REFLEXÃO
DOMINICAL I
MARIA, CONTUDO, CONSERVAVA TODOS ESSES ACONTECIMENTOS E
OS MEDITAVA EM SEU CORAÇÃO
Há oito dias, fomos testemunhas do nascimento
terrestre do Filho de Deus como Homem, Deus-Verbo, nascendo em Belém de Maria,
Virgem. Ele que entra na história submete-se à lei do fluir humano e encerra o
passado: com Ele tem fim o tempo de expectativa, isto é, da Antiga Aliança e
abre o futuro: a Nova Aliança da graça e da reconciliação com Deus. Mediante o
mistério do nascimento de Deus no tempo, mediante a evocação dos acontecimentos
de Belém, separamo-nos do ano "velho" e entramos no ano “novo”. Hoje,
no último dia da oitava do Natal, a atenção da Igreja cheia da mais profunda
veneração e de amor, volta seu olhar à maternidade de Maria, isto é, daquela
que deu ao Filho de Deus a natureza humana e a vida humana. Foi graças a ela
que nós hoje pronunciamos o nome de Jesus, afinal, foi neste dia que tal nome
foi posto ao Filho de Maria (cf. Lc 2, 21). Isto marca definitivamente a
identidade de Maria: ela é “a mãe de Jesus”, ou seja, a mãe do Salvador, do
Cristo, do Senhor, Mãe de Deus (Theotokos). Jesus não é um homem como qualquer
outro, mas é o Verbo de Deus, uma das Pessoas divinas, o Filho de Deus. O novo
ano começa, portanto, sob o signo da Santa Mãe de Deus. O olhar materno é o
caminho para renascer e crescer; para dar-nos conta de que sempre podermos
contar com a intercessão daquela que nos trouxe o autor da vida, Jesus Cristo.
Maria é a mulher da atitude meditativa, a expressão duma fé madura, adulta, não
inicial; duma fé que não é recém- -nascida, duma fé que se tornou geradora. A
Virgem rezava, a Virgem pensava nos acontecimentos à luz de Deus, na presença
silenciosa do Senhor, procurando entender o sentido profundo do que acontecia
ao seu redor. Somente quem faz assim pode ver sempre Deus em todas as coisas e
em todas as circunstâncias. “Maria, contudo, conservava todos esses
acontecimentos e os meditava em seu coração” (Lc 2,19). Esse versículo é
princípio de piedade filial para todos aqueles que querem progredir na vida
espiritual: na escola de Maria aprendemos o silêncio, a meditação e a paz. Em
cada pessoa, o desejo de paz é uma aspiração essencial e coincide com uma vida
plena e feliz. Em outras palavras, o desejo de paz corresponde ao princípio
moral fundamental, ou seja, ao desejo de um desenvolvimento integral, social,
comunitário, e isto faz parte dos desígnios de Deus para a humanidade. A paz,
por sua vez, não diz respeito à falta de conflitos, mas à capacidade de agir
apesar deles. A paz nos dá coragem para enfrentar os desafios, de ultrapassar
as fronteiras, de ir além dos limites que nós mesmos criamos. É esta a paz
interior que encontramos em Maria: paz que mesmo diante do tumulto e confusões
da história, de acontecimentos cujo sentido muitas vezes não somos capazes de
compreender, vencemos contemplando o Filho Jesus, Príncipe da Paz. No início do
Ano Novo, coloquemo-nos sob a proteção da Santa Mãe de Deus, que é nossa mãe.
Que Ela nos ajude a guardar e meditar tudo, sem ter medo das provações, na
certeza de que o Senhor é fiel e sabe transformar as cruzes em ressurreições.
Que Ela nos ajude e nos acompanhe neste novo ano; que ela obtenha para nós e
para o mundo inteiro o dom da paz. Amém!
Dom Cícero Alves de
França Bispo Auxiliar de São Paulo
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-48b-08-santa-maria-mae-de-deus.pdf
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