"POR QUE
É TÃO DIFÍCIL
PERDOAR E AMAR NOSSOS INIMIGOS: RESSIGNIFICANDO O CONCEITO
DE 'SENSIBILIDADE'"
[Texto Integral]
"Humanas actiones, non ridere non
lugere, neque detestare:
sed intelligere
[Baruch Spinoza]
Lindolivo Soares Moura(*)
A máxima que
impulsiona a presente reflexão foi mantida em sua versão original
"latínica" da época, século XVII, na expectativa de que a curiosidade
por traduzi-la possa levá-lo a interagir mais profundamente com seu conteúdo.
"Ninguém pode aprender senão aquilo que ainda não sabe", ensinam os grandes
mestres. A Filosofia e o filosofar, segundo se ouve dizer, teriam nascido de
três sentimentos ou atitudes tipicamente humanas, distintas entre si mas
profundamente interrelacionadas: contemplação, estupefação, e desejo de
compreensão. Quando tais sentimentos ou emoções estão ausentes, ou por uma
razão qualquer são exorcizados, o ser humano tem a integridade de seu ser
reduzida e comprometida, passando a ser confundido com a característica
puramente "animal" de sua identidade, e não mais com a essência
verdadeiramente "humana" de sua personalidade. Ora, se até o divino é
concebido como "logos" - verbo, palavra, comunicação - por que
deveria ser diferente com o humano, que de acordo com as Escrituras
consideradas sagradas teria sido criado à sua "imagem e semelhança"?
Não faria sentido! Fica portanto, sob sua responsabilidade, procurar pela
tradução e o significado das palavras de Espinoza, e desde já advertido de que,
não o fazendo, sua compreensão do presente conteúdo resultará certamente comprometida!
Mas se você resolveu investir nessa "viagem" que estamos
empreendendo, suponho que não seja esse seu propósito. Bora lá, então, buscar
rapidamente a tradução. Se já o fez, ou o que seria ainda melhor, se possui o
conhecimento necessário para fazê-lo, "tempus fugit!": hora de seguir
em frente.
Confesso que sempre
me senti muito tocado - "afetado" talvez seria o termo mais adequado
- pela imagem que estampa a capa de
certos livros de filosofia, na qual
mestre e discípulo - Platão e Aristóteles - aparecem lado a lado, provavelmente à saída
da prestigiada "Academia". Na imagem ali estampada, um dos mestres,
Platão - de acordo com Hegel, "se a humanidade tem mestres, estes são
Platão e Aristóteles" - é retratado apontando com o dedo indicador para o
alto, imagina-se que indicando o mundo transcendente de suas "essências
perfeitas e imutáveis" - enquanto
seu discípulo, Aristóteles, faz o mesmo, só que apontando para baixo - supostamente indicando a terra, e não o céu,
como o campo primeiro e necessário de toda
e qualquer investigação. Poucos amantes
e aficionados pela filosofia se atentam
como se esperaria, e levam a sério como se deveria, essa estratégia de
retratação. Consequentemente, acabam conferindo a ela importância reduzida e
aquém do que ela de fato requer e merece. Talvez isso se compreenda melhor em
razão do fato de que muitos de nós sejamos bem mais propensos ao exercício da
razão e da racionalidade - nada contra, naturalmente - que ao exercício dos
afetos e da sensibilidade. É preciso que as cenas sejam chocantes e impactantes
para que nossa sensibilidade se deixe aflorar, subir "à flor da pele"
como se costuma dizer. Um pôr do sol desperta olhares contemplativos e
extasiados, e somos por ele facilmente
seduzidos e impactados. Em contrapartida, a cena de um ser humano
disputando com cães e gatos os restos de comida em um latão de lixo pouco ou
nada desperta em nossa consciência ou mexe com nossa sensibilidade. Algo que
vai se tornando cada vez mais comum e
absolutamente "normal e natural", deixando porém preocupados aqueles
de sensibilidade mais apurada. Frente a cenas do tipo nossos sentimentos e
nossas emoções acabam descambando rápida e facilmente para a apatia e a
indiferença. Talvez esteja na hora de surgir um novo Hemingway a nos interpelar
"por quem dobram os sinos?", para que nos despertemos e nos
apercebamos de que seu repicar ressoa não apenas por alguém que se vai e nos
deixa, mas também por todos e cada um de nós. Afinal, quer queiramos quer não,
é um pouco da nossa humana "humanidade" que escoa pelo ralo quando
seres humanos são sacrificados e eliminados aleatória e indiscriminadamente -
com todo respeito pelas demais raças - como se fossem cães e animais selvagens.
Quando a capacidade de sensibilizar-se começa a dar sinais de cansaço nos
indivíduos, toda a espécie começa a ficar ameaçada, pois é de seres humanos -
carne e osso, alma e coração - que a humanidade é feita, construída e
constituída, e a capacidade de sensibilizar-nos talvez seja "ainda" o
nosso grande e melhor diferencial. Parafraseando Albert Eistein, "a
sensibilidade é a emoção mais bela e mais profunda que podemos ter. É a
precursora da verdadeira sabedoria e da mais pura iluminação. Aquele para quem
tal emoção se encontra reprimida, aquele que não consegue mais ser tomado de
assombro diante do fenômeno que é o ser
humano, está praticamente morto".
Resolvi refletir e
escrever algo sobre sensibilidade levado
mais pelo temor - antes que pela esperança - de que essa fonte se extinga de
vez e de uma vez por todas! Se nossos vínculos e relacionamentos já não andam
lá essas coisas com o pouco de sensibilidade que nos resta, fica difícil
imaginar como poderiam vir a ficar caso ela resolva partir de vez, sem hora e
razão suficiente para retornar. Como nos lembra Bruna Lombardi, "é bom não
abusar da paciência das pessoas boas. Elas podem te perdoar mil vezes, mas são
também elas que quando decidem ir embora costumam partir para nunca mais
voltar!". Ao decidir trazer à tona, a sensibilidade, meu lado um tanto
polêmico e contestador suscitado por meu "daimon" interior sugeriu-me
trazer também, à luz, certo número de
questionamentos e provocações. Sei que muitos preferem o silêncio e a quietude
de suas puras, brancas e belas almas! Mas quando tais sentimentos e emoções
denotam fuga e escape, isso pode ser perigoso; mais que isso,
"desastroso"! Sobretudo quando aquilo que está em jogo reclama por
coragem e enfrentamento. Silêncio e quietude em determinadas horas, e sobretudo
diante de determinadas situações, podem ser sinônimo de fraqueza e até de
covardia. Como dizia Gonçalves Dias, "a vida é luta renhida, que os fracos
abate e os bravos e fortes só faz exaltar!". Impulsionado por esse desafio
e por essa inquietude, trago para o palco de nossa reflexão o difícil tema relacionado
ao mais complexo dos desafios: perdoar e
amar nossos desafetos e nossos inimigos, e não somente aqueles que nos amam e
nos tratam e querem como amigos. Nossa tendência natural não é esta; nunca foi!
Pelo contrário, como muito bem o perceberam os chineses com suas tradições
milenares, nosso impulso imediato é o de "deitar fora a criança junto com
a água suja". Pelo menos quando na bacia estão não ingênuas e inocentes
criaturas, e sim criminosos horrendos, estupradores, terroristas e torturadores repugnantes. Não
nascemos preparados para isso, e tampouco somos um Buda, Maomé ou Jesus Cristo!
Falta-nos sensibilidade e sobram argumentos e racionalizações para justificar
nosso "tratamento de choque" dispensado a pessoas desse tipo e
situações dessa natureza! Depois, claro, voltamos a descansar e a dormir
sossegadamente, cada um no seu canto e munidos de respostas ácidas e
convincentes para com quem ouse ameaçar nosso sossego e nossa paz de espírito.
Depois de ser exaustivamente constrangida a encontrar lógica e coerência para
nossos absurdos e loucuras, nossa mente, cansada, acabou por aprender a criar
estratégias altamente eficazes para entorpecer nosso espírito e amordaçar nossa
consciência. "Zumbis, zumbis, zumbis", como diz a canção interpretada
por Dolores O'Riordan.
"Se não
consegues amar, cessa ao menos de odiar", é o que sugere André
Comte-Sponville em seu "Pequeno Tratado das Grandes Virtudes",
sobretudo quando somos chamados a lidar com o que a humanidade tem de pior,
mais repulsivo e repugnante: crimes bárbaros, pecados capitais e delitos
hediondos. Cessar de odiar com certeza já representa um bom começo, mas por
vezes nem isso parece assim tão fácil de ser alcançado. De qualquer forma, se
amar pode ser difícil em casos e situações do tipo, começar pelo menos exigente
e mais ao nosso alcance pode estar mais de acordo com nossa natureza frágil,
imperfeita e limitada. Humanos que somos, sempre vulneráveis a paixões
avassaladoras e pouco ou nada dispostas a compreender e perdoar como
deveríamos, precisamos de tempo, ajuda, socorro, e não raro uma
intervençãozinha da graça quando a tarefa parece árdua e humanamente impossível. De uma vez só, e a
curto prazo, a tendência é quase sempre que o caldo entorne e a violência ocupe
a cena. Muitas vezes é preciso tempo e calma para se pensar e refletir melhor.
Refletir, por exemplo, nessa espécie de "máxima de ouro" deixada pelo
sempre crítico e polêmico Nietzsche: "quem esquece - ele afirma - fica
curado!". A quem lhe oferecia mil moedas de prata para que lhe ensinasse a
lembrar, o mestre de pronto respondeu sem hesitar: "te darei outras mil,
se me ensinares a esquecer". De fato, quem disse que é fácil esquecer!? E
quando não se deve e não se pode, o que se pode ou se deve fazer!? Nesse caso a
situação parece ficar ainda mais complicada! Pode-se ou deve-se esquecer Alchwitz!? Ignorar as fogueiras e os
"churrascos" regados a carne humana e a céu aberto, proporcionados
pela "santa" inquisição!? Como se poderia!? Jamais! Não se pode e nem
se deve! Perdoar, então...! Aí a complexidade aumenta de vez! Mas talvez esteja
aí um primeiro e grande equívoco a ser evitado. Dizer que só se perdoa de fato
quando se consegue esquecer de vez, é um erro lamentável que precisa ser
corrigido, e que, independentemente de quando
o seja, para muitos já vem tarde. Apunhalado pelas costas por um fanático, Espinoza - o mesmo do pensamento em
latim que você ainda não traduziu - conservou furado por durante toda sua vida
seu gibão de couro. Dá para imaginar o porquê!? Se não, eu lhe digo: para que nem
ele e tampouco seus admiradores -
"seguidores", dir-se-ia hoje, nesses tempos altamente tecnológicos -
se esquecessem tanto do acontecimento em si, como, mais ainda, da lição por ele
sugerida! Perdoar não é, portanto, necessariamente "esquecer", ainda que
em muitos casos, como afirma Nietzsche, esquecer e ser curado sejam
praticamente sinônimos, pois parecem obedecer a uma perfeita relação de causa e
efeito. Inclusive podem existir erros e delitos cujo esquecimento seria no mínimo faltar com a fidelidade às
vítimas - no caso do nazismo e da inquisição, por exemplo - além de ser também
tolice e falta inaceitável para com a prudência e o bom senso. Perdoar
portanto, ao contrário do que se pensa e muitas vezes se diz e se ensina, não
significa necessariamente esquecer ou "fazer de conta" que o dano ou
a ofensa não existiram. "Nem Deus - afirmava Espinoza - pode fazer com o
que aconteceu não o tenha sido", quanto mais o ser humano! Bem diferente
disso, e bem mais que isso, perdoar é acima de tudo cessar de odiar, fazer
triunfar a misericórdia sobre o ressentimento, sobre o ódio 'justificado',
sobre o rancor, sobre o sentimento e o desejo de vingança que a falta ou a
ofensa perpetraram. Mas, como muito bem nos lembra André Comte-Spinville, se a
misericórdia e o perdão são reservados apenas e tão somente para crimes e
delitos de menor monta, pecados leves e veniais - "bagatelas" ou
"ninharias", como se diz - deveríamos nos perguntar para que então
servem de fato a misericórdia e o perdão. Ou que valor deveríamos em tais casos
atribuir a eles. Sensibilidade manca é sempre certeza de ataques cruentos e
retaliações igualmente sangrentas. Não
importa que a isso se dê o nome de "guerra santa" e "legítima
defesa": vulneráveis e inocentes sempre acabarão pagando a conta. Ou o
pato, na versão da sabedoria popular! Ou o "faisão", na
"sub"versão dos abastados e financeiramente bem dotados.
Outro erro
lamentável, para não dizer "desastroso", no qual costumam incorrer
inadvertidamente os profetas da misericórdia e do perdão, consiste em
condicioná-los ao "merecimento", como se fosse impossível - uma
verdadeira injustiça - o perdão concedido em ausência dessa pré-condição.
"Não perdôo porque ele - ou ela -
'não merece!'". Já ouviu algo do tipo? Ou quem sabe tenha você mesmo pronunciado
tal barbaridade! Ora, misericórdia!!! Se o outro "merece", não
fazemos mais que a estrita obrigação quando supostamente "perdoamos"!
Se o outro "merece", não estamos de forma alguma demonstrando
misericórdia, perdoando uma dívida, e sim pagando ou ressarcindo por um débito
contraído! "Rimetti a noi i nostri debitti come noi gli rimettiamo ai
nostri debittori", rezam os italianos na Oração do Pai Nosso. A
misericórdia que acarreta o perdão é, exatamente, exclusivamente, e justamente
para quem "não merece", para quem está em dívida ou débito para
conosco, para quem nos causou um dano ou uma ofensa e não tem como nos
"pagar", ressarcir ou compensar, e exatamente por isso, e nessa
peculiar condição, roga e suplica por nossa misericórdia e nosso perdão! Quanto
mais danosos e gravosos o erro ou o crime, o pecado ou o delito, tanto mais a
misericórdia e o perdão se mostram necessários! Aí vem você e diz: "Ah!,
mas ele não merece!"! Pronto! Lá se vai a vaca para o brejo! A vaca para o
brejo e quem errou, desesperançoso e desesperado, pular da ponte, saltar de um
precipício, ou sabe-se lá Deus que outro tipo de fantasia suicida mais!
"Afinal, que tipo de amor é esse!?", deveríamos perguntar. Amor
raquítico, franzino, mixuruca! Amor - se é que tal denominação ainda é cabível
- que requer ser revisto e reavaliado "urgentemente"; amor que
precisa ser "ressignificado", e se for o caso
"rematrizado". Será esse o tipo e a dimensão do amor que você traz
nesse coração bandido!? Amor que de ágape ou de gratuídade não tem nada!? Ou,
quase nada!? Amor com o qual você não consegue perdoar senão umas coisinhas
pequenas, mixurucas, bagatelinhas! Já nem mais "bagatelas" são! E
depois, lá vem você dizendo que é "filho de Deus", "imagem e
semelhança do Criador", "obra prima da criação" e toda uma
parafernalha de figurações fantasiosas que só Deus sabe de onde foram
retiradas! Que Deus é esse!? Isso nem Deus é! Isso é simulacro!Aproveite, para
quando você for traduzir a frase de Espinoza, e verifique também o que é isso,
esse tal de "simulacro"! Mas se a preguiça está consumindo você,
substitua aí esse "palavrão" por "ídolo", "coisa
falsa", "imitação barata", tudo isso cabe, tudo isso serve! Só
não deixe de rever o quanto antes essa
concepção pobre, raquítica e mesquinha de "só perdôo quem merece!".
Se continuar apegado a essa filosofia barata de um e noventa e nove, não
conseguirá perdoar é ninguém!
Com você que
está aí quietinho, quietinha, talvez a
coisa não seja bem assim, não é verdade? Convite feito para crescer e você talvez
tenha se adiantando e foi logo se
justificando: "já cresci! Graças a Deus e felizmente!". Se é assim,
então nesse caso a pergunta é outra; mais exigente e mais à altura de sua
estatura, claro! Então vamos lá: usaria de misericórdia para com um assassino
em série!? Perdoaria um estuprador que não sente um pingo de remorso pelo que
faz!? Se reconciliaria com um psicopata contumaz!? Daria uma nova oportunidade
a um sequestrador que levou para sempre um ente querido seu!? Já basta, não é
verdade!? Daqui pude ver você balançando a cabeça e abrindo uns olhos
"desse tamanho"! Ué, não disse que tinha crescido!? Foi você quem
disse, fui eu não! Pode começar aí, sua ladainha de racionalizações e
justificativas! Se não for muito longa, eu espero! E então, de onde devemos
partir agora!? Será que eu ouvi você dizer que "não"!? Que com essa
"turminha" que eu listei, você sente muito mas não tem conversa!? Ok! Então o melhor talvez seja
fechar pra balanço! Termina aqui a reflexão! Caso você mude de ideia, depois a gente
reabre a discussão! Continua aí!? Ainda!? Está bem! Então vamos continuar
refletindo juntos! Tente responder a algo mais fácil, desta vez! Reconheço que
apertei muito, a corda no pescoço! Pergunta básica, então: por que parece tão
difícil - para muitos, verdadeiramente "impossível" - perdoar pessoas
que cometem crimes graves, pecados capitais e delitos hediondos!? Ainda difícil
responder!? Ok! Então prossigamos! Quando o Mestre diz: "quem não tiver
pecado, que atire a primeira pedra!", muita gente só fica calada e aquieta
o facho enquanto perdurar o que costumo chamar de "processo de
identificação". Ou seja, enquanto no fundo no fundo, se puder dizer de si
para si mesmo: "já fiz algo parecido um dia!". Ou então:
"poderia ter acontecido comigo ou com alguém que eu amo!". Ou ainda:
"e se um dia isso vier a acontecer comigo ou com alguém da minha
família!?", a gente consegue reter as pedras nas mãos. Isso é o que estou
chamando de "tolerância ou perdão por identificação"! Até aí a gente
vai, a gente aguenta, a gente suporta! Mas quando a corda vai sendo apertada
cada vez mais, e a possibilidade de identificação diminuindo, cessando, até
finalmente desaparecer por completo, pronto! Lá vai pedrada e cacetada! O caldo
entorna e a tolerância zero mostra a cara! "Eu, hein! Sequestrador, estuprador, terrorista, 'serial killer'! Tá
doido!? Você só pode estar brincando!". E enquanto o andar da carruagem
dos crimes hediondos e pecados capitais que vão completando a lista, vai
seguindo em frente, o andor da compreensão e das virtudes necessárias para se
perdoar atola na lama, empaca de vez, e não avança mais nem por decreto! A
racionalização ouve o recado, entra em cena, propõe uma lista interminável de
razões e justificativas para o empacamento, e já era: "omnia consummatum
est!" - "tudo está consumado!".
Consumado está, no
que se refere à saga do Mestre! Mas no que diz respeito à saga dos discípulos
muita água ainda precisará rolar e passar por debaixo dessa ponte! O desenlace
em relação à consumação do Mestre, se você se lembra bem, chegou a termo com um
gesto de tamanha nobreza, que nunca mais seria esquecido e continua até hoje
sendo lembrado: "Pai, perdoai-lhes, pois eles não sabem o que
fazem!". Pagava com a própria morte o que em vida havia ensinado! Mas,
aqui entre nós, tem um porém aí! Se o Mestre diz que seus algozes "não
sabiam o que faziam", então não se tratava de aplicar punição ou perdão, e
sim de proceder à devida correção! Antes de se punir ou perdoar quem quer que
seja, por qualquer pecado ou erro que se cometa, há que se ter ensinado antes a
fazer a coisa certa! Erro requer correção, e não punição; ou, se se optar por
perdoar, perdão. Se o raciocínio segue em frente, a coisa vai ficando um pouco
mais complicada! Melhor então parar por aqui! O grande Sócrates, apesar de toda
sua grandeza, parece ter também ele caído numa trampa semelhante à do escritor
"sagrado". "Saber é virtude, ignorância é vício!", foi o
que ele, Sócrates, disse! Mas sabemos que não é bem assim, não é verdade? Quem
dera se fosse! Bastaria saber o que é certo, e pronto! Num passe de mágica a
pessoa se tornaria um exemplo de virtude! Ora, essa equação nem sempre funciona
dessa maneira. Da mesma forma que a ignorância por si só nem sempre conduz ao
vício, também o saber por si só tampouco acarreta virtude! Afinal, os interesses e as paixões humanas,
onde é que ficam nessa história!? Fora dela é que não! E nós, onde é que
ficamos!? Erro não se perdoa, erro se corrige, dizíamos nós! Então por qual motivo
o Mestre teria dito: "Pai, 'perdoai-lhes', pois eles 'não sabem' o que
fazem!"? O correto não teria sido que alguém lhes tivesse ensinado antes a
coisa certa!? "Instrui-os ou suporta-os", ensinava o imperador romano
Marco Aurélio! Depois de haver aprendido o que é certo, caso ainda assim a ação
errada continui sendo praticada, aí sim, cabe lugar tanto para a punição
quanto, se assim se preferiu, para o perdão. Restarão sempre as duas
alternativas, entre outras, como opção.
Mas vamos deixar isso
quieto, por enquanto. Vai que tenha sido lá algum equívoco de tradução ou uma
escorregadela da inspiração! Jesus já estaria por demais exausto àquela altura,
para conseguir se manter focado nessas minúcias e figurinhas de linguagem!
Acontece! A pergunta mais importante, entretanto, ainda continua por ser ao
menos satisfatoriamente respondida.
Voltemos a ela, portanto: por quais razões é de fato tão difícil, para
muitos verdadeiramente impossível, usar de misericórdia e de perdão para com
aqueles que cometem pecados tão graves e crimes tão hediondos, que parecem
inviabilizar ou não permitir qualquer tentativa de identificação!? A sabedoria
popular talvez indagasse de outra forma: por que é que "Deus perdoa
sempre, os seres humanos algumas vezes, e a natureza nunca?". Procuremos
compreender melhor essa questão. A coisa funciona mais ou menos assim: Deus tem
pelo menos dois grandes motivos - melhor seria dizer, duas "razões
suficientes" - para perdoar "sempre". E sempre é sempre; sem que
se queira aventar qualquer história de purgatório e inferno como estratégia e
parte da solução! Em termos de religião e fé, tudo bem, fique-se à vontade para
acreditar no que se preferir e se achar melhor! Fé é fé! E "toda fé - no
dizer de Lou Marinoff - é apaixonada, impulsionada pela paixão e distanciada da
razão". No que com ele concorda plenamente Bertrand Hussell: "homens
cruéis acreditam num Deus cruel, e farão uso de sua crença para justificar sua
crueldade! Homens bons, acreditam num Deus bondoso, e serão bondosos de
qualquer jeito!". Por via da razão e da lógica, entretanto, é impossível
defender a existência desses lugares tenebrosos e repletos de sofrimento
infinito! Sinto muito! Sinto muito, e graças a Deus, há que se reconhecer!
Chega a me dar arrepios! "A mim também me fez o Amor Eterno", deixou
registrado Danti no frontispício da entrada do seu inferno. Não do seu, do
dele! Relaxe! Aliás, essas realidades não "casam" bem com Deus
nenhum! Quanto mais com um Deus cuja compreensão é perfeita e absoluta, e cuja misericórdia é infinita e
incondicional! Voltando e refazendo o gancho: Deus perdoa sempre, dizíamos, por
dois motivos ou por duas razões suficientes. A ordem entre elas não faz a
mínima diferença! Mas vamos falar primeiro, e rapidamente, do "amor"!
Sendo o amor divino "ágape puro", isto é, absoluto, infinito e
incondicional, não há sequer como Deus não perdoar! É como se Ele não tivesse
escolha, como se lhe não fosse dada outra opção! Isso mesmo: se não perdoa,
deixa de ser o que é, pois é próprio do Amor Absoluto, Infinito e Incondicional
- até fiz questão de registrar tudo com iniciais maiúsculas, percebeu? -
perdoar sempre, e jamais estar ou ser condicionado ou "engessado" por
quem quer ou pelo que quer que seja! Conclusão absolutamente necessária:
"Deus perdoa 'sempre'"! Atento para as "aspinhas" do
"sempre"! Perdoa sempre,
frisemos, porque o amor do qual Ele se reveste é Ágape Puro, Absoluto, Infinito
e Incondicional! E ponto final! Quando determinado Pontífice fez certa
afirmação, proclamando que "Deus perdoa sempre, nós é que por vezes nos
esquecemos de suplicar pelo seu perdão", poderia até ser que não estivesse
pensando, naquele exato momento, nos motivos e nas condições para que isso seja
possível, mas com certeza afirmou algo absolutamente certo: "Deus - em
existindo, ressalva seja feita - perdoa sempre!". E perdoa porque ama
Gratuita, total e incondicionalmente! Amém!
Segundo motivo, do
qual sequer seria necessário lançar mão, já que o primeiro basta e resulta
absolutamente suficiente. Deus perdoa sempre porque, sendo
"onisciente", isto é, conhecedor e capaz de compreender tudo e todas
as coisas de forma absolutamente consciente, "tudo e a todos perdoa
absoluta, infinita e incondicionalmente". Complicou de vez!? Então observe
com mais foco e atenção. Se o amor ágape tudo perdoa - absoluta, infinita e Incondicionalmente,
como o afirmamos anteriormente - também a compreensão total e absoluta das
razões, dos porquês e das intenções não permite outra opção senão esta:
"perdoar absoluta, infinita e incondicionalmente"! Em tais
circunstâncias, e sob o impulso de tais condições, não resta outra alternativa
a Deus senão perdoar! E perdoar sempre! E por que ou por quais razões!? Vem
comigo, porque agora será necessário traduzir a máxima latina de Espinosa que
você ainda não traduziu. Ela é a chave de ouro para a compreensão do que em
seguida será afirmado, e também do que talvez você ainda não tenha
suficientemente captado. A tradução da passagem citada é esta: "das ações
humanas não se deve rir[ou zombar], chorar[ou lamentar], detestar[sentir aversão ou abominar], e
sim['mas'] compreender!". Ou seja, de acordo com Spinoza - ou
"Espinoza", tanto faz - a "compreensão" é a base e a chave
de tudo! Sobretudo no que diz respeito à misericórdia e ao perdão! Quanto mais
se compreende, mais propenso e em ideais condições de perdoar se fica! Senão
observe o seguinte: se de um pai a quem você presencia maltratando severamente
um de seus filhos - filho dele, não seu - você toma conhecimento de que, também
ele, foi quando criança severamente judiado e maltratado, essa compreensão
tenderá a fazer com que você julgue com mais misericórdia e bondade esse pai!
Ou ao menos deveria! A violência ou a absurdez do ato - sim, a palavra existe -
com certeza em nada são justificadas, e deverão continuar sendo reprovadas e
combatidas. Mas o julgamento e o juízo que eventualmente venham a recair sobre
esse pai, estes sim, tendem a mudar gradual e completamente - se é que terá conseguido chegar a tanto, o
grau da compreensão. É por essa razão que Dom Armando Falcão, ex-Arcebispo de
Brasília, ensinava do alto de sua admirável sabedoria: "o julgamento é da
história, mas o juízo último é de Deus!". Eita homem que falava bem e
bonito! Por esse mesmo motivo costuma-se afirmar também que no interior de cada
ser humano nem à Igreja é facultado entrar! O inverso também é verdadeiro,
claro!: "quanto menos se compreende, menos propício e disposto a perdoar
se fica". Simples assim!? Simples assim! Complicar para que, por quê!?
Agora perceba uma coisa importante: o ato de "compreender" se diz em
dois sentidos diferentes, ainda que idealmente complementares! No primeiro
deles, diz-se compreender no sentido de "conhecimento dos fatos, das
circunstâncias, das razões primeiras e últimas, das intenções", e por aí
vai. No segundo sentido, compreender se diz como uma espécie de "exercício
de virtude", isto é, como "vontade, desejo, esforço e
disposição". Em Deus ambas as grandezas andam, pela própria natureza do
ser divino, necessariamente juntas, imbricadas o tempo todo! A única diferença
é que Deus não perdoa e nem poderia perdoar "por exercício de
virtude", pois isso só é possível no ser humano. Em relação a Deus não só
é impossível como não faria sentido algum, já que em Deus toda virtude se
encontra em seu grau máximo e absoluto de excelência. Deus, como já o dissemos,
perdoa por amor. E não qualquer tipo de amor! Amor "ágape"; jamais em
virtude de eros ou de philos! Esses dois últimos são amores humanos,
"demasiado humanos", como diria Nietzsche, enquanto em Deus há,
sempre houve, e sempre existirá excelência total e absoluta de toda e qualquer
virtude, menos a virtude ou a
virtuosidade em si mesma, entendida como "busca" de excelência ou de
perfeição. Deus não busca nada pelo simples fato de já possuir tudo! Virtude
como busca de excelência em algo é coisa de humanos, de quem ainda não tem ou
não alcançou aquilo pelo qual procura! Deus é toda e qualquer virtude em grau
máximo ou absoluto de excelência! Resumindo: em razão do amor absoluto e
incondicional, e da compreensão total e absoluta, Deus perdoa sempre! Não
importa o tamanho do erro, do crime, do delito do pecado, ou de qualquer outra
miséria humana que se conheça; nesse sentido, e apenas nesse, não faz a mínima
diferença. Em tempo: apelar para a liberdade humana, como forma ou argumento de
se tentar invalidar no todo ou em parte o que até aqui foi colocado, pode ser
compreensível e aceitável única e exclusivamente do ponto de vista da "boa
e da reta intenção", que de acordo com Kant é a única coisa absolutamente
boa. Mas esbarra inevitavelmente em uma ou mais aporias teológicas de difícil
ou quiçá de impossível solução, das quais não pretendo tratar nesse momento.
Sobretudo em razão do objetivo maior e da extensão da presente reflexão. Agora
o mais importante: não sendo você igual a Deus, não se fruste e não se
decepcione - desesperar, nem pensar! - pelo fato de encontrar tanta resistência
e tamanha dificuldade em perdoar e sobretudo amar seus inimigos ou seus
desafetos mais contumazes. Tal dificuldade - se é que isso serve de consolo -
não é só sua! É de todos! De todos e cada um de nós! Esforçar-se para tanto - e
a isso se chama "virtude" - é com certeza - e disso não nos
esqueçamos nunca - tarefa e dever de todos, sem exceção. Se você se embananou
todo, ao chegar aqui, ou já tinha se embananado lá, pelo meio do caminho,
relaxe! Também eu já me encontro mais pra lá do que ora cá, a essa altura do
campeonato! Vou até - com licença! - tomar uma água antes de concluir.
À guisa de conclusão: ágape, como uma
espécie de "categoria de luxo" em se tratando dos amores humanos, é
algo tão raro em nós, em nossas atitudes e em nossa disposição de compreender,
perdoar e amar o nosso próximo, que poderíamos considerá-lo como praticamente
fora de cogitação, quando os destinatários desse perdão e desse amor são nossos
inimigos! Faíscas e chispas de ágape às vezes ocorrem em tais casos, certamente
muito mais por graça e dom que por mérito e virtude! Talvez isso ajude a
entender melhor aquela espécie de "imagem e semelhança com Deus", de
que nos falam os textos considerados sagrados. Mas são chispas e faíscas, e
nada mais! Só Deus seria de fato capaz de "se apaixonar tanto, e incendiar
tudo"! Se isso em sentido real ou apenas metafórico, eu não saberia dizer!
Se em ambos os sentidos, menos ainda! Certos filósofos afirmam que Deus, em
existindo, seria uma espécie de "logos ou razão kantiana pura", total
e absolutamente incapaz de experimentar uma única sequer das dezenas ou
centenas de sentimentos e emoções a que os seres humanos estão sujeitos. Pode
ser! O certo é que só em Deus o amor "ágape", absolutamente infinito, gratuito e incondicional, parece
ser possível. Freud, segundo dizem, teria se lamentado de jamais ter
experimentado em si tal tipo de amor! Todas as suas "tópicas" não vão
além de "eros" e "philos", amores que, no limite, têm o
condão de suscitar o seu oposto, o ódio. Nós humanos estamos muito mais para
"philos", e não para ágape! Muitos de nós nem para "philos"
estamos! Ficamos mesmo é na fronteira e no patamar de "eros", isto é,
dos apetites tanto do erótico como de comida e comilança! Neimar de Barros
falava algo parecido em seu "Deus Negro". "Tem gente" - ele
diz- "que não tem mais que um cifrão em cada um dos olhos e uma vagina na
cabeça" [No caso da mulher, um pênis, claro!]. Sei que a frase é forte!
Fazer o quê! Foi ele quem disse! Mas imaginando que todo e cada ser humano
esteja mais para pecador do que para santo, ainda assim "amar é
preciso!". Sobra o quê!? Sobra uma sensibilidade sempre oscilante, feito
montanha russa, e uma compreensão que
deixa muito a desejar! Uma compreensão que, tanto no sentido cognitivo como no
da virtuosidade, costuma ser... Eu ia dizer "deprimente", mas como o
termo me lembra "depressão "; então vou chamar de
"capenga", igualmente oscilante: em certas horas nos surpreendendo
com gestos de extrema magnitude, e em outras, de extrema crueldade! "O
homem é um ser que caminha sobre uma corda - dizia Nietzsche - pendurada entre
o céu e o abismo". Aí você e eu podemos entender melhor por que parece tão
difícil - e de fato é! - sermos capazes de usar de misericórdia e perdão para
com quem comete um erro ou crime hediondo, um pecado grave ou
"mortal" - credo! - ou qualquer ato hediondo que apareça à nossa
frente! Não é o erro, o pecado ou o crime que são grandes ou hediondos demais!
Não! Pode até ser que seja! Mas o que os faz parecer centenas ou milhares de
vezes maiores do que realmente são, é o tamanho[zinho] da nossa sensibilidade e
da nossa capacidade tanto de amor quanto de compreensão. E enquanto elas
continuarem desse tamaninho - tacanho,
mesquinho, minguado - vamos continuar convictos de que traição não tem perdão,
perdão é só para quem merece, lugar de assassino e criminoso é na cadeia,
bandido bom é bandido morto, lugar de terrorista é no cemitério, e outras
filosofias e teologias de um e noventa e nove que campeão soltas por ai! Eu
disse "teologias" e não só "filosofias", se você percebeu
bem! Sim, porque existem teólogos e exegetas de última hora que costumam
excomungar todo e qualquer tipo de filosofia que se meta a falar de fé e de
religião, sem sequer ser capaz de olhar para o próprio umbigo e perceber que,
das teologias que trazem consigo, até o "encardido" - termo preferido
pelo saudoso Padre Léo - ri e acha graça! Nem a um e noventa e nove várias
delas chegam!
Dizia Freud que
quando Pedro me fala de João, fico conhecendo menos de João que de Pedro!
"Shiii! Lá vem sermão!". Você queria o quê!? Pensou que a reflexão
terminaria como!? Exaltando tanto o meu quanto o seu grau de compreensão para
com os delitos, os pecados, e as desgraças humanas!? Ou quem sabe, enaltecendo
nossa maneira vil e rasteira de ver e perceber o mundo e as misérias dessa ou
daquela geração!? Ou quem sabe ainda elevando à categoria de bem-aventurança
nossa disposição para julgar, perdoar e reerguer o bicho homem!? É isso
sinceramente que você esperava!? Agora, se você está aí agradecendo e louvando
a Deus pelo seu altíssimo e diferenciado grau de compreensão e amor para com o
próximo", ou até por estar "mais próximo" e em comunhão com
ágape do que com philos e eros, nesse caso então, Deus seja bendito, Deus seja
louvado"! Quem sou eu para pensar ou dizer o contrário!? Não está mais
aqui quem falou!!! Eu, heim!? Se eu sou
lá de ficar fazendo sermão!
Falando sério e
fechando: se você nunca visitou um presídio nem passou perto; se você não tem
sequer uma ave-mariazinha reservada nas suas preces para quem pecou ou cometeu
um crime ou delito por mais grave ou hediondo que ele seja; ou se nas rodinhas
de amigos, aniversário ou fim de ano, você não faz outra coisa senão permanecer
excrachando e ridicularizando aqueles que você chama de "bandido,
assassino, criminoso e filho da puta", melhor levar um pouco mais a sério
o que foi dito, não somente aos antigos mas também aos desta geração, como eu e
você: "tive fome...tive sede...estive doente... estive nu...estive preso, e você não me visitou! Ei,
estou falando com você!!!". E aí
não adianta ser de esquerda ou de direita, desta ou daquela religião,
frequentar esta ou aquela igreja ou igreja nenhuma, ser religioso de carteirinha,
ateu ou agnóstico, depois chegar lá em cima racionalizando e com aquela
desculpinha esfarrapada ir logo se justificando: "Senhor, peraí! Me
explique melhor aqui! Me ajude a entender melhor: quando foi mesmo, que o
Senhor tava isso, tava aquilo, tava aquilo outro, e inclusive acho que o Senhor
mencionou que estava preso! Foi quando isso, mesmo!? Ou estou meio enganado ou
exagerando!?". Olha o rosto d'Ele como vai ficar ao perceber seu 'jeitinho
brasileiro' de sempre querer resolver as coisas: 🤔🥸!!! E agora, olhe
a cara de quem vai - de acordo com as tradições religiosas mais sensíveis e
amorosas - estar esperando por você do outro lado: 👺👹!!! Fique agora com a advertência do líder
espiritual tibetano Dalai Lama sobre a urgência da sensibilidade transcender a
inteligência, no mundo atual. Diz ele: "o planeta não precisa de mais
pessoas de sucesso. O planeta precisa desesperadamente de mais pacificadores,
curadores, restauradores, contadores de historias e amantes de todo tipo.
Precisa de pessoas que vivam bem nos seus lugares. Precisa de pessoas com
coragem moral; dispostas a aderir à luta para tornar o mundo habitável e mais humano, e essas qualidades
têm pouco a ver com o sucesso tal como a nossa cultura o tem definido".
"The world doesn't need intelligent Men and politicians. The world needs
sensitive Men!". Em inglês, porque suponho que você já ande meio às turras
com o latim!
(*) Texto enviado de Vitória(ES) via
whatsapp.
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