sábado, 10 de junho de 2023

EU QUERO MISERICÓRDIA E NÃO SACRIFÍCIO

 

 

EU QUERO MISERICÓRDIA  E NÃO SACRIFÍCIO

Fr. Raniero Cantalamessa

 

 Há algo comovente no Evangelho deste domingo. Mateus não relata algo que Jesus disse ou fez um dia a alguém, mas o que disse e fez pessoalmente por ele. É uma página autobiográfica, a história do encontro com Cristo que mudou sua vida. “Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: ‘Segue-me!’ Ele se levantou e seguiu Jesus.” O episódio, contudo, não é citado nos Evangelhos pela importância pessoal que revestia para Mateus. O interesse se deve a tudo que segue ao momento do chamado. Mateus quis oferecer “um grande banquete em sua casa” para despedir-se de seus antigos companheiros de trabalho, “publicanos e pecadores”. Não podia faltar a reação dos fariseus e a resposta de Jesus: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’”. O que significa esta frase do profeta Oséias que Jesus repetiu?. A misericórdia do Senhor seja a vossa força; ide em paz e o Senhor vos acompanhe. A. Graças a Deus. Antes de tudo, deve-se observar uma profunda mudança de perspectiva na passagem de Oséias a Cristo. Em Oséias, a expressão se refere ao homem, ao que Deus quer dele. Deus quer do homem amor e conhecimento, não sacrifícios exteriores e holocaustos de animais. Nos lábios de Jesus, a expressão se refere a Deus. O amor de que se fala não é o que Deus exige do homem, mas o que dá ao homem. “Quero misericórdia e não sacrifício” significa: quero usar misericórdia, não condenar. Seu equivalente bíblico é a palavra que se lê em Ezequiel: “Não quero a morte do pecador, mas que se converta e viva”. Deus não quer “sacrificar” a sua criatura, mas salvá-la. Com esta observação, entende-se melhor também a expressão de Oséias. Deus não quer o sacrifício a “todo custo”, como se gostasse de nos ver sofrer; não quer tampouco o sacrifício realizado para alegar direitos e méritos diante d’Ele, ou por um mal-entendido sentido do dever. Quer, ao contrário, o sacrifício que é requerido por seu amor e pela observância dos mandamentos. Neste sentido, Paulo nos exorta a fazer de toda nossa vida “um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”

https://www.diocesedeerexim.org.br/painel/admin/upload/revistas_pdf/rev-394-6.missasjunho.pdf

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