REFLEXÃO DOMINICAL II
JESUS CURA NOSSAS CEGUEIRAS
Neste 4º Domingo da
Quaresma, a Liturgia nos traz a passagem da cura do cego de nascença e a polêmica
levantada por causa dessa cura (cf 9,1-41). Jesus encontra um cego de nascença
e os discípulos lhe perguntam, se a cegueira foi motivada pelo pecado dos pais
ou do próprio cego. Jesus desaprova essa interpretação e diz que o encontro com
o cego é ocasião para que a glória de Deus se manifeste nele. Aqui está uma
primeira lição: em vez de fazer teoria, hipóteses e julgamentos sobre o
sofrimento ou a desgraça de outras pessoas, Jesus ensina que devemos aproximar-nos
e ajudar a quem sofre. É preciso superar nossa indiferença e insensibilidade
diante do sofri‑ mento do próximo, estender a mão e ajudar. Jesus cura o cego e
a curiosidade sobre quem fez a cura vira uma polêmica sobre Jesus. Quem foi que
te curou? É um profeta? É um santo? É um pecador por ter feito a cura em dia de
sábado? Aquele que tinha estado cego, agora enxerga com os olhos do corpo e com
os olhos da fé e dá um belo testemunho sobre Jesus: é um profeta, um homem de
Deus; por meio dele Deus está falando e agindo no meio dos homens. A polêmica
torna-se uma verdadeira perseguição e tortura para o pobre homem. Quando Jesus
o encontra novamente e lhe pergunta: tu acreditas no Filho do Homem (Filho de
Deus feito homem), ele responde: eu creio, Senhor! O cego passou a ver e crer.
A luz da fé vai além daquilo que os olhos da carne conseguem enxergar. A cura
do cego de nascença é uma parábola para descrever o itinerário da busca de Deus
e da fé. Sem encontrar Deus e sua luz, nós vivemos como cegos e desorientados. O
cego do Evangelho quer enxergar e encontra Jesus, que o cura. O encontro com
Jesus cura as nossas cegueiras. Ele é a luz do mundo e nos quer introduzir na
sua luz, para iluminar nossa vida e fazer-nos enxergar com a luz da fé. A
experiência da fé é libertadora e feliz, mas não é sempre isenta de sofrimento
e angústia. Muitas vezes, precisamos lutar por ela e contra as “trevas da
vida”, que tentam envolver-nos novamente, para não perdermos a fé diante de
questionamentos, discriminações, preconceitos e até perseguições, que pos‑ sam
nos advir por causa dela. A Quaresma nos convida a renovar e fortalecer nossa
fé. Quando não é alimentada na oração, na palavra de Deus e na participação na
vida eclesial, a fé pode tornar-se frágil e ficar em situação de risco. Que
tal, retomar o Catecismo da Igreja Católica e reler, até mesmo em família,
algumas questões da nossa fé batismal? É possível que tenha‑ mos dúvidas e até
crises de fé. Pro‑ curemos ajuda para esclarecer e fortalecer nossa fé. Como
cristãos católicos, nós cremos com a Igreja e cremos como a Igreja crê. Na
vigília da Páscoa, faremos a re‑ novação da nossa profissão de fé batismal,
junto com toda a Igreja. Examinemos nossa vida e vejamos, como está nossa fé.
Preparemo-nos para renovar com alegria e gratidão a fé recebida no Batismo. Que
São José, homem de grande fé, interceda por nós!
Cardeal Odilo P.
Scherer Arcebispo de São Paulo
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-47a-22-4-domingo-de-quaresma.pdf
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