XIII- SANTO AGOSTINHO: A PORTA ORIENTAL E A “VIRGINDADE
PERPÉTUA” DE MARIA
Pergunta: Agostinho
usou Ezequiel 44.2 como “prova” de que José e Maria não consumaram seu
casamento: “Esta porta permanecerá
fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o Senhor, Deus de
Israel, entrou por ela; por isso, permanecerá fechada”. Ele
interpretou a “porta fechada”, através da qual passou o “príncipe” em
Ezequiel 44.3, como um “tipo” da virgindade perpétua de Maria. Maria seria a
cidade fechada, e o príncipe passou miraculosamente pela porta fechada.
A
“explicação” de Agostinho continua:
O que significa essa porta fechada na casa do Senhor senão que
Maria será sempre inviolada? O que significa que “ninguém entrará por ela”, a
não ser que José não a deveria conhecer? E o que é isto: “ninguém entrará por ela,
porque o Senhor, Deus de Israel, entrou por ela”, exceto
que o Espírito Santo a deveria engravidar e que o Senhor dos Anjos nasceria
dela? E o que significa: “por
isso, permanecerá fechada”,a não ser que Maria era Virgem antes do
nascimento dEle, era Virgem no nascimento dEle e continua Virgem depois do
nascimento dEle.
Resposta: A
redução que Agostinho fez da Bíblia ao espiritualizá-la gerou todo tipo de
males, como explicamos em outras oportunidades.[1] Uma exegese adequada,
manejando “bem a palavra da verdade” (2
Timóteo 2.15), não poderia nunca, honestamente, permitir que
essa porção da Escritura apoiasse a ideia da virgindade perpétua de Maria.
Somente a imaginação limitada do homem, à medida que ele é influenciado por
Satanás, poderia ousar colocar mãos não-santas sobre um texto sagrado dessa
maneira. Mateus 1.25 declara abertamente que José “não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um
filho, a quem pôs o nome de Jesus”. Sim, eles consumaram seu
casamento e Maria e José tiveram filhos (veja Mateus 13.55-56; Marcos 6.3).
O que
esses versículos significam? Se lermos o contexto completo de Ezequiel 44, ele
não só não apóia
a espiritualização da passagem por Agostinho, como também não trata da Teologia
da Substituição de Agostinho, nem da ideia falsa de que o Senhor terminou Sua
ação com o Israel físico. Quando o Senhor retornar à terra, Ele voltará
especificamente para Jerusalém, cumprindo a seguinte promessa ao Israel
físico: “Declaro-vos, pois, que, desde
agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do
Senhor!” (Mateus 23.39).
Em
Ezequiel 44.2, as Escrituras dizem claramente: “Disse-me o Senhor: Esta porta permanecerá fechada, não se
abrirá; ninguém entrará por ela, porque o Senhor, Deus de Israel, entrou
por ela; por isso, permanecerá fechada”. Em Sua entrada
triunfal em Jerusalém (Mateus 21.1-5), o Senhor Jesus veio pelo monte das
Oliveiras e entrou na cidade pela Porta Oriental. Isso dificilmente seria um
paralelo ou sugeriria um nascimento humano.
A
história revela que a Porta Oriental foi fechada pelos muçulmanos no ano de
810, mas foi reaberta no ano de 1102 pelos Cruzados durante o curto período em
que eles controlaram aquela terra. Foi o líder otomano Saladino que novamente
confinou a cidade entre muros, depois de ter retomado Jerusalém no ano de 1187.
O sultão otomano Solimão, o Magnífico, manteve a Porta Oriental fechada quando
reconstruiu os muros da cidade. Ela tem permanecido selada desde 1541. Existe a
sugestão de que Solimão deve ter tomado essa decisão puramente por motivos de
defesa. De qualquer forma, ela permanece desse jeito até os dias de hoje.
Portanto,
a porta será fechada e não será mais reaberta. Nós estamos vendo o cumprimento
dessa palavra atualmente. Quem ainda não viu uma fotografia da entrada
bloqueada da Porta Oriental de Jerusalém, diante da qual os muçulmanos
colocaram um cemitério? Os muçulmanos aprenderam que os rabinos judeus falaram
do Messias como um grande líder militar enviado por Deus, vindo do Oriente. O
Messias entraria pela Porta Oriental e libertaria a cidade da ocupação
estrangeira. Os muçulmanos selaram a porta e colocaram um cemitério muçulmano
em frente a ela, crendo que um homem santo como o Messias não se contaminaria
por caminhar em um cemitério, não imaginando que eles estavam exatamente
cumprindo a profecia ao fazerem tal coisa!
Embora
o cemitério tenha sido colocado ali para fazer o solo ficar impuro, impedindo
que o Senhor pise sobre ele, Ezequiel 44.3 nos diz: “Quanto ao príncipe, ele se
assentará ali por ser príncipe, para comer o pão diante do Senhor; pelo
vestíbulo da porta entrará e por aí mesmo sairá”.
Atos 1.9-12
declara: “Ditas estas palavras,
foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus
olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que
dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões
galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi
assunto ao céu virá do modo como o vistes subir. Então, voltaram para
Jerusalém, do monte chamado Olival, que dista daquela cidade tanto como a
jornada de um sábado”.
Zacarias 14.3-4 profetiza sobre o retorno do Senhor à terra: “Então, sairá
o Senhor e pelejará contra essas nações, como pelejou no dia da
batalha. Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está
defronte de Jerusalém para o oriente; o monte das Oliveiras será fendido pelo
meio, para o oriente (…)”. Ezequiel 43.2,4 nos diz: “E eis que, do caminho do
oriente, vinha a glória do Deus de Israel; a sua voz era como o ruído de muitas
águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória. (…) A glória
do Senhor entrou no templo pela porta que olha para o oriente”. O
Espírito Santo, que deixou o templo em Ezequiel 8-11, retornará como a glória
do “Filho do Homem”, cuja voz é: “como
o som de muitas águas” (Apocalipse 1.13-15). O monte das
Oliveiras está voltado para a Porta Oriental, que será aberta pelo Senhor em
Sua vinda, independentemente do que o homem possa planejar ou espiritualizar
relativamente ao significado completo das Escrituras. (T.A. McMahon – The
Berean Call)
Fonte: Chamada
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