem voltar sobre as nuvens com grande poder e glória... A chegada de
alguém poderoso e importante é sempre anunciada de maneira solene e ruidosa,
batidas da lança no chão, toque de trombeta, rufar de tambores, aliás, dia
desses ouvi um anúncio em um carro de som, sobre um evento, e o sujeito dizia
que “O chão vai tremer”, e nem por isso alguém entrou em pânico por causa
disso, mas quando de trata da palavra de Deus revelada, esquecemos o gênero
literário e interpretamos literalmente, essa literatura tem este modo próprio
de dizer que no final da História da Humanidade, algo de grandioso irá ocorrer,
e para os que creem, é exatamente o que esperam, afinal há em todos nós uma
interrogativa sempre presente: Até quando o mal vai imperar?
Para
o nosso Deus presente em Jesus, com todo o seu resplendor e glória, Senhor
absoluto de todas as coisas e todas as criaturas, a gente não ia querer que no
dia da sua volta, ele caísse de pára-quedas na humanidade e dissesse, “Olha aí
meu povo, eu voltei viu, vim para confirmar tudo o que ensinei lá no início,
aos meus discípulos que depois formaram a minha igreja. O Evangelho não fala de
um momento qualquer na história da humanidade, mas tenta narrar como será este
segundo julgamento, quando o Reino de Deus, desacreditado por muitos, se
tornará visível e real, para sempre e toda a humanidade, do passado, desde os
primórdios da história, estará diante de Jesus, para o capítulo final.
Para
quem apostou suas fichas nas forças do mal, contrárias a Jesus e seu Reino,
claro que esse dia será terrível, mas não é esta a mensagem principal do nosso
evangelho, Marcos não quer que a comunidade entre em pânico, ao contrário,
diante de discípulos abatidos e desanimados, é como se Jesus estivesse falando
“Olha meus irmãos, no final tudo vai dar certo, e a glória do Pai envolverá a
todos os homens, no início de um tempo novo, de uma nova realidade de alegria e
felicidade plena na comunhão com o Pai”.
Claro
que nem toda humanidade irá desfrutar desse tempo novo, os anjos irão pelos
quatro cantos da terra para reunir os escolhidos. Que critério Deus usa para
essa escolha? O amor, que respeita o Livre Arbítrio de cada homem, criado á sua
imagem e semelhança, que toma decisões e faz escolhas todo dia, na liberdade
que Jesus concedeu. Essas decisões e escolhas que se faz a todo dia e a cada
momento, não deverá prescindir dos sinais do reino, presente em nosso meio, são
sinais que pertencem a uma ordem - sobrenatural e que, portanto supõe um
testemunho de Fé, pois todos eles convergem para Jesus e a sua igreja, esse
Jesus que nos visitou com o mistério da encarnação, mostrou-nos o caminho, a
verdade e a vida, que é ele próprio.
Ele
é nosso Deus e Único Senhor, edificou o seu Reino em nosso meio e no momento
oportuno, que só o Pai sabe, voltará para a grande festa e nesse dia, o mal
enraizado no coração do homem, será arrancado com raiz e tudo, e o Bem Supremo
reinará para sempre, soberano e majestoso em Jesus Cristo, e todos os que
fizeram a opção por ele, nesta vida terrena, diante de quem tudo é transitório
e passageiro, até o céu e a terra... (33º. Domingo do Tempo Comum)
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0296.htm#msg02
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