Jornada Mundial da Juventude de 2023( Uma Síntese)
A XXXIII Jornada
Mundial da Juventude foi um evento religioso que decorreu na cidade
de Lisboa,
em Portugal,
do dia 1 de agosto de 2023 ao dia 6 do mesmo mês.[1][2] Tendo recebido mais de 1 milhão e meio de
pessoas,[3] tornou-se
a quinta maior Jornada da Juntude de sempre, juntamente com
Madrid[4] e
Polónia (1991).[5] Foi
anunciada pelo Papa Francisco em 27 de janeiro de 2019,
no final da missa que assinalou o final da XXXII Jornada Mundial da Juventude,
no Panamá.[6][7][8] Esta foi a 9.ª vez que a Jornada Mundial
da Juventude se realizou na Europa, a 3.ª na Península Ibérica e a 2.ª num país lusófono. Segundo o estudo realizado
pela PricewaterhouseCoopers (PwC), o
evento teve um custo total de €161 milhões (sendo €80 milhões financiados
pela Igreja)[9]. A mesma multinacional de consultoria previu,
no início de julho de 2023, que o evento teria um retorno de investimento entre
€411 milhões e €564 milhões (VAB), tendo ainda entre €811 milhões e
€1.100 milhões de impacto em termos de produção.[10][11]
A jornada, que se deveria
realizar em 2022, foi adiada para 2023 devido à pandemia de COVID-19.[12] O evento realizou-se entre os dias 1 e 6
de agosto de 2023, e foi anunciado por Dom Manuel
Clemente, Cardeal-patriarca
de Lisboa, que também explicou que a intenção da data foi a de conciliar o melhor
possível a agenda do Papa com as férias escolares, para que o máximo de
peregrinos possam participar. O anúncio por comunicado por feito em 4 de
outubro de 2021, propositalmente escolhido por ser o dia dedicado a São Francisco de Assis.[1][2] As pré-jornadas foram organizadas em todas
as dioceses portuguesas, a fim de preparar a juventude do país para a Jornada
Mundial.[2]
No dia 6 de agosto, pelas 8
horas da manhã, um padre sul-coreano, confirmou que o seu país irá receber a
próxima Jornada Mundial da Juventude. O anúncio foi confirmado pelo Papa
Francisco na missa final das Jornadas Mundial da Juventude de Lisboa.
“ |
Desejamos
que todos conheçam a JMJ e se sintam convidados a participar. Mais do que
estimar o número de participantes, nesta fase gostávamos* que a mensagem da
jornada chegasse ao maior número de jovens possível. A JMJ é para todos. É um
convite sempre renovado a uma experiência maior da fraternidade universal a
que o Papa Francisco nos desafia e de que tanto necessitamos atualmente. |
” |
|
— Nota do Comitê Organizador Local da JMJ
2023[2]. |
Cidade
anfitriã
O Presidente da República Portuguesa, Marcelo
Rebelo de Sousa, fazendo a sua inscrição como peregrino da JMJ 2023O bispo D. Américo
Aguiar, Presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023Papa
Francisco em Lisboa a participar na JMJ 2023
Na celebração que marcou o
encerramento da Jornada Mundial da Juventude de 2019,
na Cidade do Panamá, na presença de milhares de
jovens de todo o mundo, incluindo 300 jovens portugueses, estiveram, além
do Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, o presidente da República
Portuguesa, Marcelo
Rebelo de Sousa, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo,
em representação do Governo de Portugal, e o presidente da Câmara Municipal de
Lisboa, Fernando Medina, além de embaixadores, seis
bispos (das dioceses de Lisboa, Guarda, Coimbra, Braga e Bragança-Miranda) e
vários sacerdotes.[13][14] Em conferência de imprensa, o presidente
da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP)
afirmou que espera receber entre 1 a 2 de milhões de jovens no verão de 2023 e adiantou que o
local “mais que provável” para os eventos conclusivos da JMJ 2023 será a margem
direita do rio Tejo, junto ao Mar da Palha,
em Lisboa,
e que evoca o Mar da Galileia por onde Jesus andou.[15][16]
Embora o evento principal
tenha decorrido junto ao Parque do Tejo,[15] em Lisboa, foram esperadas peregrinações dos jovens
participantes ao Santuário Nacional de Cristo Rei,
em Almada,
ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima - que
o Papa visitou no dia 6 de agosto -, na Cova da Iria,
e, ainda, ao local do nascimento de Santo
António de Lisboa.
Mudança de data
No dia 20 de abril de 2020, o Vaticano anunciou a mudança da data inicialmente prevista
para a Jornada, devido à pandemia de COVID-19. O COL (Comitê
Organizador Local) acatou a decisão do Pontífice. O Encontro Mundial das
Famílias, programado em Roma para junho de 2021, também acabou sendo
adiado para junho de 2022 pelas mesmas razões. Em nota o Vaticano, dentre
outras coisas, afirmou:[17][18][19][20]
“ |
Devido
à atual situação de saúde e suas consequências no movimento e agregação de
jovens e famílias, o Santo Padre, juntamente com o Dicastério para Leigos, Família e
Vida, decidiu adiar o próximo Encontro Mundial da Família por um
ano, agendado para Roma, em junho de 2021, e a próxima Jornada Mundial da
Juventude, agendada em Lisboa em agosto de 2022, respetivamente em junho de
2022 e agosto de 2023. |
” |
|
— Nota
do Vaticano sobre a mudança de data da JMJ 2022 para 2023[20]. |
Logotipo
O logotipo do evento foi revelado no dia 16 de
outubro de 2020. A autora do logotipo é Beatriz Roque Antunes, uma jovem designer portuguesa de 24 anos. Estudou Design em Londres e
atualmente trabalha numa agência de comunicação em Lisboa.
Significados
Cruz
A Cruz de Jesus Cristo, sinal do amor infinito
de Deus pela humanidade, é o elemento central, de onde tudo nasce.
Caminho
Tal como indica o relato da Visitação que dá tema à JMJ Lisboa 2023, a Virgem Maria parte, pondo-se a
caminho para viver a vontade de Deus, e dispondo-se a servir a Sua prima Santa Isabel. Este movimento sublinha o convite
feito aos jovens para renovarem ‘o vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a
esperança e a generosidade’ (Christus Vivit, 20). A acompanhar o caminho surge,
ainda, uma forma dinâmica que evoca o Espírito
Santo.
Terço
A opção pelo terço do Santo Rosário celebra a espiritualidade
do povo português na sua devoção a Nossa Senhora de Fátima. Este é colocado
no caminho para invocar a experiência de peregrinação que é tão marcante
em Portugal.
Virgem Maria
A Virgem Maria foi desenhada
jovem para representar a figura do Evangelho de São
Lucas (Lc 1, 39) e potenciar uma maior identificação com os jovens. O
desenho exprime a juvenilidade própria da sua idade, característica de quem
ainda não foi mãe,
mas carrega em si a Luz do mundo. Esta figura aparece levemente inclinada, para
mostrar a atitude decidida da Virgem Maria.
Fonte: Vatican News
Patronos e
intercessores
Patronos
Os
patronos da JMJ 2023: A Beata Irmã Maria do Divino Coração, a Beata Alexandrina de Balazar e os Santos Francisco e Jacinta Marto (chamados
"Pastorinhos de Fátima") |
Os patronos da Jornada Mundial
da Juventude de 2023[21] são
figuras católicas que, na sua juventude,[22] deram
passos decisivos no caminho da santidade:
·
Beata Maria
do Divino Coração (Irmã do Bom Pastor e Mensageira do Sagrado Coração de Jesus)
·
Beata Alexandrina de Balazar (Cooperadora
Salesiana e Mensageira do Imaculado Coração de Maria)
·
Santos Francisco e Jacinta Marto (Pastorinhos
de Fátima)
Intercessores
·
Santo
António de Lisboa (Frade franciscano e Doutor da Igreja)
·
São Bartolomeu dos Mártires (Frade dominicano e arcebispo católico)
·
Santa Beatriz da Silva (Monja concepcionista e
Fundadora da Ordem da Imaculada Conceição)
·
São Frei Gil de Portugal (Frade dominicano)
·
Santa Isabel de Portugal (Rainha
de Portugal e Freira da Ordem de Santa Clara)
·
São João de Brito (Missionário jesuíta e Mártir da Igreja Católica)
·
São João de Deus (Fundador da Ordem Hospitaleira)
·
Santos
Mártires de Lisboa (são os mártires São Veríssimo, Santa Máxima e Santa Júlia)
·
São Nuno de
Santa Maria (Condestável
de Portugal e Frade carmelita)
·
São Pedro de Rates (Bispo católico e mártir
cristão)
·
São Teotónio (Co-fundador dos Cónegos Regulares da Santa Cruz)
·
São
Torcato (Bispo católico e mártir cristão)
·
Beato Amadeu
da Silva (Frade franciscano e Reformador da vida conventual)
·
Beato Gonçalo
de Amarante (Frade dominicano e Confessor)
·
Beata Maria
Clara do Menino Jesus (Fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da
Imaculada Conceição)
·
Beata
Mafalda de Portugal (Rainha titular de Portugal e Monja Cisterciense)
·
Beata
Sancha de Portugal (Rainha titular de Portugal e Monja Cisterciense)
·
Beata
Teresa de Portugal (Rainha consorte de Leão e Monja Cisterciense)
·
Beata Rita Amada de Jesus (Fundadora do
Instituto das Irmãs de Jesus Maria José)
·
Venerável Madre Maria do Lado (Fundadora das Escravas do Santíssimo Sacramento)
·
Quarenta
Mártires do Brasil (Mártires missionários da Companhia de Jesus)
·
Serva de Deus Irmã Maria Estrela Divina (Religiosa
terciária e mística católica)
·
Serva de Deus Irmã Lúcia (Freira carmelita e vidente de Nossa Senhora de Fátima)
·
Serva de Deus Madre Virgínia Brites da Paixão (Freira clarissa e Mensageira do Imaculado Coração de Maria)
·
Serva de Deus Sãozinha de Alenquer (Jovem católica
devotada popularmente em Portugal)
Devoção
A imagem n.º 1 da Virgem Peregrina de Fátima viajou, na
madrugada de 21 de janeiro de 2019, até ao Panamá para estar presente na Jornada Mundial da Juventude de 2019 evocando
a memória do cunho mariano que o Papa João Paulo II desejou imprimir quando
idealizou a realização da primeira jornada.[23][24] Dando continuidade a isso, na Jornada
Mundial da Juventude de 2023, os jovens serão especialmente convidados a rezar
e aprofundar a principal devoção recomendada nas aparições da Virgem Maria na Cova da Iria, em Fátima,
especificamente a oração do Santo Rosário.[25]
Tema
A Jornada teve como tema
"Maria levantou-Se e partiu apressadamente". (Lc 1,39).[26]
Controvérsias
e protestos
Esta edição do evento tem sido
alvo de várias polémicas, como o facto de acontecer nos meses seguintes à
revelação das conclusões da Comissão
Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja
Católica Portuguesa[27] - e a subsequente resposta da Igreja
Católica portuguesa, vista por católicos e associações como insensível e/ou
insuficiente[28] -,
aos custos do evento e o seu avultado financiamento pelo Estado[29] -
prevendo-se que custe 80 milhões de euros ao erário público -,[30][31][32][33], nomeadamente quando Portugal passa por uma
grave crise habitacional[34] e
a maior taxa inflação desde o início da década de
1990[35][36]), assim como pela Câmara Municipal e Lisboa[37] e
outras autarquias portuguesas, de várias partes do país[38][39][40] (principalmente quatro munícipios da Grande Lisboa: Loures, Oeiras[41], Cascais e Almada[42], nomeadamente no que diz respeito gastos
relativos a contratos por ajuste direto[43][44]), sendo o exemplo mais mediático a construção do
palco-altar feito de propósito para receber Papa no Parque do Tejo,[45] - o que contrasta com o financiamento em
parte privado da edição de Madrid, em 2011[46] -, o desmontar do monumento fálico de João Cutileiro no Parque
Eduardo VII[47] - onde o Papa também marcará presença -,
as greves por parte de pessoal médico[48] e
de forças públicas de segurança[49][50] - assim como uma marcação de greve de
revisores da Comboios de Portugal[51] que acabou por ser desconvoncada uma
semana antes[52] -
durante o evento ou simples empreendimento por parte do Estado português - que,
segundo a Constituição da República Portuguesa,
é, na prática, laico[53] - num evento de cariz religioso,[54][55] nomeadamente na pessoa do Presidente da
República, Marcelo Rebelo De Sousa[56] (um conhecido fervoroso católico[57]) e o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas,[58] que preside àquela autarquia desde 2021,
que nas vésperas das Jornadas foi uma das pessoas que carregou uma cruz para o
interior do edifício daquilo organismo autárquico.[59]
Em termos de protestos contra
o evento, no dia 27 de julho de 2023, um dos últimos de preparação do Campo da
Graça, o espaço do Parque Tejo dedicado ao evento o artista plástico
português Bordallo II estendeu uma “passadeira da
vergonha”, composta por representações de notas de 500 euros, no palco-altar do
Parque Tejo, numa crítica aos “milhões do dinheiro público” investidos nesta
edição da Jornada Mundial da Juventude.[60] Tendo em conta a facilidade com que esta
ação foi levada a cabo, e devido à questão da segurança do espaço, Sistema de
Segurança Interna, um dos órgãos dos serviços secretos do Estado português,
emitiu um comunicado no dia seguinte, 28 de julho.[61] De
igual modo, o Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo
criticou a falta de segurança no espaço nesse dia. Tanto Carlos Moedas como o
Ministro da Administração Interna português, José Luís Carneiro, disseram que
não houve nenhuma falha de segurança.[62] O
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa também reagiu ao protesto de Bordallo
II ao gravar um vídeo em que satirizou o protesto - afirmando que [ali todos
eram] bem-vindos - no mesmo local, no dia 28 de julho,[63] Além
disso, um tweet viral
apelidou Bordallo II de "hipócrita", "por acumular mais de 700
mil euros em ajustes diretos com entidades públicas desde 2019". Isto
confirmado pela plataforma de verificação de factos Poligrafo, que corrigiu a data para
abril de 2018.[64]
No dia 2 de agosto, a Câmara
Municipal de Oeiras removeu, sem fundamento legal e alegando que se tratava de
«publicidade ilegal», um cartaz colocado num suporte em Algés, que chamava a
atenção dos participantes no evento para as mais de 4800 crianças abusadas pela
Igreja Católica em Portugal. Após protestos e acusações de censura e coerção do
direito à liberdade de expressão, a Câmara Municipal de Oeiras repôs o cartaz
num outro suporte em Algés no dia seguinte.[65][66]
Também no dia 2 de agosto, um
peregrino içou, como forma provocatória de demonstrar a hipocrisia da Igreja
Católica relativamente à inclusão de todos, a bandeira trans no Parque Eduardo
VII, onde decorria um dos eventos da Jornada, e foi censurado e criticado por
outros peregrinos, que o acusaram de promoção ideológica. A organização da
Jornada defendeu o peregrino que içava a bandeira.[67][68]
No dia 3 de agosto, um grupo
de fanáticos e religiosos ultraconservadores, com crucifixos de madeira e de
metal, e com o propósito de efetuar «oração reparadora para os pecados mortais
da ideologia LGBTQIA+», invadiu uma eucaristia organizada pelo Centro
Arco-Íris, na igreja da Ameixoeira, em Lisboa. A Polícia de Segurança Pública
foi chamada pelo sacerdote que presidia à eucaristia e o grupo foi removido
pelos agentes da PSP, incorrendo no crime de impedimento, perturbação ou
ultraje a ato de culto. A eucaristia já tinha sido alterada de local devido a ameaças.
O Ministério Público anunciou a abertura de inquérito aos factos.[69][70]
No dia 4 de agosto - durante o
evento -, centenas de pessoas participaram numa manifestação na Praça Martim
Moniz, em Lisboa, intitulada "sem PAPAs na Língua", que pretendeu
contestar os abusos perpetrados pela Igreja Católica, a sua influência sobre o
poder secular no país e os elevados montantes investidos por organismos
públicos portugueses no evento.[71][72]
Estimativas de lucros
anunciadas antes do evento colidiram com a perspectiva dos comerciantes e
estabelecimentos hoteleiros lisboetas, que deram conta da ausência dos clientes
habituais (incluindo moradores) e de turistas com o perfil habitual - que
evitaram estes locais devido à enchente de pessoas na cidade e às alterações ao
funcionamento da mesma que foram feitas, como cortes de trânsito - durante a
semana do evento.[73][74][75]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jornada_Mundial_da_Juventude_de_2023
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