REFLEXÃO
DOMINICAL I
A ASSUNÇÃO DE MARIA
Celebramos a
Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, uma verdade de fé, um dogma,
proclamado pelo Papa Pio XII em 1950. Assim nos diz o Concílio Vaticano II, na
Lumen Gentium (n. 59): “A Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da
culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e
alma à glória celeste e foi exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo, para
mais plenamente conformar-se a seu Filho, Senhor dos Senhores e vencedor do
pecado e da morte”. Maria, elevada ao céu, é primícia da Igreja celeste e o
sinal da esperança segura e do conforto para a Igreja ainda peregrina neste
mundo. Nesta Solenidade, dentro do mês vocacional, e no contexto do 3º Ano
Vocacional da Igreja no Brasil, vamos recordar e rezar por todos os religiosos
e religiosas, que se consagram a Cristo na radicalidade do batismo, no caminho
da santidade, professando os votos de pobreza, castidade e obediência, ou seja,
os conselhos evangélicos, à luz dos próprios carismas fundacionais. A Palavra
de Deus deste domingo nos dá o pleno sentido desta Solenidade da Assunção de
Maria. A primeira leitura do Livro do Apocalipse (Ap11,19a;12,1-3- 6a.10ab) nos
diz que a mulher é a imagem da Igreja, a comunidade cristã, aparentemente
indefesa e frágil, enquanto o dragão é a imagem do poder opressor, o império
romano daquele tempo, e ao longo dos séculos símbolo de tudo aquilo que impede
que o Reino de Deus se realize. A mulher resiste ao dragão, sinal de Deus que
protege e age na história, o mal não vencerá. Maria, a Mãe de Jesus, foi
associada à mulher, que gerou Jesus, o Filho de Deus, o Salvador. Muitos são
perseguidos pelas forças do mal, mas na fidelidade da fé, alcançam a gloriosa
ressurreição. O Evangelho de Lucas (1,39-56) nos apresenta o Cântico de Maria.
Ela é a mulher solidária e de fé que visita sua prima Isabel, e no maravilhoso
encontro e diálogo entre as duas, Deus se manifesta e se abre o tempo da
salvação. No Magnificat Maria exulta em ação de graças, como humilde serva do
Senhor. Deus sobre ela depositou seu olhar, a escolheu, por isso é
bem-aventurada. Nos simples e humildes, como Maria, se torna presente a
salvação na história humana e na memória da misericórdia divina se mantem a
fidelidade prometida a Abraão e seus descententes. A exemplo de Maria, somos
chamados a aderir à Palavra de Deus e, consequentemente, servir aos irmãos.
Maria é a discípula fiel, em relação a Deus e solidária em relação ao próximo.
A segunda leitura da Carta aos Coríntios (1Cor15,20-27a) nos recorda que
“Cristo ressuscitou dos mortos como primícia dos que morreram!”. Se Cristo é o
novo Adão, ele faz de sua Mãe a nova Eva, mãe da nova Igreja. Pela obra
redentora de Jesus todos terão acesso à vida em plenitude. Maria é
privilegiada, pois foi a primeira a pertencer a Cristo, como Mãe e discípula, e
recebe o destino glorioso alcançado pela Ressurreição de Cristo. Maria é figura
e esperança de todos quantos aspiram por liberdade e vida. Que Maria, Mãe,
Mestra e discípula missionária, continue nos ensinando a ouvir o Evangelho da
Vocação e a responder com alegria ao chamado recebido. Vocação é graça e
missão. Assim como Maria, vamos ter sempre os corações ardentes e os pés a
caminho.
Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ Bispo Auxiliar de São
Paulo
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