REFLEXÃO DOMINICAL I
DOMINGO
LAETARE
Hoje é o domingo Laetare, isto é, da
alegria. O motivo de nossa alegria é: Deus nos ama! Diz São Paulo: “Por causa
do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa de nossas
faltas, ele nos deu a vida com Cristo.” (Ef 2,5).
E no Evangelho (Jo 3, 14-21), João
nos apresenta a conclusão do diálogo de Jesus com Nicodemos: “ Como Moisés
levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja
levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. Pois Deus
amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que não morra todo o
que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 14-16). A Palavra de Deus é uma
Palavra de esperança sem limites. Deus nunca nos considera um caso perdido.
Continua a convidar – nos para erguermos os olhos para um futuro de esperança,
e promete – nos a força para o realizar.
Muitas vezes temos a impressão de que
a maior parte da nossa vida passa-se entre a luz e as trevas. Aquela antiga
expressão que afirmava que há pessoas que mantêm duas velas acessas, uma ao
diabo e outra a S. Miguel, parece encontrar o seu correlativo na vida de um
filho de Deus que procura ser bom e encontra frequentemente as dificuldades da
jornada. Uma coisa é bem certa: é preciso apagar a vela ao diabo!
No interior do ser humano trava-se
uma batalha constante e que poucas vezes dá trégua. Não é à toa que somos
chamados “Igreja militante”, isto é, a família de Deus que luta, que combate,
que quer viver sempre na luz ainda que as trevas queiram entrar no seu
interior. “Aquele que pratica a verdade, vem para a luz” (Jo 3,21). Observemos
que a passagem citada não diz “aquele que fala a verdade”, mas “aquele que
pratica a verdade”. O que seria então “praticar” a verdade? Poderíamos resumir
em poucas palavras: “viver conforme a verdade”.
Viver segundo a verdade de Deus é
adaptar a nossa maneira de pensar, querer, sentir e agir à maneira de Jesus,
pois ele é a verdade. Não nos esqueçamos de que no cristianismo, a verdade não
é simplesmente um argumento, a verdade é uma pessoa: “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida” (Jo 14,6). Viver conforme a verdade de Deus é pensar a
própria vida segundo o plano de Deus que se manifestou suficientemente no
mistério da Palavra de Deus que se encarnou para a nossa salvação.
Mas, como sabemos e experimentamos,
não basta saber essas coisas, é preciso lutar para propor-se seriamente o
seguimento de Jesus-Verdade. O ambiente no qual nos movemos oferece muitas
atrações que não nos conduzem a bom porto, que não nos levam pelo caminho da
salvação. O pecado frequentemente se assemelha a uma maçã que, estando podre
por dentro, apresenta-se com belíssimo aspecto, bem atraente aos sentidos. O
que fazer? Pedir a luz de Deus para vermos que tal fruta está podre, que não
alimenta. O Evangelho de hoje ressalta justamente isso: andar na luz, que é
sinônimo de andar na verdade.
O cristão tem que ser consciente de
que sem a luz da fé na inteligência e sem a caridade na vontade, não fará o bem
que almeja. Ninguém pode mover-se sobrenaturalmente sem a graça de Deus. É
impossível! A nossa natureza, depois do pecado original, ficou estragada (não
totalmente), posteriormente foi resgatada, e, contudo, nela permanece a
ignorância e a concupiscência. Essas duas realidades são as que obscurecem a
nossa inteligência e debilitam a nossa vontade. A fé vem para curar a
ignorância e o amor de Deus vem para dar força à nossa vontade.
Os sofrimentos e as tribulações
acompanham todos os homens na terra, mas o sofrimento, por si só, não
transforma nem purifica; pode até causar revolta e ódio. Alguns cristãos
separam-se do Mestre quando chegam até a Cruz, porque esperavam uma felicidade
puramente humana, que estivesse isenta de dor e acompanhada de bens naturais.
Para O amarmos com obras, o Senhor
pede-nos que percamos o medo à dor, às tribulações, e o procuremos onde Ele nos
espera: na Cruz. A nossa alma ficará então mais purificada e o nosso amor mais
forte. Então compreenderemos que a alegria está muito perto da Cruz. Mais
ainda: que nunca seremos felizes se não amarmos o sacrifício.
Essas tribulações que, à luz
exclusiva da razão, nos parecem injustas e sem sentido, são necessárias para a
nossa santidade pessoal e para a salvação de muitas almas. No mistério da
co-redenção, a nossa dor, unida aos sofrimentos de Cristo, adquire um valor
incomparável para toda a Igreja e para toda a Humanidade. A dor, quando lhe
damos o seu verdadeiro sentido, quando serve para amar mais, produz uma paz
íntima e uma profunda alegria. Por isso, em muitas ocasiões, o Senhor
abençoa-nos com a Cruz.
Nesta quaresma, tempo de conversão, é
preciso ter em conta essa realidade: quem vive habitualmente na graça de Deus
não está livre de todas as tentações, também ele se encontra exposto às trevas
do pecado. Nunca percamos o bom senso: somos fracos, precisamos da luz e do
amor de Deus. Não sejamos ingênuos: fujamos das ocasiões de pecados! Nada
dizer: “não importa, eu resisto, pois eu sou forte”. Quantos heróis já foram
derrotados por causa de uma confiança exagerada nas próprias forças!
COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS
Leituras: 2Cr 36,14-16.19-23; Sl 136; Ef 2,4-10; Jo 3,14-21
Caros irmãos e irmãs, no nosso itinerário rumo à Páscoa, chegamos ao
quarto domingo da Quaresma, tradicionalmente designado como domingo “Laetare”,
uma expressão em latim que quer dizer “alegra-te”. A Liturgia da Palavra nos
convida à alegria também porque se aproxima a Páscoa, o dia da vitória de Cristo
sobre o pecado e sobre a morte. Mas também deve ser sinal de alegria para
nós o “estar na casa do Senhor”, como nos diz o Sl 122: “Que alegria quando vi
que me disseram: ‘Vamos à casa do Senhor’” (Sl 122,1).
Mas a nossa alegria torna-se ainda mais completa, quando na Casa do
Senhor, encontramos a fonte principal da alegria cristã que é a Eucaristia, que
Cristo nos deixou como alimento espiritual, enquanto somos peregrinos nesta
terra. A Eucaristia alimenta nos fiéis de toda época essa alegria profunda:
é a presença de Deus entre nós. Ao recebermos a Eucaristia temos um encontro
profundo com o Senhor. É o Cristo que também passa a ter sua morada em
nós. É o Deus que passa a estar conosco.
A razão mais profunda desta alegria consiste ainda na mensagem oferecida
pelas leituras bíblicas que a liturgia da Palavra nos propõe para este domingo.
Elas recordam que, apesar da nossa indignidade, somos os destinatários da
misericórdia infinita de Deus. É o que nos confirma o Apóstolo Paulo na
segunda leitura, onde nos lembra que “Deus, rico em misericórdia, pelo amor
imenso com que nos amou, precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas
faltas, deu-nos a vida com Cristo” (Ef 2,4-5). Para expressar esta realidade de
salvação, o Apóstolo, ao lado da palavra misericórdia, “eleos”, usa a do amor,
“ágape”, retomada na significativa frase de abertura da página evangélica deste
domingo: “Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o Seu Filho único, para
que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
Portanto, se é infinito o amor misericordioso de Deus, que chegou a
ponto de dar o seu único Filho em resgate pela nossa vida, grande é inclusive a
nossa responsabilidade. Com efeito, cada um deve reconhecer que está enfermo,
para poder ser curado; cada um deve confessar o próprio pecado, para que o
perdão de Deus, já conferido na Cruz, possa ter efeito no seu coração e na sua
vida.
No meio do nosso caminho quaresmal, neste quarto domingo da Quaresma,
somos convidados a meditar sobre este tema que está no centro do anúncio
cristão, isto é, o grande amor de Deus pela humanidade. As palavras,
pronunciadas por Jesus durante o colóquio com Nicodemos, exprimem de modo
sintético e eficaz o tema principal dessa liturgia dominical. Nicodemos é
membro do Sinédrio de Jerusalém. Trata-se de um homem bondoso, que foi atraído
pelas palavras e pelo exemplo do Senhor e, por isto, vai ao seu encontro.
No diálogo entre Jesus e Nicodemos encontramos três etapas. Na primeira
(cf. Jo 3,1-3), Nicodemos reconhece a autoridade de Jesus, graças às suas
obras; mas Jesus acrescenta que isso não é suficiente: o essencial é reconhecer
Jesus como o enviado do Pai. Na segunda (cf. Jo 3,4-8), Jesus anuncia a
Nicodemos que, para entender a sua proposta, é preciso “nascer de Deus” e
explica ser necessário um novo nascimento, a partir “da água e do Espírito”. Na
terceira etapa, Jesus descreve a Nicodemos o projeto de salvação de Deus: é uma
iniciativa do Pai, tornada presente no mundo e na vida dos homens através do
Filho e que se concretizará pela cruz (cf. Jo 3,9-21).
Jesus sabe que a Cruz é o ápice da sua missão: com efeito, a Cruz de
Cristo é o auge do amor, que nos concede a salvação. É Ele mesmo que nos diz no
Evangelho: “Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é
necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele
crerem tenham a vida eterna” (Jo 3,14-15). Jesus se refere a esse
episódio e o interpreta como um símbolo daquilo que está para lhe
acontecer. Ele também será levantado na cruz, e todos aqueles que o
contemplarem encontrarão a salvação para a sua vida.
Olhar para Jesus levantado na cruz, quer dizer acreditar nele (v. 15),
isto é, aceitar com fé a mensagem que Ele, do alto da cruz, dirige para
todos. Com o seu supremo gesto de amor, declara que a única maneira de
realizar a própria vida é a de doá-la por amor, como Ele fez. Neste
sentido, precisamos identificar a nossa vida com a de Cristo, isto é, vivê-la a
serviço dos irmãos. Este é o caminho para obtermos a salvação. Assim
Jesus manifesta o seu amor e indica a todos o caminho a ser percorrido para
alcançar a salvação, a vida plena (v. 14). A cruz é, portanto, a expressão
suprema do amor de Deus por toda a humanidade.
No texto evangélico também temos uma significativa expressão pronunciada
por Jesus: “Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras
sejam manifestas, pois são feitas em Deus” (Jo 3,21). Deus continua nos
exortando a erguermos os olhos para um futuro de esperança, e nos promete a
força para o realizar. Como diz São Paulo na segunda leitura, Deus criou-nos em
Cristo Jesus para levarmos uma vida justa, uma vida em que pratiquemos boas
obras segundo a sua vontade (cf. Ef 2,10). E Ele nos criou para vivermos
na luz e sermos luz para o mundo.
Jesus é a Luz verdadeira que com sua vinda ao mundo ilumina todo homem
(cf. Jo 1,8). Jesus afirma ser a luz do mundo para não caminharmos nas trevas,
mas para termos a luz da vida (cf. Jo 8,12). Crer na luz é se tornar filho da
luz (Jo 12,36). Quem crê em Jesus não fica nas trevas, mas na luz (cf. Jo
12,46). Devemos praticar, pois, a verdade. Precisamos irradiar a luz da
fé, da esperança e do amor nas nossas famílias e nos ambientes em que fizermos
presença. Saibamos ser testemunhas da verdade santa que torna livres todas as
pessoas.
Saibamos crescer na amizade com Jesus, que é “o Caminho, a Verdade e a
Vida” (Jo 14,6): uma amizade nutrida e aprofundada através da oração humilde e
perseverante. Procuremos conhecer a vontade de Deus a nosso respeito, ouvindo
diariamente a sua palavra e permitindo que esta Palavra penetre em nosso
coração, para dar copiosos frutos.
O Evangelho desse domingo também nos ensina que uma verdadeira
reconciliação só pode ser fruto de uma conversão, de uma mudança do coração, de
um novo modo de pensar. Só a força do amor de Deus pode mudar os nossos
corações e fazer-nos triunfar sobre o poder do pecado e do erro. Quando
estávamos “mortos pelos nossos pecados” (cf. Ef 2,5), o seu amor e a sua
misericórdia deram-nos a reconciliação e a vida nova em Cristo.
Muitas vezes somos mais inclinados às trevas do que à Luz, porque
estamos apegados aos nossos pecados. Mas só quando nos abrirmos à Luz, só
confessando sinceramente as nossas culpas a Deus, encontraremos a paz
verdadeira, a alegria autêntica. Então, é importante nos aproximarmos com
regularidade do Sacramento da Penitência, em particular neste tempo da
Quaresma, para receber o perdão do Senhor e intensificar o nosso caminho de
conversão.
Peçamos também à Virgem Maria, aquela que na Ladainha invocamos como
“causa de nossa alegria”, para que possamos “apressar” os nossos passos para
este encontro com Cristo; este encontro que só traz alegria e paz ao nosso
interior. Que ela interceda sempre por nós e nos direcione no caminho do
bem e da santidade. Assim seja.
PARA REFLETIR
“Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós
todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a
abundância de suas consolações” (Is 66,10s). Caríssimos em Cristo, estas palavras de
Isaías dão o tom da liturgia deste Domingo, chamado pela liturgia de
Domingo Laetare – Domingo “Alegra-te!” No meio da Quaresma, na
metade do caminho para a a celebração da Ressurreição do Senhor, a Igreja nos
convida à alegria pela aproximação da Santa Páscoa. Daí hoje a cor rosa e as
flores na igreja. “Alegra-te, Jerusalém!” – Jerusalém é a
Igreja,é o Povo santo de Deus, o novo Israel, é cada um de nós… Alegremo-nos,
apesar das tristezas da vida, apesar da consciência dos nossos pecados!
Alegremo-nos, porque a misericórdia do Senhor é maior que nossa miséria humana!
Como o povo da Antiga Aliança, também
nós tantas vezes somos infiéis – já devíamos ter visto isso claramente a essa
altura da Quaresma! É trágico, na primeira leitura, o resumo que o Livro das
Crônicas traçou da história de Israel: “Todos os chefes dos sacerdotes
e o povo multiplicaram suas infidelidades, imitando as práticas abomináveis das
nações pagãs. O Senhor Deus dirigia-lhes a palavra por meio de seus
mensageiros, porque tinha compaixão do seu povo. Mas, eles zombavam dos
enviados de Deus, até que o furor do Senhor se levantou contra o seu povo e não
teve mais jeito”. Com estas palavras dramáticas, o Autor sagrado nos
explica o motivo do terrível e doloroso exílio da Babilônia: Israel fez pouco
de Deus, virou-lhe as costas; por isso mesmo, foi expulso do aconchego do
Senhor na Terra que lhe fora prometida, perdeu a liberdade, o Templo, a Cidade
Santa, e tornou-se escravo no Exílio de Babilônia. Aqui aparece toda a
gravidade do pecado, que provoca a ira de Deus! É sempre essa a conseqüência do
pecado: o exílio do coração, a escravidão da vida! A Escritura nos ensina,
caríssimos, que Deus nunca faz pouco do nosso pecado, nunca passa a mão na
nossa cabeça, jamais faz de conta que não pecamos! Jamais despensa de modo
leviano as nossas infidelidades! E por quê? Porque realmente nos ama, nos leva
a sério, faz conta de nós! Ora, o pecado, afastando-nos de Deus, nos desfigura
e nos faz perder o rumo e o sentido da existência. Por isso mesmo, causa a ira
de Deus! Pois bem, o Senhor levou, então, seu povo para o terrível deserto do
Exílio para corrigi-lo e fazê-lo voltar de todo o coração para Aquele que é seu
único bem, sua verdadeira riqueza – aquele que é o seu Deus! É por misericórdia
que ele corrige Israel, por misericórdia que nos corrige: “Pois o
Senhor não rejeita para sempre: se ele aflige, ele se compadece, segundo sua
grande bondade. Pois não é de bom grado que ele humilha e que aflige os filhos
do homem” (Lm 3,31-33). Deus é amor e misericórdia. A leitura do Livro
das Crônicas nos mostrou que, uma vez Israel convertido, corrigido, o Senhor
fá-lo voltar para a Terra sempre prometida. Sim, efetivamente, “não é de bom
grado que ele humilha e que aflige os filhos do homem”.
Caríssimos, esta mesma ideia que
tantas vezes aparece no Antigo Testamento, cumpre-se de modo definitivo em
Cristo Jesus. Hoje, o Senhor, com palavras comoventes, explica a Nicodemos a
sua missão: “Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho
unigênito, para que não morra todo aquele que nele crer, mas tenha a vida
eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por ele”. Porque “estávamos
mortos por causa de nossos pecados”, Deus, na sua imensa misericórdia,
nos deu a vida no seu Filho único. Vede, irmãos: há duas realidades que são bem
concretas na nossa existência. Primeiro, a realidade do nosso pecado. Nesta
metade de caminho quaresmal, é preciso que tenhamos a coragem de reconhecer que
somos pecadores, que temos profundas quebraduras interiores, paixões
desordenadas, desejos desencontrados que combatem em nós… Quantas incoerências,
quantos fechamentos para Deus e para os outros, quantas resistências à graça,
quantas máscaras! A humanidade é isso! Não somos bonzinhos! Somos todos
feridos, todos doentes, todos pecadores, todos necessitados da salvação! Mas,
ao lado dessa realidade tão triste, há uma outra: Deus não se cansa de nós;
estende-nos a mão para nos tirar do nosso atoleiro e nos salvar! Essa mão
estendida é o seu Filho Jesus! Deus amou tanto o mundo, levou-nos tão a sério,
que entregou o seu Filho, o Amado, o Único, o Santo! Grande o nosso pecado, imensa
a misericórdia de Deus em Cristo; grande a nossa treva, imensa a Luz de Deus
que nela brilhou em Cristo; grande o nosso egoísmo; imenso o amor de Deus
manifestado em Cristo; grande a nossa morte; imensa a Vida que nos foi dada em
Cristo Jesus, nosso Senhor!
Amados em Cristo, a grande tentação
de nossa época é fazer pouco de Deus e, cinicamente, mascarar nosso pecado.
Quantos cristãos adulteram, roubam, fornicam, abortam, negligenciam seus
deveres para com Deus e com a Igreja, desobedecem aos mandamentos, e não estão
nem aí. É um espírito de descrença, de falta de atenção e delicadeza para com o
Senhor. Vemos isso em tanta gente de Igreja… Aqueles que nos corrigem são
chamados logo de reacionários, fechados, sem misericórdia, duros, insensíveis
para o mundo atual… E no entanto, a Palavra do Senhor é clara: é necessário que
fixemos o olhar em Cristo que se entregou por nós e reconheçamos a gravidade e
a concretude do nosso pecado! Volta, Israel! Volta, Igreja de Cristo! Volta,
povo do Senhor! Voltemos, irmãos e irmãs! Em Cristo Jesus, nosso
Salvador, “Deus quis mostrar a incomparável riqueza da sua graça!” Não
brinquemos com o amor de Deus, não recebamos em vão a sua correção!
Recordemos que hoje, no Evangelho,
após mostrar o imenso amor de Deus pelo mundo, a ponto de entregar o Filho
amado, Jesus nos previne duramente: Quem nele crê, não é condenado,
mas, quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho
unigênito”. Ora, caríssimos, acreditar no nome de Jesus não é aderir a
uma teoria, mas levá-lo a sério na vida pelo esforço contínuo de conversão à
sua Pessoa divina e à sua Palavra santa! Crede, irmãos, crede, irmãs! Crede não
com palavras vãs! Crede com o afeto, crede com o coração, crede com os lábios,
mas, sobretudo, crede com as mãos, com os vossos atos, com a prática da vossa
vida! De verdade creremos na medida em que de verdade nos abrirmos para a sua
luz; pois “o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens
preferiram as trevas à luz”.
Que o Senhor nos dê a graça de ver
realisticamente nossos pecados, reconhecê-los humildemente e confessá-los
sinceramente, para celebrarmos verdadeiramente a Páscoa que se aproxima e dela
participar eternamente na glória do céu. Amém.
https://www.icatolica.com/2015/03/homiletica-4-domingo-da-quaresma-ano-b.html
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