sexta-feira, 6 de setembro de 2024

v- REFLEXÃO DOMINICAL I: A CURA DE UM SURDO-MUDO POR JESUS

     v- REFLEXÃO DOMINICAL I: A CURA DE UM SURDO-MUDO POR JESUS

 

“O Evangelho de hoje (Mc 7, 31-37) narra a cura de um surdo-mudo por parte de Jesus, um evento prodigioso que mostra como Jesus restabelece a plena comunicação do homem com Deus e com os outros homens. O milagre ambienta-se na região da Decápole, ou seja em pleno território pagão; portanto aquele surdo-mudo que é levado a Jesus torna-se símbolo do não-crente que percorre um caminho rumo à fé. Com efeito, a sua surdez expressa a incapacidade de ouvir e de compreender não só as palavras dos homens, mas também a Palavra de Deus. E são Paulo recorda-nos que «a fé nasce da escuta da pregação» (Rm 10, 17).

 

A primeira coisa que Jesus faz é levar aquele homem para longe da multidão: não quer fazer publicidade ao gesto que está para realizar, mas também não quer que a sua palavra seja coberta pelo ruído das vozes e do falatório do ambiente. A Palavra de Deus que Cristo nos transmite precisa de silêncio para ser acolhida como Palavra que cura, reconcilia e restabelece a comunicação.

São também evidenciados dois gestos de Jesus. Ele toca os ouvidos e a língua do surdo-mudo. Para restabelecer a relação com aquele homem «bloqueado» na comunicação, procura primeiro restaurar o contacto. Mas o milagre é um dom do alto, que Jesus implora do Pai; por isso levanta os olhos ao céu e comanda: «abre-te!». E os ouvidos do surdo abrem-se, a língua desprende-se e começa a falar corretamente (cf. v. 35).

 

O ensinamento que nos advém deste episódio é que Deus não está fechado em si mesmo, mas abre-se e põe-se em comunicação com a humanidade. Na sua misericórdia imensa, supera o abismo da diferença infinita entre Ele e nós, vem ao nosso encontro. Para realizar esta comunicação com o homem, Deus faz-se homem: para Ele não é suficiente falar conosco mediante a lei e os profetas, mas torna-se presente na pessoa do seu Filho, a Palavra feita carne. Jesus é o grande «construtor de pontes», que constrói em si mesmo a grande ponte da comunhão plena com o Pai.

 

Mas este Evangelho fala-nos também de nós: muitas vezes estamos fechados em nós mesmos, e criamos muitas ilhas inacessíveis e inospitaleiras. Até as relações humanas mais elementares por vezes criam realidades incapazes de abertura recíproca: o casal fechado, a família fechada, o grupo fechado, a paróquia fechada, a pátria fechada… E isto não é de Deus! Isto é nosso, é o nosso pecado.

Contudo na origem da nossa vida cristã, no Batismo, estão precisamente aquele gesto e aquela palavra de Jesus: «Effatá! — Abre-te!». E o milagre cumpriu-se: todos fomos curados da surdez do egoísmo e do mutismo do fechamento e do pecado, e fomos inseridos na grande família da Igreja; podemos ouvir Deus que nos fala e comunicar a sua Palavra a quantos nunca a ouviram, ou a quem a esqueceu e sepultou sob os espinhos das preocupações e dos enganos do mundo.

 

Peçamos à Virgem Santa, mulher da escuta e do testemunho jubiloso, que nos ampare no compromisso de professar a nossa fé e de comunicar as maravilhas do Senhor a quantos encontrarmos no nosso caminho.” (Papa Francisco, Angelus, 6 de Setembro de 2015)

 

https://raiosluminosos.com/2021/09/05/23odomingo-do-tempo-comum-ano-b/

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