VIII-
REFLEXÃO DOMINICAL IV
O PÃO
DESCIDO DO CÉU
A
primeira leitura, tirada do primeiro livro dos Reis, narra um momento difícil
na vida do profeta Elias. Ele recebeu de Deus a vocação de ser profeta: de
anunciar a vinda do Messias, do Salvador, que será Jesus. No seu tempo, muitos
povos seguiam religiões politeístas e eram supersticiosos: Elias anuncia o Deus
Único e Verdadeiro. Por fidelidade ao Deus de Israel, neste momento, fugia de
uma grave perseguição: por isso está cansado e desanimado. Cai no sono. De
repente, alimenta-se duas vezes com um pão aparecido em pleno deserto e,
revigorado por esse alimento (prefiguração da Eucaristia), caminhou durante 40
dias e 40 noites até chegar ao monte de Deus, Horeb. Elias terminará plenamente
a sua missão e será levado ao Céu de forma misteriosa. No Evangelho de João,
Jesus faz a promessa da Eucaristia. Anuncia que vai dar-lhes um pão descido do
céu. Um alimento diferente das outras comidas: porque é um pão que leva até a
vida eterna. “Quem comer do pão que eu darei jamais morrerá”. Por fim, afirma
claramente: “Eu sou o Pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá
eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.
As pessoas não entendem. É compreensível: sabem que Jesus é o Filho de Maria,
que eles conhecem. Mas Ele diz ser o pão descido do céu. Parece que está
delirando, ao dizer que o pão é a sua carne. Jesus fala com um enorme realismo:
não está falando em sentido figurado ou simbólico. A Eucaristia não é um
símbolo, uma lembrança do Corpo e Sangue de Jesus: mas é realmente sua presença
verdadeira, real e substancial. O que Jesus propõe, à primeira vista, parece um
absurdo: comer carne e beber o sangue de alguém é repugnante. Jesus reafirma a
sua presença real. Não se trata de uma metáfora. Cristo não os deixaria irem
embora se usasse uma linguagem figurada. Sempre que usava metáforas, os
Evangelistas explicam claramente: por exemplo, quando disse que em três dias
reedificaria o templo de Jerusalém, falava da sua Ressurreição no terceiro dia depois
da sua Morte. Mesmo assim, muitos decidem abandonar Jesus depois dessa
proposta: faltou-lhes a confiança de que Ele encontraria uma forma de dar- -nos
a comer a sua carne e beber o seu sangue. E os que continuaram com Cristo
somente mais tarde entenderão que Ele dará a sua carne a comer sob a forma de
pão e o seu sangue sob a forma do vinho. Então, Jesus se voltou aos Apóstolos e
lhes perguntou: vocês também querem ir embora? Pedro responde manifestando toda
a sua confiança e seu amor: “Senhor a quem iremos? Só tu tens palavras de vida
eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!” Como eles, nós
também queremos permanecer com Jesus e recebê-lo bem na Sagrada Comunhão,
aproximando-nos deste sacramento estando bem preparados, se necessário, com a
Confissão contrita dos nossos pecados.
Dom Carlos Lema
Garcia Bispo Auxiliar de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário