‘DICA- REFLEXÃO” DE UM AVÔ
Esta "dica-reflexão" direcionada a minha neta
talvez possa ser útil para você e/ou para alguém que você ama.
Lindolivo Soares Moura(*)
Bom dia minha
neta-filha querida!
Mais um abençoado dia
em nossas vidas! Que o seu seja particularmente fecundo, protegido e iluminado.
Nascer é um presente, viver um privilégio, com saúde uma benção. "Tempus
fugit, carpe diem" - "o tempo passa rápido, aproveite bem o seu
dia". E para bem viver, mais uma dica importante pra você: "APRENDENDO A CONVIVER COM AS
DIFERENÇAS! Falou diferença, lá vem desavença! Então vamos com calma.
Primeiro observe bem: nem todas as diferenças e discordâncias que existem são
boas, e por isso nem todas devem ser toleradas ou incentivadas. A começar pela
própria intolerância. Se tolerarmos a intolerância estaremos sendo
"coniventes" e compactuando com ela, quando o certo é combatê-la e de
preferência erradicá-la. O mesmo se pode dizer da violência, do preconceito, da
discriminação e de muitas outras ideias, ideologias, crenças e atitudes
claramente tóxicas. A propósito, nada há de mais tóxico que a postura que
preconiza um relativismo absoluto. "Tudo é
relativo", diz-se então, como se o direito à diferença incluísse
tudo e qualquer coisa, por mais absurda que ela seja. Mas toda diferença não
tóxica e saudável precisa, sim, ser respeitada e celebrada. Evitei intencional
e propositalmente o termo "tolerada", porque a rigor somente quem tem
autoridade para "proibir", "negar" ou
"restringir", tem também autoridade para tolerar ou permitir.
"Tolerância religiosa", assim como "tolerância afetiva" ou
"tolerância político-ideológica", entre outras, são expressões
ambíguas e contraditórias, não fazem sentido algum. Não se "tolera"
um direito que pessoas, grupos ou comunidades já possuem: "respeita-se"!
Melhor ainda, "celebra-se"! A ideia e a atitude de
"tolerância" trazem consigo conotação de "hierarquia",
"superioridade" e "primazia", o que em muitas situações não
é o caso; talvez na maioria. Cor, etnia - "raça" humana só existe uma
- religião, afetividade, opção político-partidária, só para citar alguns
exemplos, são direitos garantidos jurídica, moral e "religiosamente".
As aspas em "religiosamente" ficam por conta do fato de que certas
religiões ainda não se deram conta disso e insistem em caminhar na contra-mão
do bom senso e da história. Não mude suas convicções se já as considera sólidas
e consolidadas, exceto se estiver convicta de estar equivocada. Se for
absolutamente necessário, mude de religião mas não mude de convicção. Por outro
lado, quem diz que "respeita" mas não defende e favorece a
"inclusão" do diferente - na família, no grupo, na escola e na
convivência social - apenas "tolera"; e isso, como já vimos, apesar
de ser bom e desejável, é insuficiente. Claro que tolerar é melhor que
discriminar e excluir, mas isso é um mínimo: respeitar e incluir é muito mais
desejável que apenas tolerar. Nem todas as diferenças na vida são frutos de uma
"escolha" - cor, etnia e afetividade, por exemplo - e mesmo quando
são, precisamos respeitar e celebrar as escolhas e preferências dos demais.
Esse é o primeiro princípio para que também as nossas escolhas, opções e
preferências sejam também elas respeitadas e celebradas. E lembre-se: devemos
satisfazer em primeiro lugar as exigências do direito e da justiça, para que
não caiamos na tentação de praticar como caridade ou como tolerância o que a
esse título já é devido. Beijos minha linda! E que seja sempre manso e humilde
seu coração.
Olá minha linda, como
vai esse coração de ouro? Conseguindo lidar bem e produtivamente com os muitos
desafios que a nova fase de vida lhe tem reservado? Caso se faça necessário,
não pense duas vezes: peça ajuda. Esteja porém sempre atenta e procure ser
criteriosa em relação à(s) pessoa(s) com quem você estará se confidenciando. É
justamente sobre isso que a dica de hoje vem falar: A IMPORTÂNCIA DE SE ESCOLHER COM CALMA E CRITÉRIO QUEM DE AJUDA E APOIO
LHE SERVIRÁ. Você já deve ter percebido que nenhuma fase da vida transcorre
tão bem, a ponto de se poder dispensar auxilio e amparo em momentos críticos ou
especiais de nosso crescimento. Nessas horas, saber escolher com calma,
prudência e critério a quem recorrer, pode acabar fazendo toda a diferença;
afinal não são poucos os lobos ferozes e leões famintos de tocaia: os mais
afoitos e menos acautelados costumam ser as presas mais visadas e mais
facilmente atraídas para a cilada. Conhecer de que maneira a pessoa a quem se
pretende recorrer viveu e "atravessou" sua própria adolescência e
juventude costuma ser um critério bastante seguro de discernimento quando se
decide procurar por apoio e ajuda. Viver recolhida e enclausurada como se fosse
uma freira ou irmã religiosa em um convento, nem pensar! Exceto, claro, se você
sentir que tem vocação para isso. Se não é esse o seu caso, lembre-se: casa-lar
não é mosteiro, quarto não é cela nem claustro, e fazer "voto" de
silêncio, quando a melhor saída é compartilhar, não costuma trazer bons
resultados. Ainda que diálogo e conversação nem sempre sejam garantia de
solução - como queria Ana O, a primeira paciente de Freud - sem dúvida eles são
partes essenciais tanto de um eventual tratamento quanto do crescimento de
todos nós. Nesse sentido, vamos a uma primeira regra de ouro: pessoas com
problemas - sobretudo se semelhantes ou iguais aos nossos - são as últimas a
quem se deve recorrer, já que são também as que em menos condições estão de nos
ajudar. "Um cego não pode guiar outro cego: cairão ambos no mesmo
buraco"; não é isso que diz o versículo considerado sagrado? Segunda regra
de ouro: jamais queira se passar por um "messias" com pretensões
milagrosas de libertação voltadas para quem necessita de tratamento e
acompanhamento profissional; messianismo sem profissionalismo é indicativo
certo de que uma vida assim estruturada estará sempre na iminência de desabar.
Em contrapartida, esperar - ou o que seria pior ainda, "exigir" - que
alguém represente o mesmo para você, enquanto atravessa um problema semelhante
ou igual ao seu, é investir na pessoa errada e na estratégia equivocada;
considere esta como sendo nossa terceira regra de ouro. Um exemplo típico dessa
parceria fadada ao fracasso, ocorre por exemplo quando o ficante ou o namorado
não usuário de drogas assume a decisão de "salvar" o parceiro do
vício no qual ele ou ela se encontra mergulhado. Além da altíssima
probabilidade de não obter êxito em seu propósito, estará correndo o sério
risco de se entregar ao mesmo vício. Se a cegueira por si só já não bastasse,
teremos agora dois paralíticos destinados a cair e permanecer presos no mesmo
buraco. Boa vontade e reta intenção são virtudes, certamente que são. Mas
jamais substituem a intervenção do profissional qualificado quando se trata
desse tipo de questão É compreensível imaginar e pretender que a melhor escuta
para um jovem seja a de um outro jovem; afinal, como dizia São Tomás de Aquino,
"o semelhante tende a atrair o semelhante". Mas a atração que irmana
dois jovens com "problemas graves e semelhantes", e os coloca em rota
não de distanciamento mas de aproximação, está longe de obedecer a essa
regra-padrão. Todo problema requer tratamento e, se possível,
"solução", e não um agravamento ainda maior da situação. O amor não
pode ser cego e se valer apenas de reta e boa intenção; quando esse princípio é
ignorado, ele descamba inevitavelmente para a paixão; e esta pode ser perigosa,
nos turvando completamente a razão. A seguinte trovinha pode não ser lá tão
"adolescente", mas carrega ainda uma importante lição: "cinco
sentidos temos, dos cinco necessitamos, mas os cinco nós perdemos, quando nos
apaixonamos". Beijos, minha linda. E lembre-se: precisando de ajuda ou de
apoio num determinado momento ou situação, escolha alguém de sua confiança, e
aí sim, "abra com segurança as portas do seu coração".
(*) Reflexão do avô
enviada pelo whasapp, de Vitória(ES).
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