sábado, 12 de agosto de 2023

Jornada Mundial da Juventude de 2023( Uma Síntese)

 

Jornada Mundial da Juventude de 2023( Uma Síntese)

 

XXXIII Jornada Mundial da Juventude foi um evento religioso que decorreu na cidade de Lisboa, em Portugal, do dia 1 de agosto de 2023 ao dia 6 do mesmo mês.[1][2] Tendo recebido mais de 1 milhão e meio de pessoas,[3] tornou-se a quinta maior Jornada da Juntude de sempre, juntamente com Madrid[4] e Polónia (1991).[5] Foi anunciada pelo Papa Francisco em 27 de janeiro de 2019, no final da missa que assinalou o final da XXXII Jornada Mundial da Juventude, no Panamá.[6][7][8] Esta foi a 9.ª vez que a Jornada Mundial da Juventude se realizou na Europa, a 3.ª na Península Ibérica e a 2.ª num país lusófono. Segundo o estudo realizado pela PricewaterhouseCoopers (PwC), o evento teve um custo total de €161 milhões (sendo €80 milhões financiados pela Igreja)[9]. A mesma multinacional de consultoria previu, no início de julho de 2023, que o evento teria um retorno de investimento entre €411 milhões e €564 milhões (VAB), tendo ainda entre €811 milhões e €1.100 milhões de impacto em termos de produção.[10][11]

A jornada, que se deveria realizar em 2022, foi adiada para 2023 devido à pandemia de COVID-19.[12] O evento realizou-se entre os dias 1 e 6 de agosto de 2023, e foi anunciado por Dom Manuel ClementeCardeal-patriarca de Lisboa, que também explicou que a intenção da data foi a de conciliar o melhor possível a agenda do Papa com as férias escolares, para que o máximo de peregrinos possam participar. O anúncio por comunicado por feito em 4 de outubro de 2021, propositalmente escolhido por ser o dia dedicado a São Francisco de Assis.[1][2] As pré-jornadas foram organizadas em todas as dioceses portuguesas, a fim de preparar a juventude do país para a Jornada Mundial.[2]

No dia 6 de agosto, pelas 8 horas da manhã, um padre sul-coreano, confirmou que o seu país irá receber a próxima Jornada Mundial da Juventude. O anúncio foi confirmado pelo Papa Francisco na missa final das Jornadas Mundial da Juventude de Lisboa.

Desejamos que todos conheçam a JMJ e se sintam convidados a participar. Mais do que estimar o número de participantes, nesta fase gostávamos* que a mensagem da jornada chegasse ao maior número de jovens possível. A JMJ é para todos. É um convite sempre renovado a uma experiência maior da fraternidade universal a que o Papa Francisco nos desafia e de que tanto necessitamos atualmente.

 

— Nota do Comitê Organizador Local da JMJ 2023[2].

Cidade anfitriã

Presidente da República PortuguesaMarcelo Rebelo de Sousa, fazendo a sua inscrição como peregrino da JMJ 2023O bispo D. Américo Aguiar, Presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023Papa Francisco em Lisboa a participar na JMJ 2023

Na celebração que marcou o encerramento da Jornada Mundial da Juventude de 2019, na Cidade do Panamá, na presença de milhares de jovens de todo o mundo, incluindo 300 jovens portugueses, estiveram, além do Cardeal-Patriarca de LisboaD. Manuel Clemente, o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, em representação do Governo de Portugal, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, além de embaixadores, seis bispos (das dioceses de Lisboa, Guarda, Coimbra, Braga e Bragança-Miranda) e vários sacerdotes.[13][14] Em conferência de imprensa, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou que espera receber entre 1 a 2 de milhões de jovens no verão de 2023 e adiantou que o local “mais que provável” para os eventos conclusivos da JMJ 2023 será a margem direita do rio Tejo, junto ao Mar da Palha, em Lisboa, e que evoca o Mar da Galileia por onde Jesus andou.[15][16]

Embora o evento principal tenha decorrido junto ao Parque do Tejo,[15] em Lisboa, foram esperadas peregrinações dos jovens participantes ao Santuário Nacional de Cristo Rei, em Almada, ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima - que o Papa visitou no dia 6 de agosto -, na Cova da Iria, e, ainda, ao local do nascimento de Santo António de Lisboa.

Mudança de data

No dia 20 de abril de 2020, o Vaticano anunciou a mudança da data inicialmente prevista para a Jornada, devido à pandemia de COVID-19. O COL (Comitê Organizador Local) acatou a decisão do Pontífice. O Encontro Mundial das Famílias, programado em Roma para junho de 2021, também acabou sendo adiado para junho de 2022 pelas mesmas razões. Em nota o Vaticano, dentre outras coisas, afirmou:[17][18][19][20]

Devido à atual situação de saúde e suas consequências no movimento e agregação de jovens e famílias, o Santo Padre, juntamente com o Dicastério para Leigos, Família e Vida, decidiu adiar o próximo Encontro Mundial da Família por um ano, agendado para Roma, em junho de 2021, e a próxima Jornada Mundial da Juventude, agendada em Lisboa em agosto de 2022, respetivamente em junho de 2022 e agosto de 2023.

 

— Nota do Vaticano sobre a mudança de data da JMJ 2022 para 2023[20].

Logotipo

logotipo do evento foi revelado no dia 16 de outubro de 2020. A autora do logotipo é Beatriz Roque Antunes, uma jovem designer portuguesa de 24 anos. Estudou Design em Londres e atualmente trabalha numa agência de comunicação em Lisboa.

 

Significados

 

Cruz

Cruz de Jesus Cristo, sinal do amor infinito de Deus pela humanidade, é o elemento central, de onde tudo nasce.

Caminho

Tal como indica o relato da Visitação que dá tema à JMJ Lisboa 2023, a Virgem Maria parte, pondo-se a caminho para viver a vontade de Deus, e dispondo-se a servir a Sua prima Santa Isabel. Este movimento sublinha o convite feito aos jovens para renovarem ‘o vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a generosidade’ (Christus Vivit, 20). A acompanhar o caminho surge, ainda, uma forma dinâmica que evoca o Espírito Santo.  

Terço

A opção pelo terço do Santo Rosário celebra a espiritualidade do povo português na sua devoção a Nossa Senhora de Fátima. Este é colocado no caminho para invocar a experiência de peregrinação que é tão marcante em Portugal.

Virgem Maria

A Virgem Maria foi desenhada jovem para representar a figura do Evangelho de São Lucas (Lc 1, 39) e potenciar uma maior identificação com os jovens. O desenho exprime a juvenilidade própria da sua idade, característica de quem ainda não foi mãe, mas carrega em si a Luz do mundo. Esta figura aparece levemente inclinada, para mostrar a atitude decidida da Virgem Maria.

FonteVatican News

Patronos e intercessores

 

Patronos

Os patronos da JMJ 2023: A Beata Irmã Maria do Divino Coração, a Beata Alexandrina de Balazar e os Santos Francisco e Jacinta Marto (chamados "Pastorinhos de Fátima")

Os patronos da Jornada Mundial da Juventude de 2023[21] são figuras católicas que, na sua juventude,[22] deram passos decisivos no caminho da santidade:

·         Beata Maria do Divino Coração (Irmã do Bom Pastor e Mensageira do Sagrado Coração de Jesus)

·         Beata Alexandrina de Balazar (Cooperadora Salesiana e Mensageira do Imaculado Coração de Maria)

·         Santos Francisco e Jacinta Marto (Pastorinhos de Fátima)

Intercessores

·         Santo António de Lisboa (Frade franciscano e Doutor da Igreja)

·         São Bartolomeu dos Mártires (Frade dominicano e arcebispo católico)

·         Santa Beatriz da Silva (Monja concepcionista e Fundadora da Ordem da Imaculada Conceição)

·         São Frei Gil de Portugal (Frade dominicano)

·         Santa Isabel de Portugal (Rainha de Portugal e Freira da Ordem de Santa Clara)

·         São João de Brito (Missionário jesuíta e Mártir da Igreja Católica)

·         São João de Deus (Fundador da Ordem Hospitaleira)

·         Santos Mártires de Lisboa (são os mártires São Veríssimo, Santa Máxima e Santa Júlia)

·         São Nuno de Santa Maria (Condestável de Portugal e Frade carmelita)

·         São Pedro de Rates (Bispo católico e mártir cristão)

·         São Teotónio (Co-fundador dos Cónegos Regulares da Santa Cruz)

·         São Torcato (Bispo católico e mártir cristão)

·         Beato Amadeu da Silva (Frade franciscano e Reformador da vida conventual)

·         Beato Gonçalo de Amarante (Frade dominicano e Confessor)

·         Beata Maria Clara do Menino Jesus (Fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição)

·         Beata Mafalda de Portugal (Rainha titular de Portugal e Monja Cisterciense)

·         Beata Sancha de Portugal (Rainha titular de Portugal e Monja Cisterciense)

·         Beata Teresa de Portugal (Rainha consorte de Leão e Monja Cisterciense)

·         Beata Rita Amada de Jesus (Fundadora do Instituto das Irmãs de Jesus Maria José)

·         Venerável Madre Maria do Lado (Fundadora das Escravas do Santíssimo Sacramento)

·         Quarenta Mártires do Brasil (Mártires missionários da Companhia de Jesus)

·         Serva de Deus Irmã Maria Estrela Divina (Religiosa terciária e mística católica)

·         Serva de Deus Irmã Lúcia (Freira carmelita e vidente de Nossa Senhora de Fátima)

·         Serva de Deus Madre Virgínia Brites da Paixão (Freira clarissa e Mensageira do Imaculado Coração de Maria)

·         Serva de Deus Sãozinha de Alenquer (Jovem católica devotada popularmente em Portugal)

Devoção

A imagem n.º 1 da Virgem Peregrina de Fátima viajou, na madrugada de 21 de janeiro de 2019, até ao Panamá para estar presente na Jornada Mundial da Juventude de 2019 evocando a memória do cunho mariano que o Papa João Paulo II desejou imprimir quando idealizou a realização da primeira jornada.[23][24] Dando continuidade a isso, na Jornada Mundial da Juventude de 2023, os jovens serão especialmente convidados a rezar e aprofundar a principal devoção recomendada nas aparições da Virgem Maria na Cova da Iria, em Fátima, especificamente a oração do Santo Rosário.[25]

Tema

A Jornada teve como tema "Maria levantou-Se e partiu apressadamente". (Lc 1,39).[26]

Controvérsias e protestos

Esta edição do evento tem sido alvo de várias polémicas, como o facto de acontecer nos meses seguintes à revelação das conclusões da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa[27] - e a subsequente resposta da Igreja Católica portuguesa, vista por católicos e associações como insensível e/ou insuficiente[28] -, aos custos do evento e o seu avultado financiamento pelo Estado[29] - prevendo-se que custe 80 milhões de euros ao erário público -,[30][31][32][33], nomeadamente quando Portugal passa por uma grave crise habitacional[34] e a maior taxa inflação desde o início da década de 1990[35][36]), assim como pela Câmara Municipal e Lisboa[37] e outras autarquias portuguesas, de várias partes do país[38][39][40] (principalmente quatro munícipios da Grande LisboaLouresOeiras[41]Cascais e Almada[42], nomeadamente no que diz respeito gastos relativos a contratos por ajuste direto[43][44]), sendo o exemplo mais mediático a construção do palco-altar feito de propósito para receber Papa no Parque do Tejo,[45] - o que contrasta com o financiamento em parte privado da edição de Madrid, em 2011[46] -, o desmontar do monumento fálico de João Cutileiro no Parque Eduardo VII[47] - onde o Papa também marcará presença -, as greves por parte de pessoal médico[48] e de forças públicas de segurança[49][50] - assim como uma marcação de greve de revisores da Comboios de Portugal[51] que acabou por ser desconvoncada uma semana antes[52] - durante o evento ou simples empreendimento por parte do Estado português - que, segundo a Constituição da República Portuguesa, é, na prática, laico[53] - num evento de cariz religioso,[54][55] nomeadamente na pessoa do Presidente da República, Marcelo Rebelo De Sousa[56] (um conhecido fervoroso católico[57]) e o Presidente da Câmara Municipal de LisboaCarlos Moedas,[58] que preside àquela autarquia desde 2021, que nas vésperas das Jornadas foi uma das pessoas que carregou uma cruz para o interior do edifício daquilo organismo autárquico.[59]

Em termos de protestos contra o evento, no dia 27 de julho de 2023, um dos últimos de preparação do Campo da Graça, o espaço do Parque Tejo dedicado ao evento o artista plástico português Bordallo II estendeu uma “passadeira da vergonha”, composta por representações de notas de 500 euros, no palco-altar do Parque Tejo, numa crítica aos “milhões do dinheiro público” investidos nesta edição da Jornada Mundial da Juventude.[60] Tendo em conta a facilidade com que esta ação foi levada a cabo, e devido à questão da segurança do espaço, Sistema de Segurança Interna, um dos órgãos dos serviços secretos do Estado português, emitiu um comunicado no dia seguinte, 28 de julho.[61] De igual modo, o Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo criticou a falta de segurança no espaço nesse dia. Tanto Carlos Moedas como o Ministro da Administração Interna português, José Luís Carneiro, disseram que não houve nenhuma falha de segurança.[62] O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa também reagiu ao protesto de Bordallo II ao gravar um vídeo em que satirizou o protesto - afirmando que [ali todos eram] bem-vindos - no mesmo local, no dia 28 de julho,[63] Além disso, um tweet viral apelidou Bordallo II de "hipócrita", "por acumular mais de 700 mil euros em ajustes diretos com entidades públicas desde 2019". Isto confirmado pela plataforma de verificação de factos Poligrafo, que corrigiu a data para abril de 2018.[64]

No dia 2 de agosto, a Câmara Municipal de Oeiras removeu, sem fundamento legal e alegando que se tratava de «publicidade ilegal», um cartaz colocado num suporte em Algés, que chamava a atenção dos participantes no evento para as mais de 4800 crianças abusadas pela Igreja Católica em Portugal. Após protestos e acusações de censura e coerção do direito à liberdade de expressão, a Câmara Municipal de Oeiras repôs o cartaz num outro suporte em Algés no dia seguinte.[65][66]

Também no dia 2 de agosto, um peregrino içou, como forma provocatória de demonstrar a hipocrisia da Igreja Católica relativamente à inclusão de todos, a bandeira trans no Parque Eduardo VII, onde decorria um dos eventos da Jornada, e foi censurado e criticado por outros peregrinos, que o acusaram de promoção ideológica. A organização da Jornada defendeu o peregrino que içava a bandeira.[67][68]

No dia 3 de agosto, um grupo de fanáticos e religiosos ultraconservadores, com crucifixos de madeira e de metal, e com o propósito de efetuar «oração reparadora para os pecados mortais da ideologia LGBTQIA+», invadiu uma eucaristia organizada pelo Centro Arco-Íris, na igreja da Ameixoeira, em Lisboa. A Polícia de Segurança Pública foi chamada pelo sacerdote que presidia à eucaristia e o grupo foi removido pelos agentes da PSP, incorrendo no crime de impedimento, perturbação ou ultraje a ato de culto. A eucaristia já tinha sido alterada de local devido a ameaças. O Ministério Público anunciou a abertura de inquérito aos factos.[69][70]

No dia 4 de agosto - durante o evento -, centenas de pessoas participaram numa manifestação na Praça Martim Moniz, em Lisboa, intitulada "sem PAPAs na Língua", que pretendeu contestar os abusos perpetrados pela Igreja Católica, a sua influência sobre o poder secular no país e os elevados montantes investidos por organismos públicos portugueses no evento.[71][72]

Estimativas de lucros anunciadas antes do evento colidiram com a perspectiva dos comerciantes e estabelecimentos hoteleiros lisboetas, que deram conta da ausência dos clientes habituais (incluindo moradores) e de turistas com o perfil habitual - que evitaram estes locais devido à enchente de pessoas na cidade e às alterações ao funcionamento da mesma que foram feitas, como cortes de trânsito - durante a semana do evento.[73][74][75]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jornada_Mundial_da_Juventude_de_2023

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