sábado, 16 de novembro de 2024

VIII- REFLEXÃO DOMINICAL II: "JUIZO FINAL"

 

 

VIII-  REFLEXÃO DOMINICAL II:

"JUIZO FINAL"

Novamente recorro á imaginação para fazer algumas perguntas ao texto, como ensinou um dos meus professores de Teologia, só que de maneira mais ousada, abordei o próprio autor do evangelho, que é o nosso conhecidíssimo São Marcos. Disse a ele que, alguém menos desavisado, ou que fizer uma leitura fundamentalista, por certo vai entrar em pânico com as palavras que Jesus diz logo no início do evangelho desse Domingo, “depois de uma tribulação o sol vai escurecer, a lua não dará o seu resplendor ( acho que naquele tempo ainda não sabiam que a lua é um satélite, sem luz própria), os astros que estão no céu despencarão cá prá baixo e as potestades serão abaladas ”Convenhamos que é um cenário terrível, uma catástrofe igual aquele filme do Armagedon. Com uma narrativa dessas, os cardíacos e os que têm problemas emocionais, , vão morrer na véspera, de susto!

Ainda no meu imaginário, Marcos esboça um sorriso e balança a cabeça explicando-me que esse é um modo de dizer as coisas, e que os estudiosos chamam de linguagem literária, e nesse caso é denominado de “Apocalíptica” e interpretá-la literalmente seria grande idiotice, porque então, o nosso Deus Criador, rico de amor e misericórdia por todos os séculos, em um determinado momento da história, vai estar mal humorado, e como um garotinho temperamental, destruirá a Obra da criação, que ele fez com tanto gosto e amor?Para quem conhece bem o nosso Deus, revelado em Jesus Cristo, basta fazer essa pergunta, cuja resposta desfaz qualquer mal entendido. Mas então, o ser humano nunca será cobrado pelos seus atos de maldade, vai ficar assim, elas por elas? Claro que não!

Todo homem, após a morte, terá um juízo particular diante de Deus, na linguagem futebolística, vai ficar no “mano a mano” com o Onipotente, Poderoso, Onipresente e Onisciente e depois de conhecer a sua sorte, irá aguardar pelo último dia, como ensina a Doutrina da Santa Igreja. Para dizer isso, e chamar a atenção dos seus ouvintes, os Mestres no tempo de Jesus, costumavam usar um estilo de comunicação, que causava impacto, obrigando seus ouvintes a refletirem e voltarem-se para Deus. É um alerta, um aviso, de que a Vida que Deus nos deu, não é só o que vemos, apontando-nos assim para uma realidade escatológica ( final dos tempos) . Infelizmente nos dias de hoje, certos pregadores de “araque” usam essa literatura apocalíptica, também presente n o A.T, para fazerem o chamado “terrorismo religioso”.

Prestemos atenção no versículo que se segue a catástrofe anunciada “Então verão o Filho do Homem voltar sobre as nuvens com grande poder e glória... A chegada de alguém poderoso e importante é sempre anunciada de maneira solene e ruidosa, batidas da lança no chão, toque de trombeta, rufar de tambores, aliás, dia desses ouvi um anúncio em um carro de som, sobre um evento, e o sujeito dizia que “O chão vai tremer”, e nem por isso alguém entrou em pânico por causa disso, mas quando de trata da palavra de Deus revelada, esquecemos o gênero literário e interpretamos literalmente, essa literatura tem este modo próprio de dizer que no final da História da Humanidade, algo de grandioso irá ocorrer, e para os que creem, é exatamente o que esperam, afinal há em todos nós uma interrogativa sempre presente: Até quando o mal vai imperar?

Para o nosso Deus presente em Jesus, com todo o seu resplendor e glória, Senhor absoluto de todas as coisas e todas as criaturas, a gente não ia querer que no dia da sua volta, ele caísse de pára-quedas na humanidade e dissesse, “Olha aí meu povo, eu voltei viu, vim para confirmar tudo o que ensinei lá no início, aos meus discípulos que depois formaram a minha igreja. O Evangelho não fala de um momento qualquer na história da humanidade, mas tenta narrar como será este segundo julgamento, quando o Reino de Deus, desacreditado por muitos, se tornará visível e real, para sempre e toda a humanidade, do passado, desde os primórdios da história, estará diante de Jesus, para o capítulo final.

Para quem apostou suas fichas nas forças do mal, contrárias a Jesus e seu Reino, claro que esse dia será terrível, mas não é esta a mensagem principal do nosso evangelho, Marcos não quer que a comunidade entre em pânico, ao contrário, diante de discípulos abatidos e desanimados, é como se Jesus estivesse falando “Olha meus irmãos, no final tudo vai dar certo, e a glória do Pai envolverá a todos os homens, no início de um tempo novo, de uma nova realidade de alegria e felicidade plena na comunhão com o Pai”.

Claro que nem toda humanidade irá desfrutar desse tempo novo, os anjos irão pelos quatro cantos da terra para reunir os escolhidos. Que critério Deus usa para essa escolha? O amor, que respeita o Livre Arbítrio de cada homem, criado á sua imagem e semelhança, que toma decisões e faz escolhas todo dia, na liberdade que Jesus concedeu. Essas decisões e escolhas que se faz a todo dia e a cada momento, não deverá prescindir dos sinais do reino, presente em nosso meio, são sinais que pertencem a uma ordem - sobrenatural e que, portanto supõe um testemunho de Fé, pois todos eles convergem para Jesus e a sua igreja, esse Jesus que nos visitou com o mistério da encarnação, mostrou-nos o caminho, a verdade e a vida, que é ele próprio.

Ele é nosso Deus e Único Senhor, edificou o seu Reino em nosso meio e no momento oportuno, que só o Pai sabe, voltará para a grande festa e nesse dia, o mal enraizado no coração do homem, será arrancado com raiz e tudo, e o Bem Supremo reinará para sempre, soberano e majestoso em Jesus Cristo, e todos os que fizeram a opção por ele, nesta vida terrena, diante de quem tudo é transitório e passageiro, até o céu e a terra... (33º. Domingo do Tempo Comum)

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

E-mail  jotacruz3051@gmail.com

http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0296.htm#msg02

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