REFLEXÃO DOMINICAL I
Jesus cura a cegueira dos homens
1ª Leitura: 1Sm 16,1b.6-7.10-13a
Sl 22
2ª Leitura: Ef 5,8-14
Evangelho: Jo 9,1-41
A Luz do Cristo
Assim como o penúltimo domingo
do Advento é o domingo da alegria (Gaudete), assim também o quarto domingo
quaresmal. O canto da entrada nos convida a associarmo-nos aos romeiros
judaicos que subiam em romaria a Jerusalém: Laetare Jerusalém, “Alegra-te,
Jerusalém, porque tua salvação superará tua tristeza”. O celebrante usa paramentos
cor de rosa (a origem é que este domingo coincide com a tradicional festa das
rosas, na Itália). O canto de entrada nos coloca na companhia dos que jubilosos
sobem a Jerusalém.
Ficamos animados com a
renovação interior que a Quaresma nos traz e que dá força para continuar o
caminho.
O tema da alegria,
presente também na oração do dia e na oração sobre as oferendas, preside
sobretudo à 2ª leitura e ao evangelho (o qual era lido, antigamente, no dia dos
escrutínios dos catecúmenos que se preparavam para o batismo na noite pascal).
A 2ª leitura (“Cristo te iluminará”, Ef 5,14) é um texto batismal, que nos faz
entender melhor o evangelho, igualmente bastimal. Jesus é a luz do mundo (Jô
9,5) e abre os olhos ao cego pelo banho no “Siloé, que significa: Enviado”
(9,7). Além de ser uma alusão ao simbolismo batismal, o evangelho é também uma
lição de fé: os diálogos revelam sempre mais firme e decidida a fé do ex-cego,
enquanto cresce a má vontade dos fariseus. No fim, o homem é excluído da
sinagoga – sorte de muitos judeu-cristãos no fim do século I – mas, ao
reencontrar Jesus, chega a professar sua fé e a adorar Jesus, fazendo jus ao
sinal que recebera (a abertura dos olhos, sinal do batismo). E como está a
nossa coerência batismal?
A alegria que a
liturgia evoca é a luz de Cristo, que iluminará os que vão receber o batismo na
noite pascal. Receber o banho no “Enviado” para receber nova visão. O batismo,
na Igreja antiga, era chamado “iluminação”. O prefácio (próprio) explicita
isso. A 1ª leitura apresenta o tema da unção do rei Davi. Destacando a
dignidade do rei e sacerdote, nos lembra o Cristo-Ungido-Messias e, ao mesmo
tempo, nossa unção batismal em Cristo. Dentro dessa narrativa aparece outro
tema que pode reter nossa atenção: o homem vê a aparência, Deus vê o coração.
Pensamento salutar no tempo quaresmal. Nosso coração deve ser posto em dia para
ser enxergado por Deus (estamos na tradicional semana dos “escrutínios”
preparatórios do batismo). Para que a luz de Cristo nos ilumine é preciso
termos o coração puro, voltarmos à limpeza batismal. O salmo responsorial
associa-se ao tema de Davi-Pastor.
A Quaresma deve ser
vista como tempo de preparação à proclamação renovada de nossa fé batismal.
Então, “Cristo nos iluminará” (cf. 2ª leitura). A conversão quaresmal é
renovação de nosso batismo, oportunidade para assumi-lo conscientemente.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
Mensagem
O batismo, unção e luz
As leituras deste domingo são
escolhidas com vista à preparação do batismo ou da renovação do compromisso
batismal. Esclarecem o sentido dos ritos complementares que se seguem ao
batismo propriamente, os assim chamados ritos pós-batismais: a unção, que
significa a participação do fiel na missão de Cristo, profeta, sacerdote e rei;
a veste branca, que significa a pureza da fé batismal; e a vela acesa, que
significa Cristo como a luz que ilumina nossa vida.
Na 1ª leitura, Davi é
ungido rei por Samuel. Jesus é o novo Davi, o Messias, “ungido” (com o
Espírito) no batismo no rio Jordão. O próprio termo “Cristo ”significa “ungido”
(em hebraico: “Messias”). Assim, na liturgia batismal, o recém-batizado é
ungido em sinal de que ele é “Cristo com Cristo”, membro do povo messiânico.
No evangelho, Jesus
“unge” os olhos do cego de nascença. (Para a catequese, o fato de ele ser cego
de nascença faz pensar no pecado original: uma cegueira que acompanha a vida da
gente). Depois de ter untado os olhos do cego, Jesus manda-o lavar-se (o “banho
da regeneração”!) no “Siloé, que quer dizer Enviado” ( a piscina de Siloé é uma
figura de Cristo). Então, ele recebe luz dos olhos. O batismo é aqui evocado
como unção e iluminação.
O sentido profundo
disso tudo é que o batizado deve ser uma testemunha da luz que recebeu. O cego
de nascença nos dá o exemplo: ele testemunha o Cristo, com convicção e firmeza
sempre crescentes. O batizado é um homem da luz (“filho da luz”, diz a Bíblia),
alguém que enxerga com clareza, e que anda na luz. Pois a luz não é só para ser
contemplada, mas para caminharmos nela, realizando as obras que ela nos permite
enxergar e levar a termo. “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor…
Desperta, tu que estás dormindo, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te
iluminará” (2ª leitura).
Como é que se realiza
este testemunho cristão no Brasil hoje? Quais são as grandes cegueiras que
devem ser iluminadas? Vamos assumir o nosso testemunho, mesmo para aqueles que
não querem ver.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
https://diocesejacarezinho.org/2020/03/4o-domingo-da-quaresma-ano-a/fran
Nenhum comentário:
Postar um comentário