HUMANIDADE DE JESUS
Ano litúrgico: o ano B dedicado ao evangelho de São
Marcos
A Igreja local em que foi escrito este Evangelho
estava enormemente aberta à missão, ou seja, ela se encontrava comprometida com
o anúncio e com os ensinamentos de Jesus aos pagãos. Considera-se, pois, que
tais missões apostólicas possuíam caráter itinerante de modo que aqueles
cristãos se colocavam no caminho e realizavam sua missão sempre de dois em
dois. Além disso, o local de pouso desses homens eram mais comumente as casas
dos outros cristãos ao longo do percurso. Assim, a evangelização era difundida
por toda a parte, de casa em casa.
São Marcos o evangelista do ano B
Durante muitos séculos, as
leituras nas Missas dominicais eram retiradas, na maioria
das vezes, do Evangelho de Mateus. Após a renovação litúrgica feita pelo
Concílio Vaticano II, houve uma importante reestruturação na escolha dos
Evangelhos que seriam proclamados aos domingos. Dessa forma, o Evangelho de
Marcos tornou-se o “Evangelho do ciclo B” lido, geralmente, de janeiro a
novembro a cada três anos, por exemplo, 2021, 2024, 2027, 2030 etc.
Para nos aprofundarmos um pouco
mais, os temas desenvolvidos na narrativa do Evangelho de Marcos não apenas
tinham grande apelo para a comunidade cristã de sua época, mas possuem, ainda
hoje, enorme importância para a comunidade cristã dos nossos tempos. Assim,
torna-se salutar para todos os cristãos a meditação de alguns temas presentes
neste Evangelho, por exemplo, a humanidade de Jesus, a confiança como o centro
do discipulado e a atitude de serviço que cada cristão deve se colocar. Com
isso, a experiência litúrgica do Evangelho de Marcos pode ser bastante
formativa, especialmente no que diz respeito ao tão necessário chamamento
diário ao serviço do reino, marca do cristão.
Com relação à humanidade de Jesus, Marcos é aquele que soube a
narrar de maneira mais cristalina. Em seu Evangelho, encontramos um Jesus que
se entristecia, se indignava e até mesmo se irritava (cf. Mc 3,5). Assim, Jesus
é apresentado como um ser humano verdadeiro a ponto de ficar, muitas vezes,
desanimado por não conseguir fazer com que os discípulos compreendessem sua
missão. Além disso, esse Jesus, embora fosse Deus, era bastante acessível
porque experimentou como os demais seres humanos desapontamentos, alegrias e
tristezas.
Se acompanharmos bem atentamente
o desenvolvimento desse evangelho na liturgia da Palavra deste ano de 2021, perceberemos
que a confiança em Deus é o sinal mais verdadeiro daquele que é discípulo de
Jesus Cristo. Cabe aqui, uma pergunta: “até que ponto somos capazes de
depositar a nossa confiança em Deus?”. Este evangelho nos exorta que esta
confiança em Jesus precisa ser radical e irrestrita, independentemente daquilo
que possamos estar vivenciando.
Por fim, o terceiro apelo que pode ser percebido no
Evangelho de Marcos relaciona-se à atitude de serviço. O cristão é aquele que
se coloca como o “escravo de todos”. Atualmente, no mundo em que vivemos, esta
atitude de humildade é completamente incompreensível tendo em vista a tão
disseminada ideia de que o servo, o criado não passa de um subalterno
insignificante. Contrapondo este pensamento secular, Jesus se apresenta como
aquele que serve os outros em vez de ser servido. Não é a toa que encontramos a
seguinte passagem nesse Evangelho: “[…] aquele que dentre vós quiser ser
grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós,
seja o servo de todos.” (cf. Mc 10, 43-44).
Nestes
dois breves artigos, tivemos a oportunidade de conhecer de maneira geral os
Ciclos Litúrgicos e, mais detalhadamente, algumas características do Ano B.
Contudo, seria impossível abarcar todo o seu conteúdo, sua importância e beleza
em tão poucas linhas. Sendo assim, quero te convidar a vivenciar com muita
atenção e fervor tudo aquilo que a Santa Liturgia nos oferecer como alimentos
neste ano. Certamente, seremos nutridos e fortificados por eles para podermos
levar a cabo a missão a qual Deus nos confiou.
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