Nesta noite, contemplamos a fidelidade
de Jesus ao Pai em seu grau máximo. Passando pelo sofrimento e a morte, foi
fiel ao projeto divino até o fim, até as últimas consequências.
A sexta-feira santa é um dia sagrado e solene,
mas também sóbrio e austero. Acompanhando os passos de Jesus, a Igreja faz
memória de sua Paixão e Morte na Cruz. A humanidade, sensibilizada e
reconhecida, para diante do Filho de Deus, nascido da Virgem Maria que passou a
vida fazendo o bem a todos. O justo é condenado por júri injusto: com
testemunhas falsas, torturas, autoridade lavando as mãos covardemente, cenas de
violência e de morte.
Hoje, o drama da Paixão de Jesus é o
drama do sofrimento do povo, sobretudo dos pobres e dos enfermos que, para
chegarem a um razoável atendimento médico, são obrigados a uma verdadeira via
crucis. São as imensas filas nas portas e nos corredores dos hospitais e nos
órgãos de atendimento público. É a dura realidade de nossos irmãos e irmãs que
vivem nas periferias e não tem acesso ao saneamento básico e à assistência de
Saúde Pública condizente com suas necessidades e com sua dignidade.
A sexta-feira santa nos ajuda a
contemplar o mistério do sofrimento e da cruz, que se levanta ante os olhares
humanos, e brota centelhas de fé e esperança para os oprimidos pela dor.
Jesus foi enviado ao mundo, não para
condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Ele não buscou a
morte, mas a vida plena. Contudo, não se pode dar a vida sem doação. A vida é
fruto do amor e germina onde há amor pleno, onde a doação de si é total. Não há
amor maior do que dar a vida pelos amigos. Amar é doar-se sem se poupar, até
desaparecer, a exemplo da vela acesa.
A morte é condição para que a vida se
manifeste. A morte de Jesus não deve ser vista como um acontecimento isolado da
sua vida, mas como ponto culminante de todo um processo de entrega de si mesmo.
A entrega total, no alto da cruz, é seu último gesto de doação e sela sua
definitiva entrega. O mistério da cruz revela o significado mais profundo do
amor e constitui-se numa resposta às perguntas decisivas para a existência
humana, especialmente sobre o mal e o sofrimento.
A pregação da cruz é loucura para os que
se perdem, mas para os que acolhem a salvação ela é força de Deus. A livre
aceitação da cruz atesta o amor do Filho pelo Pai e a confiança em sua obra de
salvação.
As artimanhas políticas e religiosas das
autoridades judaicas e romanas tinham por objetivo tirar a vida de Jesus. Na
verdade, permitiram que Jesus fosse elevado para Deus. Por isso, a narrativa da
morte de Jesus é feita com muita solenidade, pois quem morre é o Senhor da
vida, consciente da missão que tinha recebido do Pai. Ele, que tinha vindo da
parte do Pai, agora, realizada a missão que lhe fora confiada, retorna para o
Pai. A narrativa do drama da paixão do Senhor revela como a força da vida e da
ressurreição já estava presente e atuante na hora da própria morte.
Meus irmãos e minhas irmãs, a
sexta-feira santa não é um dia de luto e de tristeza. Nesse dia, a Igreja não
celebra um funeral, mas a morte vitoriosa do Senhor Jesus, geradora de vida
nova para os seus seguidores. Por isso, olhando para a cruz, a Igreja canta:
Vitória! Tu reinarás. Ó Cruz! Tu nos salvarás!
https://diocesevaladares.com.br/reflexao-sobre-a-paixao-e-morte-de-jesus-na-cruz/
Nenhum comentário:
Postar um comentário