REFLEXÃO
DOMINICAL III
SEGUIR
JESUS NA JUSTIÇA E MISERICÓRDIA
Com fé e alegria nos reunimos para
celebrar o santo mistério da nossa fé, a Eucaristia. Este sacramento é a fonte
e o cume da vida eclesial, pois nele está contido todo o tesouro espiritual da
Igreja, ou seja, o próprio Cristo, nossa Páscoa. Na Eucaristia são significadas
e realizadas a comunhão com Deus e a unidade do seu povo, o que nos identifica
como Igreja que caminha, vive e testemunha sua fé e seu amor. Neste 10º Domingo
do Tempo Comum a Liturgia da Palavra nos convida a seguir Jesus e a ser justos
e misericordiosos. Na primeira leitura (Os 6,3-6) o profeta Oseias pede ao povo
para fazer a experiência de Deus, conhecê-lo como o Senhor da vida, a se
converter, ter um novo projeto de vida, uma nova perspectiva, a da justiça e do
amor. O que agrada a Deus, de fato, não são os sacrifícios, nem os holocaustos,
os ritos externos, mas o amor e o conhecimento do Senhor, é o verdadeiro culto.
Deus é bondoso e compassivo, cheio de misericórdia, é justo e santo, não quer a
exclusão, nem a morte, mas a plena vida. O Evangelho de São Mateus (Mt 9,9-13)
apresenta Jesus que continua chamando seus discípulos e que propõe a justiça e
a misericórdia como caminho para viver as bem-aventuranças. É a dimensão
concreta e prática do Evangelho. Jesus dá o exemplo, chamando Mateus, um
cobrador de impostos, considerado ladrão, infiel à Lei. A sua resposta é
imediata, assim como o improviso chamado: “Segue-me”. Segue a Jesus sem impor
condições, o que demonstra que o chamado cura e liberta, perdoa, e se passa da
escravidão, das amarras deste mundo, para a liberdade do seguimento, que só o
Salvador pode conceder. Após aderir plenamente ao convite, na casa de Mateus,
em uma refeição, Jesus mais uma vez escandaliza, pois veio para salvar os
pecadores, é a nova justiça. De fato, aos que se consideravam justos e santos,
separados (fariseu), afirma: “Não é a justos que vim chamar, mas a pecadores”.
E a todos convida para fazer um novo caminho, aprender dele, que é o Mestre e
Senhor: “Misericórdia eu quero, não sacrifícios”. Trata-se de um convite
decisivo a superar todo ritualismo e formalismo, e aceitar Jesus como
verdadeiramente aquele que é o Filho de Deus, o Salvador. De fato, ser justo é
ser misericordioso, logo, chamados a superar uma religião sem consequências
sociais, pois o critério é o amor e a misericórdia, não apenas a observância
ritual. A Carta aos Romanos (Rm 4,18- 25) nos recorda a dimensão de fé de
Abraão, que acolhe a Palavra de Deus com uma entrega incondicional e confiança
ilimitada. Ter fé é, pois, entregar-se e entregar a própria vida a Deus:
“esperando contra toda esperança, ele firmou- -se na fé e, assim tornou-se pai
de muitos povos”. Este desafio da fé é de todos nós, que temos a vocação de ser
povo sem fronteiras e sem raças, abertos de coração, que juntos caminham,
construindo o Reino de Deus. Devemos ter, portanto, uma fé forte, profunda,
paciente e inquebrantável. Somos chamados a fazer como Abraão, ou seja, dar a
própria adesão a Deus e a Jesus, sem exigir provas, nem garantias, pois “nós
cremos naquele que ressuscitou dos mortos a Jesus, nosso Senhor, e entregue por
causa de nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação”. Acolhamos o
convite de Jesus “segue-me”, e sejamos discípulos missionários plenos de amor e
misericórdia.
Dom
Angelo Ademir Mezzari, RCJ Bispo Auxiliar de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário