GLÓRIA DE DEUS, VIDA DO HOMEM
A expressão acima é um resumo da frase de S. Irineu de Lyon: “a glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem consiste em ver a Deus”. Vamos refletir nessas duas realidades nesse dia de festa e alegria, pois Cristo ressuscitou, aleluia!!!
Romano
Guardini, famoso teólogo ítalo-alemão, afirmou no seu célebre livro “A essência
do Cristianismo” que “Cristo fala não somente com palavras, mas com todo o seu
ser. Tudo o que ele é, é revelação do Pai. Então é quando o conceito de
revelação alcança toda a sua plenitude. O racionalismo, que tanto influenciou
no pensamento cristão situa a essência da revelação no pensamento que se revela
e na palavra que o expressa. A palavra que a boca fala não é, porém, mais que
uma parte de uma palavra mais ampla, isto é, daquela palavra que consiste na
plenitude do ser. Cristo é a palavra, inclusive quando “não abre a boca e
quando não fala”. Toda a sua essência é palavra”.
Hoje,
neste domingo de Páscoa, o Cristo glorioso manifesta de maneira excelente o seu
ser e, desse modo, nos está revelando plenamente o poder do Pai nele e o quanto
ele pode no Pai. Cristo se manifesta e a sua auto-manifestação é, para nós, e
ao mesmo tempo revelação de Deus numa plenitude sem precedentes. Por outro
lado, é também revelação da humanidade glorificada em Jesus na sua novidade
mais radical.
Puxa
vida, será que eu falei difícil? Vejamos: o Cristo ressuscitado manifesta, de
maneira gloriosa, o poder de Deus em favor da humanidade. É Deus que irrompe
mais uma vez neste mundo fazendo com que o corpo morto do Senhor passe, sem
corromper-se, a um estado glorioso do qual participam todos os homens em Cristo.
Deus, que veio revelando-se há séculos aos seres humanos e em favor deles,
manifestou de maneira excelente qual era o fim das constantes preocupações de
Deus pelo homem: o Senhor, no seu amor, o queria salvar. Essa salvação não é
somente uma salvação temporal, dos males presentes. Trata-se de algo muito mais
profundo: Deus desce até o abismo da morte, até o mais profundo das misérias
humanas, para resgatá-lo e trazê-lo à vida. Como consequência desta profunda
libertação vêm também as distintas libertações que redundam em bem de toda a
sociedade temporal.
Contudo,
a Ressurreição não é só a manifestação de Deus em favor do homem, mas também é
a manifestação da glória à qual está chamada toda a natureza humana. O homem
foi criado para a felicidade, para a imortalidade, para estar eternamente com
Deus. Aquilo que o Concílio Vaticano II dissera de que só Cristo revela ao
homem o que é o homem, se manifesta, de maneira plena, na glorificação de
Jesus. Toda pessoa humana está chamada à plenitude de vida que Cristo manifesta
em sua humanidade glorificada.
Dizíamos
antes que a palavra é a plenitude do ser. Cristo, Palavra do Pai, é plenitude.
Cada um de nós também está chamado a manifestar a plenitude do próprio ser em
Cristo. Ser em outro poderia ser algo pobre; mas quando esse alguém no qual se
é nada mais é que o próprio perfeito Deus e perfeito Homem, então ser em
Cristo-Deus aparece como algo incomensuravelmente maior que ser em si mesmo e
segundo os próprios critérios.
Afinal,
quem pode fazer-se a si mesmo? É preciso começar a reconhecer essa verdade
basilar: somo criaturas! Num segundo momento, precisamos dar-nos conta de outra
verdade que enriquece toda a nossa vida: a nossa finalidade é a felicidade.
Somos seres finalizados, destinados à bem-aventurança eterna, à felicidade sem
fim. Ficaríamos verdadeiramente frustrados se não alcançássemos o fim para o
qual somos feitos e para o qual nos propusemos.
Rezando
hoje ao Todo-poderoso e Senhor Cristo Ressuscitado, nosso Deus e único
Salvador, reafirmaremos também a nossa esperança nele e a nossa fé firmíssima
de alcançar o fim para o qual ele nos criou. O dia de hoje foi feito para nós,
para que exaltássemos o nosso Deus ressuscitado e contemplássemos nele a glória
da nossa humanidade.
Vamos
também felicitar Nossa Senhora com a oração que lhe dirigiremos durante todo o
Tempo Pascal, o “Regina Coeli”:
V. Rainha
do céu, alegrai-vos, aleluia.
R. Porque quem merecestes trazer em vosso seio, aleluia.
V. Ressuscitou como disse, aleluia.
R. Rogai a Deus por nós, aleluia..
V. Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia.
R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente , aleluia.
Oremos. Ó
Deus, que vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do vosso Filho Jesus
Cristo, Senhor Nosso, concedei-nos, vos suplicamos que por sua Mãe, a Virgem
Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém.
Feliz Páscoa!
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0307.htm#msg01
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