XII-REFLEXÃO DOMINICAL II:
"QUE O HOMEM NÃO SEPARE..."
Não há quem não goste de originalidade, é assim no mundo das
artes e no processo de produção principalmente no ramo de auto peças. Peça
original custa mais caro, justamente porque é original. Nas artes há o direito
autoral, que visa assegurar entre outras coisas que a obra não será
descaracterizada, pois caso isso venha a ocorrer, ela se torna uma falsificação
e perde o seu valor.
Sobre a importância de uma peça original em um veículo, por
exemplo, nem é preciso argumentar sobre a qualidade e o desempenho, além da sua
vida útil, que é bem maior quando a mesma é original.
Nos anos 70, durante a “febre” dos produtos importados, quando
se queria desdenhar do objeto de alguém, a gente dizia de maneira irônica que
aquele objeto era do Paraguai, isso significava falsificado.
Fiz essa introdução porque me parece ser esta a “queixa” de
Jesus em relação a Lei do divórcio, que tinha um embasamento religioso “no
princípio Deus os fez Homem e Mulher, e o homem deixará pai e mãe, se unirá à
sua mulher e os dois serão uma só carne”.
O texto é uma denúncia explícita sobre a “falsificação” que os
homens fizeram da união do homem e da mulher, idealizada pelo Criador. Ás vezes
deparo com casais em segunda união, cuja primeira fui eu quem assisti em nome
da Igreja, que fazem questão de dizer que agora sim, são felizes. Na
misericórdia ensinada por Jesus, não nos deve faltar a compreensão, mas lá no
fundo eu volto aos meus tempos de jovem e digo para mim mesmo “É do Paraguai,
não tem nada de original”.
Uma lei, mesmo de caráter religioso como era a Lei de Moisés,
nunca poderá permitir a separação do casal, porque vai contra o Plano do
Criador ao falsificar sua obra prima, tirando dela o seu traço mais original: o
amor ágape, da entrega e doação um ao outro, do amor que busca o bem e a
felicidade do outro, do amor capaz de renunciar-se a si mesmo, do amor que sabe
ser fiel sem que isso represente um peso insuportável, do amor que busca constantemente
o diálogo, a compreensão, o perdão, do amor que se alegra, que é sempre
caridoso e compassivo. Essas virtudes fazem da união conjugal o sinal mais
evidente do amor de Deus.
Na obra da criação nada há mais perfeito que o homem e a mulher,
pois os rios, florestas, montanhas e planícies, na sua beleza e esplendor
falam-nos de Deus, mas nunca serão à sua imagem e semelhança por isso, na
criação do homem e da mulher, toda a obra da Criação é exaltada e atinge o seu
cume.
Homem e mulher formam uma unidade perfeita, só comparável a
união de Cristo e da sua Igreja, como ensina o Apóstolo Paulo. O próprio homem
reconhece essa perfeição quando exclama, diante da mulher “Essa sim é osso dos
meus ossos e carne da minha carne”. Jesus não só confirma a legitimidade e
autenticidade dessa união, como a coloca em nível de sacramento, tornando-a um
sinal do Amor de Deus. Ninguém em sã consciência faltará ao respeito para com o
Pavilhão Nacional, mesmo porque se for feito em público, o transgressor sofrerá
punição da Lei, é isso que Jesus coloca como exortação a todos – Por isso o
Homem não separe aquilo que Deus uniu.
Os discípulos não entenderam toda a magnitude da comunhão de
vida entre o homem e a mulher, e em casa falaram reservadamente ao Mestre.
Jesus vai então deixar bem claro “O homem que deixar sua mulher e se unir à
outra, cometerá adultério contra a primeira, e se a mulher repudia o marido e
se casa com outro, comete adultério”.
Que nunca falte de nossa parte enquanto Igreja, a misericórdia e
o acolhimento a tantos recasados, mas que também não falte a eles, a humildade
de reconhecer que romperam um vínculo sagrado, preferindo falsificar uma união,
porque não acreditaram no poder e na força da Graça que um dia receberam no
altar, quando manifestaram diante de Deus a decisão de viverem juntos a vida
inteira.
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0373.htm#msg02
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