III-
Liturgia do 30.º Domingo do Tempo Comum– Ano B
Pouco antes de sua Paixão, Jesus
inicia o último trajeto de seu caminho de Jericó a Jerusalém, acompanhado dos
seus discípulos e grande multidão. Trata-se do grande retorno do resto do Povo
de Deus de que participam o cego e o coxo, a mulher grávida e a que dá à luz,
motivo de alegria e exultação para o profeta Jeremias (cf. 1ª leit., Jr
31,7-9). Este retorno da humanidade para Deus é realizado em Cristo Jesus, o
sumo sacerdote, tirado do meio dos homens e constituído em favor dos homens em
suas relações com Deus (cf. 2ª leit., Hb 5,1-6). Neste seu caminho decisivo
para Jerusalém, estava sentado à beira do caminho o mendigo Bartimeu. Ele era
cego. Percebendo que Jesus passava, começou a gritar: “Filho de Davi, Jesus,
tem compaixão de mim”. Muitos mandam que ele se cale. Mas ele grita mais alto
ainda, pedindo compaixão. Jesus se detém e diz: Chamem-no”. Chamaram o cego,
dizendo-lhe: “Coragem! Ele te chama. Levanta-te. Deixando seu manto, deu um pulo
e foi até Jesus. Estabelece-se o diálogo decisivo: “Que queres que eu te faça?”
O cego respondeu: “Mestre, que eu possa ver novamente”. Jesus lhe disse: “Vai,
a tua fé te salvou”. No mesmo instante ele recuperou a vista e seguiu-o pelo
caminho (cf. Mc 10,46-52). Este trecho deve ser compreendido no contexto da
iniciação cristã: ouvir Jesus como uma primeira expressão da fé; o processo de
aproximar-se; o despojar-se do homem velho, significado no manto. A
participação das outras pessoas e, finalmente, a expressão da aliança: de um
lado, a graça de Deus, representada pela recuperação da vista e, de outro, o
seguimento de Jesus Cristo ou o segui-Lo pelo caminho. Neste processo é
decisiva a fé em Jesus Cristo, o Filho de Davi. Sentir-se necessitado da
misericórdia de Deus, acreditar que Ele, por Jesus Cristo, nos pode restituir a
vista. E, depois, segui-Lo no caminho que leva a Jerusalém. Jesus escuta o
pobre, o cego à beira do caminho. Para curá-lo pede a colaboração dos seus
discípulos. Encontra os que o animam: “Coragem! Ele te chama. Levanta-te”. Mas
para aproximar-se de Jesus é sempre necessário deixar algo, nem que seja
somente o manto. Importante ainda que se queira ver novamente. Então, basta
confiar e corresponder: segui-Lo pelo caminho. Nós cristãos já fomos o cego à
beira do caminho. Cristo nos chamou e nos fez ver. Com alegria, pois, o
seguiremos no seu caminho. (Viver em Cristo - Frei Alberto Beckhauser, O.F.M)
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