REFLEXÃO DOMINICAL III
O Reino em Construção
A
comunidade sempre gosta de recordar a história da construção de sua igreja
templo, desde a primeira celebração para o lançamento e bênção da pedra
fundamental, até o dia solene e festivo em que a obra, totalmente acabada foi
consagrada pelo bispo diocesano e entregue ao povo de Deus.
Parecia
quase impossível que naquela grande área no final da rua, tomada pelo matagal,
em um terreno desnivelado, fosse surgir uma bela igreja, ladeada por uma bonita
praça, mudando o visual do bairro.
A
comissão de construção sob a direção do pároco, viveu momentos difíceis, as
obras ficaram paralisadas quase um ano, por falta de recursos, passaram-se
dias, semanas,meses, anos, marcados por muita luta, empenho, coletas,
promoções, eventos, rifas, bingos. Houve até divergências entre os membros e
alguns abandonaram a comissão, quase gerando uma crise na comunidade.
Mas
enfim, um belo dia a igreja ficou pronta e totalmente acabada. Quantas
histórias como essa a gente conhece ou até já viveu! O lançamento da pedra
fundamental foi muito importante mas, e se tivesse parado nisso? E se a
comunidade não tivesse “garra”, esperança e fé para levar adiante o projeto?
É maravilhoso participar de um projeto assim, que a
gente vê iniciar-se do “nada”. No meio do caminho há os que desistem, por causa
das dificuldades, há os que tomam posição contrária aos interesses da
comunidade, há os que fazem intrigas ou críticas destrutivas. Há os que faltam
com a caridade, amor, solidariedade, compreensão. Mas há aqueles que seguem
adiante, perseverantes e firmes, nenhum argumento contrário consegue fazer com
que desanimem.
E
um belo dia a vitória começa a delinear-se, conquistada com sofrimento,
sacrifício, suor e lágrimas. No futebol costuma se afirmar que, “ganhar de
virada é mais gostoso”, de fato, virar o jogo e inverter uma situação de
derrota, é coisa muito prazerosa, que nos proporciona uma incontida alegria.
A
construção do reino de Deus no meio dos homens, vai nessa mesma linha, quanto
mais dificuldades e sofrimentos na ventura desta vida, maior grandiosidade terá
a vitória. Mas é preciso ser firme, principalmente quando a força contrária
quer nos arrastar para o desânimo e o derrotismo.
A
derrocada da força do mal, contrária ao reino de Deus, já tinha sido anunciada
através dos profetas, entre eles Malaquias, que na primeira leitura desse 33º.
Domingo do tempo comum, afirma que o mal será queimado como palha e não ficará
nem raiz e nem ramo, mas para quem teme o nome do Senhor, irá nascer o sol da
justiça trazendo salvação.
Uma
montanha de palha pode causar admiração pelo volume, mas não tem consistência
alguma ,bastando apenas um palito de fósforo e toda aquela palha já era. Mas é
preciso acreditar que o bem é maior que o mal, é preciso ter ousadia e
fidelidade ao evangelho, para acender o palito que destruirá o mal.
Por
isso o evangelho, dentro do gênero literário chamado apocalíptico, estimula as
nossas comunidades a continuarem firmes e perseverantes na fé, participando do
reino novo inaugurado por Jesus, porém, deixa claro que a salvação não se
realizará se o homem não colaborar, por isso Deus fez aliança com o seu povo.
Jesus é a pedra fundamental perfeita, que os construtores rejeitaram, mas que
foi tomada por Deus e colocada como alicerce de uma nova humanidade,
sacramentando nele uma nova e eterna aliança.
Inúmeras
vezes Jesus comparou o reino a uma semente, semeada no meio da humanidade,
restando muito trabalho pela frente, e isso supõe a tarefa e a missão de cada
cristão neste mundo. Ninguém pode ficar na ociosidade esperando passivamente a
segunda volta do Senhor, na segunda leitura o apóstolo Paulo condena com
veemência essa “vagabundagem” espiritual de alguns membros da comunidade de
Tessalônica, muito ocupados em não fazer nada, só esperando pelo grande dia.
Ser cristão e pertencer a uma igreja é comprometer-se em construir o reino a
cada dia, se não ligarmos Fé e Vida, em todas as suas dimensões, nossas
celebrações e nossos cultos, não terão nenhum sentido.
É
em meio a este cenário de mentiras e enganos, de todos os dramas e as misérias
humanas, de grandes catástrofes e acontecimentos trágicos e pavorosos. No meio
de toda esta turbulência, o discípulo de Jesus deve permanecer firme, sem
deixar-se levar pelo engano, ou desânimo, nem a traição de parentes ou amigos,
porque a vida é maior que a morte, o amor é maior que o ódio, e o mal não
resistirá a força da palavra e do testemunho do evangelho.. Por ora estamos no
meio do caminho, coloquemos mãos a obra, esta causa vale a pena!
José da Cruz é Diácono
da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
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