Orientações litúrgicas para a Semana
Santa e Tempo Pascal
DOMINGO DE RAMOS
No
Domingo de Ramos, da Paixão do Senhor, a Igreja entra no mistério do seu Senhor
crucificado, sepultado e ressuscitado, o qual, ao entrar em Jerusalém,
preanunciou a sua majestade. Os cristãos levam ramos em sinal do régio triunfo,
que, sucumbindo na cruz, Cristo alcançou. De acordo com a palavra do Apóstolo:
“Se com ele padecemos, com ele também seremos glorificados”, deve-se, na
celebração e catequese deste dia, salientar o duplo aspecto do mistério pascal.
Lembretes e Sugestões:
1.
Ainda
que haja mais de uma missa na comunidade, apenas uma principal deverá ter a
procissão de ramos. As outras têm ritos iniciais normais, incluindo ato
penitencial e excluindo-se o hino de louvor.
2.
A
ornamentação do local de início da procissão seja feita com ramos naturais, providenciando-se
uma reserva de ramos para distribuí-los aos fiéis.
3.
A
procissão poderá ter início em algum ambiente em distância razoável da igreja,
ligado à temática da Campanha da Fraternidade.
4.
Para
a procissão preparem-se mesa com toalha (não se trata de altar), uma estante,
cruz processional adornada com ramos, incenso, missal e paramentos vermelhos.
5.
Uma
equipe de animação da procissão será de grande valia, para condução dos cantos
adequados ao momento e reflexões que meditem a Paixão e Ressurreição de Jesus
na vida do povo. Não se reza terço e nem cânticos marianos nesta procissão. É a
única procissão proposta pela liturgia.
6.
Na
chegada da Igreja, após todos os fiéis tomarem seus lugares, reza-se a oração
coleta. Não há ato penitencial, pois a procissão o substitui.
7.
Narração
da Paixão do Senhor (Sem velas, Sem Incenso e Sem Proclamação).
TRÍDUO PASCAL
“Cristo
operou a redenção do homem e a perfeita glorificação de Deus principalmente por
meio do seu mistério pascal, com o qual, morrendo, destruiu a nossa morte e,
ressuscitando, restaurou a vida. Por este motivo, o sagrado Tríduo Pascal da
Paixão e Ressurreição do Senhor se nos apresenta como o ponto culminante de
todo o ano litúrgico. Aquela preeminência que tem na semana o ‘dia do Senhor’
ou domingo, tem-na no ano litúrgico a solenidade da Páscoa”.
Além
disso, observe-se religiosamente o jejum pascal na Sexta-feira da Paixão do
Senhor, o qual se deve guardar em toda a parte, e, conforme as circunstâncias,
estenda-se também ao Sábado Santo, para que todos, com elevação e largueza de
espírito, cheguem às alegrias do domingo da Ressurreição.
O
Tríduo Pascal é o centro de todo o Ano Litúrgico. O ponto alto é a Vigília
Pascal. Os três dias são como um desdobramento da celebração do mistério
central de nossa fé: o mistério pascal.
QUINTA-FEIRA SANTA
(Missa
da Ceia do Senhor)
Nesta
Missa, que se celebra na tarde da Quinta-feira Santa, a Igreja dá início ao
sagrado Tríduo Pascal e propõe-se comemorar aquela última ceia na qual o Senhor
Jesus, na noite em que ia ser entregue, tendo amado até ao fim os seus que
estavam no mundo, ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies ao
pão e do vinho, e os entregou aos Apóstolos para que os tomassem, e lhes
mandou, a eles e aos seus sucessores no sacerdócio, que os oferecessem também.
Nesta
Missa, faz-se, portanto, memória: da instituição da Eucaristia, memorial da
Páscoa do Senhor, na qual se perpetua no meio de nós, através dos sinais
sacramentais, o sacrifício da nova Lei; da instituição do sacerdócio, pelo qual
se perpetua no mundo a missão e o sacrifício de Cristo; e também da caridade
com que o Senhor nos amou até à morte. Tudo isto procure o presidente da
celebração propô-lo de forma adequada aos fiéis mediante o ministério da
palavra, para que eles possam penetrar mais profunda e piedosamente em tão
sublimes mistérios e vivê-los mais intensamente na prática da sua vida.
Lembretes e Sugestões:
1.
O
espaço celebrativo assume um tom festivo com flores, velas… A cor litúrgica é
Branco.
2.
Nessa
Celebração canta-se o hino de louvor (Tocam-se os sinos).
3.
Lava-Pés
(O Padre, se oportuno, lava os pés de doze pessoas previamente escolhidos pela
equipe)
4.
Rezar
a oração eucarística I com o prefácio da Santíssima Eucaristia II, ou a Oração
Eucarística V, que trata da Eucaristia.
5.
Omiti-se
o Creio.
6.
Antes
da celebração eucarística, o sacrário deve estar vazio. Consagrem-se nesta
missa hóstias em quantidade suficiente para este dia e para o dia seguinte.
7.
Concluída
a oração após a comunhão, forma-se a procissão (Translado) que, passando pela
Igreja, acompanha o Santíssimo Sacramento ao lugar da reposição. (Sequência da
procissão: Turíbulo e naveta, tochas e padre com o Santíssimo no Cibório
coberto com o véu. Ao chegar ao local preparado deposita o cibório no Sacrário,
incensa três vezes, canta Tão Sublime Sacramento; fecha a porta do sacrário e
começa a adoração. O padre, diácono, ministros e acólitos se retiram em
silêncio).
8.
O
Sacramento seja conservado num tabernáculo fechado. Nunca se pode fazer a
exposição com o ostensório. Não se trata de bênção do Santíssimo. Não é
recomendável, em ocasião alguma, os popularmente chamados “passeios com Jesus”
entre o povo. Nesse dia a transladação acontece de forma discreta, como pede o
mistério celebrado.
9.
O
altar da celebração é desnudado (fica sem toalhas) após a missa, e permanece
assim até a Vigília Pascal.
10.
Para
a adoração do Santíssimo pode ser lido o Evangelho de João, capítulos 13 a 17
intercalados por Salmos. Não é significativo rezar o terço nesse momento de
adoração.
11.
Não
convém prolongar esta adoração a noite inteira. Ela é solene até meia noite. Se
continuar até o dia seguinte, que seja discreta. A adoração da Quinta-feira não
deve sobrepor-se à Vigília Pascal.
CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR
Neste
dia, em que “Cristo nossa Páscoa foi imolado”, torna-se clara realidade o que
desde há muito havia sido prenunciado em figura e mistério: a ovelha verdadeira
substitui a ovelha figurativa, e mediante um único sacrifício realiza-se
plenamente o que a variedade das antigas vítimas significava.
Com
efeito, “a obra da Redenção dos homens e da perfeita glorificação de Deus,
prefigurada pelas suas obras grandiosas no povo da Antiga Aliança, realizou-a
Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal da sua bem-aventurada
Paixão, Ressurreição de entre os mortos e gloriosa Ascensão, ministério este
pelo qual morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando restaurou a nossa
vida. Foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu o admirável
sacramento de toda a Igreja.
Ao
contemplar Cristo, Senhor e seu Esposo, a Igreja comemora o seu próprio
nascimento e a sua missão de estender a todos os povos os salutares efeitos da
Paixão de Cristo, efeitos que hoje celebra em ação de graças por dom tão
inefável.
Lembretes e Sugestões:
1.
Pelas
três horas da tarde, salvo se razão pastoral leve a escolher hora mais tardia,
celebra-se a paixão do Senhor que consta de três partes: liturgia da Palavra,
adoração da Cruz e Sagrada Comunhão.
2.
O
altar deve estar completamente desnudado, sem cruz, sem castiçais, sem toalhas.
Apenas na hora da comunhão veste-se o altar.
3.
O
silêncio ocupa um lugar muito importante na mística e na dinâmica da
celebração. A celebração começa em silêncio, sem canto.
4.
A
comunidade inicia a celebração ficando de joelhos; o padre poderia se prostrar
no chão por um tempo razoável, que ajude a entrar no Mistério, dando profundo
significado ao gesto.
5.
Para
a leitura do Evangelho da Paixão seguem-se as mesmas orientações do domingo de
Ramos.
6.
Cor
Litúrgica- Vermelho.
7.
Apresente-se
a cruz à adoração de cada um dos fieis, porque a adoração pessoal da cruz é um
elemento muito importante desta celebração.
8.
Usa-se,
obrigatoriamente, uma única cruz para a adoração, tal como requer a verdade do
sinal. Não se pode alterar a sequência do rito, como colocar a adoração da cruz
no final da celebração.
9.
Depois
da Comunhão procede a desnudação do altar;
10.
Pela
importância pastoral, sejam valorizadas a Via-sacra, as procissões da Paixão e
a memória das dores da bem-aventurada Virgem Maria.
VIGÍLIA PASCAL
Segundo
antiquíssima tradição, esta noite deve ser comemorada em honra do Senhor, e a
Vigília que nela se celebra, em memória da noite santa em que Cristo
ressuscitou, deve considerar-se “a mãe de todas as santas Vigílias”. Pois,
nela, a Igreja mantém-se de vigia à espera da Ressurreição do Senhor, e
celebra-a com os sacramentos da Iniciação cristã. Toda a celebração da Vigília Pascal
se realiza de noite; mas de maneira a não começar antes do início da noite e a
terminar antes da aurora do domingo.
Lembretes e Sugestões:
1.
A
equipe de liturgia tem o papel de preparar bem a Vigília Pascal e de ajudar a
comunidade a entender a importância e sentido. Evitem-se, no entanto, o caráter
explicativo dos comentários.
2.
É
bom recordar que não há um momento exato na celebração em que “o Senhor
ressuscita”. Toda celebração tem dimensão de ressurreição.
3.
A
liturgia da luz e do fogo tem uma densidade e eficácia própria. Urge tomar
alguns cuidados, tais como: preparar uma fogueira para o começo da celebração,
em torno da qual toda a assembleia se reúne, fora da igreja (não enfraquecer o
sinal, em uma fogueirinha insignificante); prever o círio pascal e enfeitá-lo
convenientemente; o círio pascal deve ser de cera, novo a cada ano, único,
relativamente grande, nunca artificial, para poder recordar que Cristo é a luz
do mundo. Prever velas para todos.
4.
A
solene proclamação pascal (Exultet) seja bem preparada e realizada com a igreja
iluminada apenas pelas velas. Durante o canto, pode-se introduzir uma cruz
florida, sem o crucificado.
5.
Na
liturgia da Palavra, embora seja previsto a omissão de algumas leituras,
recomendamos que sejam feitas todas as leituras previstas, por constituírem o
memorial da história da salvação. No mínimo façam-se três leituras do Antigo
Testamento (incluindo a narrativa da Páscoa), e a epístola aos Romanos, de tom
batismal. Atenção se dê aos salmos, que devem ser cantados com beleza e unção.
6.
Dar
destaque ao Hino de Louvor e ao Aleluia, cantos omitidos durante a quaresma e
reservados para a noite pascal.
7.
Trata-se
da celebração mais oportuna do ano para a celebração dos batizados, sobretudo
dos adultos.
8.
Realizem-se
a renovação dos compromissos batismais de toda a comunidade, e a bênção e a
aspersão com água. Trata-se de uma aspersão de caráter batismal, e não
penitencial.
9.
A
celebração da Eucaristia é o ápice da Vigília, sendo de modo pleno o sacramento
da Páscoa, ou seja, memorial do sacrifício da cruz e presença de Cristo
ressuscitado, consumação da iniciação cristã e antegozo da Páscoa eterna.
10.
Preparação
do altar (Mulheres vestem o altar, colocam-se as flores. Procissão do pão e do
vinho)
11.
Recomenda-se
oração eucarística I com o prefácio da Páscoa I.
12.
Bênção
solene da Vigília Pascal e dia de Páscoa.
DOMINGO DA RESSURREIÇÃO
A
estrutura da missa é a mesma de todos os domingos, devendo ser celebrado de
modo solene.
Lembretes e
Sugestões:
1-
Cantar Solenemente a Sequência Pascal;
2-
Solenizar o Hino de Louvor e o Aleluia!
3-
Bênção Solene
4-
Oração Eucarística I (Prefácio da Páscoa)
5-
No Ato Penitencial fazer a aspersão;
6-
Presença do Círio Pascal;
TEMPO PASCAL
1.
Os
cinquenta dias que decorrem desde o Domingo da Ressurreição até ao Domingo de
Pentecostes, inclusive, são celebrados com alegria e júbilo, como se fora um
único dia de festa, mais, como se fora um “grande domingo”.
2.
São
dias em que tem particular relevo o canto do Aleluia. Onde for costume,
mantenha-se a tradição de celebrar, no dia de Páscoa, as Vésperas batismais e,
enquanto se cantam os salmos, vai-se em procissão ao batistério.
3.
O
círio pascal acende-se em todas as celebrações litúrgicas mais solenes deste
tempo, tanto à Missa como em Laudes e Vésperas.
4.
Depois
do dia de Pentecostes, o círio pascal conserva-se honorificamente no
batistério, para se acender na celebração do Batismo e dele se acenderem as
velas dos batizados.
5.
Durante
o tempo pascal, na administração do Batismo, utiliza-se a água benzida na noite
pascal.
6.
Os
oito primeiros dias do tempo pascal constituem a oitava da Páscoa e celebram-se
como solenidades do Senhor.
7.
Na
Missa e na Liturgia das Horas, à despedida, acrescenta-se duplo aleluia ao
Vamos em paz, com a resposta: Demos graças a Deus, aleluia, aleluia.
8.
Onde
houver neófitos, o tempo pascal, sobretudo a primeira semana, é o tempo da
“mistagogia” dos neófitos, em que, juntamente com eles, a comunidade, através
da meditação, da participação na Eucaristia, da prática da caridade, penetra
mais profundamente na compreensão do mistério pascal, procurando traduzi-lo
cada vez mais na vida cotidiana. Mas o lugar por excelência da “mistagogia” são
as Missas dos domingos pascais. Nestas, com efeito, mormente no Ano A do
Lecionário, os neófitos encontram leituras especialmente adaptadas a eles,
leituras estas que devem ser comentadas na homilia.
- No quadragésimo dia depois da Páscoa, ou, onde não
for de preceito, no VII Domingo da Páscoa, celebra-se a Ascensão do
Senhor, solenidade na qual se põe diante dos olhos Cristo que à vista dos
discípulos subiu ao Céu, onde está sentado à direita de Deus, revestido de
régio poder, a reservar para os homens o reino celeste, e de onde há de
vir novamente no fim dos tempos.
10. Cor litúrgica:
Branco.
PENTECOSTES
Com
a festa de Pentecostes encerra-se o tempo pascal. A vinda do Espírito é o dom
maior do Ressuscitado e impulso inicial para a missão da Igreja, que nasce e se
caracteriza como continuadora da missão de Jesus Cristo.
Lembretes e Sugestões:
1-
Valorize-se a Vigília de Pentecostes
2-
Cor Litúrgica: Vermelho;
3-
Todo o tom festivo da Páscoa deve ser evidenciado pelos elementos que lhe são
característicos. Só terminado o Domingo é que o círio deixará o presbitério
para ser colocado no Batistério. Ele pode ser apagado de maneira celebrativa,
para que toda a assembleia fique ciente do encerramento do tempo pascal.
4-
Atenção com a Liturgia da Palavra;
5-Cantos
em sintonia com a Solenidade celebrada;
6-Cante-se a
Sequência após a Segunda Leitura.
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