IIIIX--REFLEXÃO DOMINICAL II:
Meus queridos Irmãos,
Com este primeiro domingo do Advento iniciamos mais um ano Litúrgico.
Este ano litúrgico é chamado de ano C. Durante este ano nós refletiremos o Evangelho
de Lucas, o evangelista considerado como o portador da manifestação da bondade
de Deus e de seu amor pela humanidade, conforme nos ensina Tt 3,4.
São Lucas é o evangelista que relata a vida dos pobres, dos pecadores,
dos pagãos e dos valores humanísticos, como também, relata e exalta as
mulheres, especialmente a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe.
Jesus é colocado por Lucas como Messias, como Mestre, mas, também, como Fiel,
que veio ao mundo para servir a humanidade, como modelo e luzeiro de nossa
caminhada de fé e de esperança neste peregrinar rumo ao Absoluto.
Caros Irmãos,
O que é o Advento? O Advento é o tempo que antecede as grandes celebrações do
Natal. São quatro domingos em que refletimos sobre a necessidade de
nosso encontro com o Salvador, o Senhor, que veio inaugurar a perspectiva final
de nossa história – conforme ensina a liturgia de hoje. Conseqüentemente
celebramos no segundo e no terceiro domingo a esperança da primeira vinda do
Senhor, até despontar a sua presença, a gravidez da Bem-Aventurada Virgem
Maria, cheia de graças no quarto domingo do Advento.
Meus caros e amados Irmãos,
Advento é tempo de espera, de esperança, de atitude, de vigilância, de
alegria pela vinda de nosso Salvador. A cor litúrgica dos paramentos é o roxo.
A Igreja reveste-se de Esperança, aguardando o Messias que vem no Natal
e o Messias que virá glorioso no fim de nossa caminhada terrena, de nossa
história. É o mesmo Messias ontem, hoje e sempre. Advento é espera do Senhor
que vem, que vem para nos salvar. Vivemos o tempo da esperança, da doce
esperança cristã. Todos nós somos convidados a esperar pelo Salvador. Mas para
qualquer festa como esta é necessário que estejamos preparados.
Como nos preparar para esta festa? Nos preparar através de um bom exame
de consciência e de uma confissão completa, com plena vontade de arrependimento
de nossos pecados e pela volta absoluta para a graça santificante de Deus.
Jesus declara que vem para que “todos tenham vida e tenham
vida em abundância” (cf. Jo. 10,10). Jesus que será concebido pela
ação do Espírito Santo na generosidade e no sim a Virgem Maria assume a nossa
humanidade, exceto o pecado original.
Vivemos a vida atual com raio de vida eterna, de vida futura, de vida em
Deus.
Somos o povo eleito, que recebemos contínuas visitas do Senhor. Somos o
povo eleito em cujo coração mora o Senhor. Somos o povo eleito que já aqui e
agora formamos o Corpo de Cristo. Por isso, a esperança que celebramos no
Advento tem muito de certeza e, necessariamente, assume um sentido de gratidão.
Lucas acentua a misericórdia de Deus, a gratidão que devemos ter e a
universalidade da salvação. O Cristo do Natal, o Cristo do Juízo final é a
encarnação da misericórdia divina. Misericórdia para todos, sem exceção de
ninguém, por mais pecador que seja. Por isso a criatura, redimida por Cristo
deveria estar em permanente agradecimento. Este viver com o coração agradecido,
voltado para o Onipotente, é a melhor atitude de espera pela segunda vinda do
Cristo.
Queridos Irmãos,
Lucas usa de símbolos significativos para falar da morte. Assim o
evangelista usa a figura da cidade santa de Jerusalém, com o majestoso templo
de construção inacabada e tido já como uma das sete maravilhas da humanidade.
Olhando o templo, Jesus exclama: “Não ficará pedra sobre pedra, e
tudo será destruído”. (Cf. Lc. 21,6) E, conseqüentemente, a destruição
aconteceu entre os anos 60-70 da era cristã.
Assim Lucas quer chamar a atenção de cada um de nós que nossa vida é
igual à alegoria da Cidade Santa. Tudo gira em torno dela. Todas as
preocupações são tomadas em sua defesa. Dentro da vida, o homem constrói seu
templo, feito do mais precioso tesouro: a honra, a honestidade, a ciência, a
sabedoria, o conhecimento profissional. Esse templo se torna encantamento,
ternura, amor e razão de nossa vida. O templo e a vida estão inacabados, porque
a vida gira. Mas, enquanto o mundo gira a Cruz fica de pé. A vida acabará como
o Templo e será chegado o momento de prestar contas de nossa vida. O fim é a
morte. Morte que não é fim, mas é o dia do juízo junto de Deus e do Juízo.
Meus caros irmãos,
Morte para o cristão é encontro com Deus, com o Salvador que irrompeu a
morte, vencendo-a e anunciando a vida eterna, a vida em Deus. Depois da morte
vem a Páscoa, vem as consolações eternas. Morte como Páscoa libertadora é um
momento em que cada um poderá ser pego de surpresa. Para não sermos
surpreendidos é necessário que estejamos preparados. Por isso é necessário
estarmos vigilantes através da oração e da busca serena da santidade, nos acostumando
a ficar diante de Deus de tal modo que, quando estivermos face a face com o
Supremo Juiz, nos sintamos à vontade, como qualquer um se encontra diante de
seu confessor, aliviado de seus pecados e voltado para a misericórdia de Deus.
Irmãos e Irmãs,
As leituras deste domingo e toda a liturgia nos ensina o dinamismo do
crescimento cristão, com vistas ao reencontro com Nosso Senhor. Desde o
primeiro domingo, marca a existência cristã com este sentido. Devemos acreditar
que o homem e a sociedade sempre podem ser renovados. A Primeira Leitura (cf.
Jr 33,14-16) nos lembra esta verdade fundamental. Jerusalém, no tempo
pós-exílico, era não tanto o monte de Javé quanto um montão de problemas. Mas
mesmo assim lhe é prometido um novo nome, sinal de uma realidade nova: “Deus
nossa justiça” (cf. Jr. 33,16).
Por isso esta leitura confere, portanto, à expectativa cristã um toque
comunitário. As palavras ligadas à área da “justiça” desempenham um papel
fundamental neste anúncio de Jeremias. Diz-se que o descendente de David será
“justo” e que a sua tarefa consistirá em assegurar a “justiça” e o “direito”
(“mishpat” e “zedaqa”).
A dupla “justiça/direito”, característica da linguagem profética,
refere-se ao funcionamento reto da instituição responsável pela administração
da justiça (tribunal) que possibilitará, por sua vez, uma correta ordem social
(“zedaqa”), fundamento da paz e da prosperidade. Sedecias nem garantiu a
“justiça”, nem assegurou a paz; por isso, a catástrofe está iminente…
Mas o rei futuro anunciado pelo profeta, da descendência de David, será
o “ungido” de Deus. Terá por missão restaurar a “justiça” e transmitir a
abundância de vida e de salvação ao Povo de Deus. Por isso, chamar-se-á “o
Senhor é a nossa justiça” (“Jahwéh zidqenû”): por ele, Deus garante ao seu Povo
um futuro fecundo, de justiça, de bem-estar, de salvação. Recordando as
promessas de Deus, o profeta elimina a nostalgia de um passado mais ou menos
distante, elimina o medo do presente e instaura o regime da esperança.
Irmãos e Irmãs,
A segunda leitura (cf. 1 Ts 3,12-4,2) nos ensina que na ânsia da vinda
do Senhor, sempre podemos crescer mais, e é ele que nos deixa crescer, para que
sua chegada seja preparada do modo mais perfeito possível. A fé em Cristo
mostra sua força na caridade dos cristãos, entre todos e para todos. O cristão
vive na esperança do encontro com Cristo. Seus dias valem muito! Mas sabe,
também, que tudo pode ainda ser aperfeiçoado. Procura crescer sempre acatando
as possibilidades que cada dia oferece.
A comunidade cristã de Tessalônica foi fundada por Paulo, Silvano e
Timóteo durante a segunda viagem missionária de Paulo, aí pelo ano 50 (cf. Act
17,1ss). Durante o pouco tempo que lá passou, Paulo desenvolveu uma intensa
atividade missionária, de que resultou uma comunidade numerosa e entusiasta,
constituída na sua maioria por pagãos convertidos (cf. 1 Tess 1,9-10).
No entanto, a obra de Paulo foi brutalmente interrompida pela reação da
colónia judaica… Paulo teve de fugir, deixando atrás de si uma comunidade em
perigo, insuficientemente catequizada e quase desarmada num contexto de
perseguição e provação. Preocupado, Paulo envia Timóteo a Tessalônica para
saber notícias e encorajar na fé os tessalonicenses. Quando Timóteo regressa,
encontra Paulo em Corinto e comunica-lhe notícias animadoras: a fé, a esperança
e o amor dos tessalonicenses continuam bem vivos e até se aprofundaram com as
provações (cf. 1 Tes 1,3; 3,6-8).
Os tessalonicenses podem ser apontados como modelos aos cristãos das
regiões vizinhas (cf. 1 Tes 1,7-8). Apesar de tudo o que Deus já edificou no
coração dos crentes de Tessalônica, a caminhada cristã destes não está
concluída. Há que “progredir sempre” (1 Tes 4,1), sobretudo no amor para com
todos (1 Tes 3,12). Só nesta atitude de não conformação será possível esperar a
“vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tes 3,13).
Se seguirmos os sinais dos ensinamentos de Jesus, de sua vida, Paixão,
Morte e Ressurreição, saberemos interpretar todos os outros sinais e nada nos
poderá abalar. Não ficaremos aguardando sinais espetaculares. Eles estão
acontecendo no decurso da vida, enquanto o Senhor está chegando.
Bom Advento e Boa caminhada de espera do Natal, com profunda mudança de
vida, amém!
Homilia dominical por Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda
criatura..
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