SANTO AGOSTINHO E A DOUTRINA EUCARÍSTICA
A
DOUTRINA EUCARÍSTICA AGOSTINIANA
Assim define a doutrina Eucarística de Santo
Agostinho, o historiador e renomado estudioso protestante JND Kelly:
“Há certamente passagens em seus escritos que
dão uma justificativa superficial para todas essas interpretações, mas um veredicto
equilibrado deve concordar que ele aceitou o realismo atual. Assim, na pregação
sobre ‘o sacramento da Ceia do Senhor ‘ para pessoas recém-batizadas, ele
comentou [Serm 227] ‘Esse pão que você vê no altar, santificado pela Palavra de
Deus, é o corpo de Cristo. Essa taça, ou melhor, o conteúdo dessa taça,
santificado pela Palavra de Deus, é sangue de Cristo. Por esses elementos o
Senhor Jesus Cristo quis transmitir Seu corpo e sangue, que Ele derramou por
nós.’
‘Você sabe’, ele disse em outro sermão [Serm
09:14], 'o que você está comendo e que você está bebendo, ou melhor, a quem
você está comendo e quem você está bebendo.’ Comentando sobre licitação do
salmista que devemos adorar o escabelo de seus pés, ele apontou [Enarr no Salmo
98:9] que esta deve ser a terra. Mas uma vez que
adorar a terra seria uma blasfêmia, ele concluiu que a palavra deve
misteriosamente significar a carne que Cristo tomou da terra e que Ele nos deu
para comer. Assim era o corpo eucarístico que exigia adoração.
Mais uma vez, ele explicou [Enarr em Salmo
33, 1, 10] a frase: ‘Ele foi levado em suas mãos’ (LXX de 1 Sam 21:13), que no
original descreve a tentativa de David de dissipar as suspeitas de Aquis, como
referindo-se o sacramento: ‘Cristo foi realizada em suas mãos, quando ele
ofereceu seu próprio corpo e disse: ‘Este é o meu corpo’.
Poderíamos multiplicar os textos como estes
que mostram Agostinho tomando por garantido a tradicional identificação dos
elementos com o sagrado corpo e sangue. Não pode haver
nenhuma dúvida de que ele compartilhou o realismo assegurado por quase todos os
seus contemporâneos e antecessores.” ( Kelly, Early
Christian Doctrines, pp. 446-47.)
1 – A TRANSUBSTANCIAÇÃO
Uma das provas mais explicita que Santo Agostinho cria na
transubstanciação é quando ele usa o verbo do latim “fit” (Fazer-se,
transforma-se) para indicar a transformação do pão no corpo de Cristo:
“Hoc
quod videtis, carissimi, in mensa Domini, panis est et vinum; SED ISTE PANIS ET HOC VINUM ACCEDENTE
VERBO FIT CORPUS ET SANGUIS VERBI. Ille enim Dominus, qui in principio
erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum 1, propter
misericordiam suam, qua non contempsit quod creavit ad imaginem suam, Verbum
caro factum est, et habitavit in nobis , sicut scitis; quia et ipsum
Verbum adsumpsit hominem, id est, animam et carnem hominis, et homo factus est,
manens Deus.”
“Querido,
você está vendo isso em cima da mesa do Senhor é o pão e o vinho. MAS ESTE PÃO E VINHO SE TORNAM O CORPO
E O SANGUE DO VERBO AO CHEGAR A PALAVRA. De fato, o Senhor, o Verbo que
existia no princípio, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus, porque a sua
misericórdia, que o impediu de desprezar o que ele criou a sua imagem, se fez
carne e habitou entre nós, como sabeis. Como a própria palavra se fez homem,
isto é, a alma e a carne do homem, e se fez homem permanecendo Deus. Por isso, uma vez que ele também
sofreu por nós, confiamos este sacramento de seu corpo e sangue, que também
transformou a nós mesmos. Na verdade, nós também nos tornamos seu corpo, por
sua misericórdia, somos o que recebemos.” (Sermão 229,
1) [http://www.augustinus.it/.../discorsi/discorso_302_testo.htm]
Assim como na doutrina católica:
“A comunhão de vida com Deus e a
unidade do povo de Deus, PELAS QUAIS A IGREJA É ELA MESMA, A
EUCARISTIA, as significa e as realiza. Nela está o clímax tanto
da ação pela qual, em Cristo, Deus santifica o mundo, como do culto que no
Espírito Santo os homens prestam a Cristo e, por ele, ao Pai.” (CIC - Parágrafo 1325)
Em seu sermão 234 repete:
“Norunt
fideles quid dicam: norunt Christum in fractione panis. Non enim omnis
panis, sed accipiens benedictionem CHRISTI, FIT CORPUS CHRISTI.”
“O
Senhor Jesus queria que aqueles cujos olhos foram mantidos para reconhecê-lo,
reconhecê-lo no partir do pão [Lucas 24:16,30-35]. Os fiéis sabem o que eu
estou dizendo que eles conhecem a Cristo na fração do pão. Pois nem todo pão, mas apenas aquele que recebe a
bênção de Cristo,
TORNA-SE CORPO DE CRISTO.” (Sermões 234, 2) [http://www.augustinus.it/.../discorsi/discorso_329_testo.htm]
Exatamente como na doutrina católica:
“Encontram-se
no cerne da celebração da Eucaristia o pão e o vinho, os quais, pelas palavras de Cristo e pela
invocação do Espírito Santo, SE TORNAM O CORPO E O SANGUE DE CRISTO.” (CIC - Parágrafo 1333)
"Pela
consagração do pão e do vinho se efetua a conversão de toda a substância do pão
na substância do corpo de Cristo Nosso Senhor, e de toda a substância do vinho
na substância do seu sangue. Esta conversão foi com muito acerto e propriedade
chamada pela Igreja Católica de TRANSUBSTANCIAÇÃO [cân. 2]." (Concílio
de Trento Sessão 4)
2 – A ADORAÇÃO EUCARÍSTICA
Sustenta que devemos adorar a Eucaristia:
“Engrandeça o senhor nosso Deus (Salmo
98, 5). Engrandecei-o verdadeiramente, engrandecei-o bem. Vamos louvá-Lo, vamos
engrandecer Aquele que forjou a própria justiça que temos; que operou em nós,
Ele prórpio. Pois quem, além d’Ele que nos justifica, praticou a justiça em
nós? Pois de Cristo é dito, que justifica o ímpio. (Romanos 4, 5)... E,
prostre-se diante escabelo de seus pés, porque Ele é santo. Diante do que nós
nos protramos? O Escabelo de seus pés. O que está sob os pés é
chamado de um escabelo[1], em grego ποπόδιον
ὑ, em latim Scabellum ou Suppedaneum. Mas considere, porém, irmãos, que ele nos
ordena a prostrar-nos. Em outra passagem das Escrituras é dito, O céu é o meu
trono, e a terra o escabelo dos meus pés. (Isaías 66, 1) Ele, em seguida, manda-nos
adorar a terra, já que em outra passagem isto é dito, o que é escabelo de Deus?
Como, então, devemos adorar a terra, quando a Escritura diz abertamente, que
você deve adorar o Senhor, o seu Deus? (Deuteronômio 6, 13). No entanto, aqui
ele diz, prostravam-se diante escabelo de seus pés, e, explicando-nos o
escabelo de seus pés é, ele diz: A terra é o meu escabelo. Estou em dúvida, eu
temo adorar a terra, pois Aquele que fez o céu e a terra pode me condenar;
novamente, tenho medo de não adorar o escabelo do meu Senhor, pois o Salmo me
manda, prostravam-se diante escabelo de seus pés. Eu pergunto, o que é escabelo
de seus pés? E a Escritura diz-me, a terra é o meu
escabelo. Hesitando, eu me viro a Cristo, uma vez que
eu estou aqui procurando Ele próprio: e descubro como a Terra pode ser adorada
sem impiedade, e como o escabelo de seus pés pode ser adorado sem
impiedade. Pois Ele tomou sobre Si terra da terra; porque a carne é
da terra, e Ele recebeu a carne da carne de Maria. E PORQUE ELE ANDOU AQUI NA
PRÓPRIA CARNE, E QUE DEU A PRÓPRIA CARNE, PARA NOS COMERMOS PARA NOSSA
SALVAÇÃO, E NINGUÉM COME ESSA CARNE, A MENOS QUE TENHA ADORADO PRIMEIRO:
descobrimos em que sentido tal um escabelo de nosso senhor pode ser adorado, E
NÃO SÓ ISSO, NÃO PECAMOS EM ADORAR, MAS QUE PECAMOS EM NÃO ADORAR..” (Sobre o Salmo 98,
8)
[http://www.newadvent.org/fathers/1801099.htm]
Agostinho explica que quando a bíblia fala sobre
"adorar o escabelo (estrado)" de Deus, está dizendo que se deve
adorar a Terra, por que a Terra é o Escabelo de Deus conforme diz o Salmo, e
Agostinho diz que tem medo de adorar a Terra por que é idolatria e Deus poderia
puni-lo, mas descobre que a "Terra" é a Carne de Cristo, por que ele recebeu
esta carne da terra, então ele entende em que sentido se pode adorar o escabelo
de Deus.
Isto é o que também ensina a doutrina católica:
“VISTO
QUE CRISTO MESMO ESTÁ PRESENTE NO SACRAMENTO DO ALTAR, É PRECISO HONRÁ-LO COM
UM CULTO DE ADORAÇÃO. ‘A
visita ao Santíssimo Sacramento é uma prova de gratidão, um sinal de amor E UM DEVER DE ADORAÇÃO PARA COM CRISTO, nosso Senhor.’” (CIC – Parágrafo 1418)
Outra vez em seu comentário ao Salmo 21 explica:
“COMERAM
E ADORARAM-NO TODOS OS RICOS DA TERRA, MESMO OS RICOS DA TERRA COMERAM O
CORPO HUMILDE DE SEU SENHOR, mas
não se portaram como os pobres até chegar a imitação; contudo o adoraram.
Diante dele, tudo o que se prostraram todos os que vem a terra...” (Salmo 21, explicação I, 30) [ http://www.augustinus.it/spagnolo/esposizioni_salmi/esposizione_salmo_022_testo.htm]
3 – A CELEBRAÇÃO SACRIFICIAL EUCARÍSTICA EM
BENEFÍCIO DOS MORTOS
Santo Agostinho sustenta que a ceia que é sacrifício do
Senhor é benéfica às almas dos mortos:
“Também
não se pode negar que as almas dos mortos encontram alívio com a piedade de
seus amigos e parentes que ainda estão vivos, quando O SACRIFÍCIO MEDIADOR É OFERECIDO POR
ELES, ou
quando a esmola é dada na igreja.” (Manual de Fé, esperança e amor
110) [http://www.newadvent.org/fathers/1302.htm]
“Mas, pelas orações da Santa Igreja, E PELO SACRIFÍCIO SALVÍFICO, E PELAS ESMOLAS QUE SÃO DADAS PARA SEUS ESPÍRITOS, NÃO HÁ DÚVIDA DE QUE OS MORTOS SÃO AJUDADOS, PARA QUE O SENHOR POSSA LIDAR MAIS MISERICORDIOSAMENTE COM ELES DO QUE SEUS PECADOS MERECERIAM. POIS TODA A IGREJA OBSERVA ESTA PRÁTICA QUE FOI TRANSMITIDO PELOS PAIS que reza por aqueles que morreram na comunhão do Corpo e Sangue de Cristo, quando são comemorados em seu próprio lugar no próprio sacrifício; e o Sacrifício é oferecido também na memória deles, em seu nome. Se, as obras de misericórdia são celebradas para o bem daqueles que estão sendo lembrados, quem hesitaria em recomendar-lhes, em cujo nome orações a Deus não são oferecidos em vão? Não tem nada para se duvidar de que essas orações são de lucro para os mortos; mas para, dentre eles, os que viveram antes de sua morte, de uma forma que torna possível para essas coisas para serem úteis para eles depois da morte.”(Sermões 172, 2) [http://www.augustinus.it/.../discorsi/discorso_223_testo.htm]
Novamente, isto é exatamente o que ensina o catecismo da
Igreja católica, que ainda cita Agostinho como referencia a esta doutrina:
“O
SACRIFÍCIO EUCARÍSTICO É TAMBÉM OFERECIDO PELOS FIÉIS DEFUNTOS “que morreram em Cristo e não
estão ainda plenamente purificados”, para que possam entrar na luz e na paz de
Cristo: Enterrai este corpo onde quer que seja! Não tenhais nenhuma preocupação
por ele! Tudo o que vos peço é que vos lembreis de mim no altar do Senhor onde
quer que estejais. Em seguida, oramos [na anáfora] pelos santos padres e Bispos
que faleceram, e em geral por todos os que adormeceram antes de nós acreditando
que haverá muito grande benefício para as almas, em favor das quais a súplica é
oferecida, enquanto se encontra presente a santa e tão temível vítima. (...) Ao
apresentarmos a Deus nossas súplicas pelos que adormeceram, ainda que fossem
pecadores, nós (...) apresentamos o Cristo imolado por nossos pecados, tomando
propício, para eles e para nós, o Deus amigo dos homens.
SANTO AGOSTINHO RESUMIU ADMIRAVELMENTE ESTA
DOUTRINA QUE NOS INCITA A UMA PARTICIPAÇÃO CADA VEZ MAIS COMPLETA NO SACRIFÍCIO
DE NOSSO REDENTOR, QUE CELEBRAMOS NA EUCARISTIA: Esta cidade remida
toda inteira, isto é, a assembléia e a sociedade dos santos, é oferecida a Deus
como um sacrifício universal pelo Sumo Sacerdote que, sob a forma de escravo,
chegou a ponto de oferecer-se por nós em sua paixão, para fazer de nós o corpo
de uma Cabeça tão grande. (...) Este é o sacrifício dos cristãos: “Em muitos,
ser um só corpo em Cristo” (Rm 12,5). E este sacrifício, a Igreja não cessa de
reproduzi-lo no sacramento do altar bem conhecido pelos fiéis, onde se vê que
naquilo que oferece, se oferece a si mesma.” (CIC – Parágrafo 1371 à 1372)
4 – A VIDA RECEBIDA ATRAVÉS DA EUCARISTIA:
Para Agostinho na Eucaristia temos vida:
“Por
esses sacrifícios da Antiga Lei, este sacrifício é representado, no qual há uma
verdadeira remissão dos pecados; MAS NINGUÉM É SOMENTE PROIBIDO DE LEVAR COMO
COMIDA O SANGUE DESTE SACRIFÍCIO, PELO CONTRÁRIO, TODOS OS QUE DESEJAM POSSUIR
VIDA SÃO EXORTADOS A BEBER DO MESMO.” (Perguntas sobre o
Heptateuco 3, 57)
5 – PARA SE TORNAR O CORPO DE CRISTO É
NECESSÁRIO A CONSAGRAÇÃO
Em sua obra contra fausto que acreditava que Cristo
estava presente desde a uva, ele evidencia que tem que haver consagração do pão
para se tornar corpo do Senhor, ou seja, apenas após a consagração temos o
Corpo de Cristo, nestas palavras se torna evidente que ocorre uma mudança do
que era pão para o que é o corpo de Cristo:
“Fausto pensa que temos prática
religiosa idêntica a eles sobre o pão e o vinho, seja para o maniqueísta tomar
o vinho não é uma prática religiosa, mas um sacrilégio. Eles que reconhecem na
uva o seu Deus e não querem reconhecê-lo na cuba, como se lhes incomodasse o que
algo foi pisado e se algo foi introduzido nela. EM VEZ DISSO, O
NOSSO PÃO E O NOSSO CÁLICE, NÃO QUALQUER UM, como, segundo seus delírios,
pensavam que Cristo é um prisioneiro nas espigas e nos ramos, MAS APENAS AQUELE
QUE POR UMA CERTA FÓRMULA DE CONSAGRAÇÃO SE TORNA MÍSTICO PARA NÓS, NÃO
NASCE. Portanto, QUANDO A CONSAGRAÇÃO NÃO É DADA, embora haja
pão e o cálice são apenas alimento para reflexão, NÃO É SACRAMENTO
RELIGIOSO, pondo de lado o que abençoamos e agradecemos ao
Senhor pelo seu dom, não apenas espiritual, mas também corporal.” (Contra Fausto XX, 13)
[http://www.augustinus.it/spagnolo/contro_fausto/libro_20_testo.htm]
Não basta dizer que esta é apenas uma mudança moral, como
a que ocorre nos outros Sacramentos. Pois, no De Trinitate, ele representa a
consagração misteriosa da Eucaristia como um milagre transcendente, ao lado da
qual os outros milagres de Deus não tem nada surpreendente. O homem pode fazer
o pão e vinho, mas para transformá-las em tão grande Sacramento, o Espírito
Santo deve operar:
“Eu
chamo o corpo e o sangue de Cristo, não a linguagem do Apóstolo, ou o
pergaminho e tinta utilizada, ou o som expresso, ou alfabetos impressos nas
membranas, mas
o fruto da terra formado pela semente, consagrado pela oração mística,
recebemos segundo o rito para a saúde da alma em memória da Paixão do Senhor. SACRAMENTO FEITO VISÍVEL PELA
INTERVENÇÃO DOS HOMENS, MAS SANTIFICADO PELA AÇÃO INVISÍVEL DO ESPÍRITO SANTO;
ao Deus agir através de todos aqueles movimentos temporários que acontecem
neste mistério,
movendo antes as formas visíveis dos ministros, seja atuando sobre a vontade
dos homens, ora sobre as virtudes de espíritos invisíveis sujeitos a Ele.” (Sobre a Trindade III, 4, 10)
[http://www.augustinus.it/spagnolo/trinita/trinita_03_libro.htm]
Assim o Espírito Santo Atua invisivelmente no pão e no
vinho, isso é exatamente o que diz a doutrina católica. Embora as partes
visíveis mantenham suas aparências, sua substancia ou parte invisível é feita
corpo de Cristo pela ação do Espírito Santo. Confirma isto novamente em
seu sermão 272:
“Sendo pequeno,
tomou o peito, se alimentou, cresceu, atingiu a idade adulta, os judeus o
perseguiram, penduraram-o no madeiro, ele morreu, o removeram, foi sepultado e
ressuscitou ao terceiro dia, quando quis, subiu ao céu, levando o seu corpo;
dali virá para julgar os vivos e os mortos, e agora lá está sentado à direita
de Deus, “como pode este pão ser o seu corpo e o cálice, ou melhor, o que ele
contém, ser o seu sangue? As realidades indicado, meus irmãos, são chamadas
“sacramentos”, porque uma coisa é o que vemos e outra o que entendemos. O QUE
VEMOS TEM ASPECTO CORPORAL; O QUE ENTENDEMOS FRUTO ESPIRITUAL.”.
(Sermão 272) [http://www.augustinus.it/spagnolo/discorsi/discorso_383_testo.htm]
Esta é a mesma doutrina católica conforme o catecismo:
“NA
EPICLESE ELA PEDE AO PAI QUE ENVIE SEU ESPÍRITO SANTO (OU O PODER DE SUA BÊNÇÃO
SOBRE O PÃO E O VINHO, PARA QUE SE TORNEM, POR SEU PODER, O CORPO E O SANGUE DE
JESUS CRISTO, e
para que aqueles que tomam parte na Eucaristia sejam um só corpo e um só
espírito (certas tradições litúrgicas colocam a epiclese depois da
anamnese). No
relato da instituição, a força das palavras e da ação de Cristo e o poder do
Espírito Santo tornam sacramentalmente presentes, sob as espécies do pão e do
vinho, o Corpo e o Sangue de Cristo, SEU SACRIFÍCIO OFERECIDO NA CRUZ UMA VEZ
POR TODAS.” (CIC – Prágrafo 1353)
6 – O CARÁTER SACRIFICIAL DA EUCARISTIA
Para Agostinho Cristo é sacerdote e vítima e
se oferece na ceia:
“Cristo
é tanto do Sacerdote, oferecendo a se mesmo, quanto a própria vítima Ele quis que o SINAL SACRAMENTAL disto
devesse ser a oferta diária da Igreja, que, desde que a Igreja é seu corpo e
Ele a cabeça, ela aprende a oferecer -se por meio dele.” (Cidade de
Deus 10, 20)
Para Agostinho Cristo ao celebrar a ceia carregava seu próprio corpo em
suas mãos:
“Cristo
foi carregado na sua própria mão a seguinte descrição, quando REFERINDO-SE AO
SEU PRÓPRIO CORPO, ELE DISSE: ‘ESTE É O MEU CORPO’ (MATEUS. 26, 26). POIS ELE
CARREGAVA AQUELE CORPO EM SUAS MÃOS.” (Explicação dos Salmos 33, I
: 11). [http://www.augustinus.it/.../esposizione_salmo_044_testo.htm]
A EUCARISTIA COMO A RENOVAÇÃO DO SACRIFÍCIO
DA CRUZ
Santo Agostinho cria totalmente no caráter Sacrificial da
Eucaristia, como já foi demonstrado em várias passagens, porém deixa isso ainda
mais claro em sua obra sobre 83 questões diversas:
“Cristo,
Sacerdote. Ele também é o nosso sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedec, que se ofereceu como sacrifício pelos nossos pecados, E NOS INSTRUIU PARA CELEBRAR A
RENOVAÇÃO DE SEU SACRIFÍCIO EM MEMÓRIA DE SUA PAIXÃO, de modo que O QUE MELQUISEDEQUE OFERECEU A
DEUS VAMOS VER AGORA OFERECIDO NA IGREJA DE CRISTO POR TODA A TERRA.” (Sobre 83 Questões Diversas – LXI, 2)
[http://www.augustinus.it/spagnolo/ottantatre_questioni/ottantatre_questioni_libro.htm]
Agostinho aqui deixa claro que o Sacrifício do Culto
Cristo é a
renovação do Sacrifício da Cruz, tal qual a doutrina católica
ensina:
“A
Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, A ATUALIZAÇÃO e a oferta sacramental de seu
único sacrifício na liturgia da Igreja, que é o corpo dele.” (CIC –
Parágrafo 1362)
“A
Eucaristia é, portanto, um sacrifício PORQUE REPRESENTA (TOMA PRESENTE) o
Sacrifício da Cruz, porque
dele é memorial e porque aplica seus frutos: [Cristo] nosso Deus e Senhor
ofereceu-se a si mesmo a Deus Pai uma única vez, morrendo como intercessor
sobre o altar da cruz, a fim de realizar por eles (os homens) uma redenção
eterna.” (CIC - Parágrafo1366)
“A
apresentação das oferendas
ao altar assume o gesto de Melquisedec e entrega os dons do Criador nas mãos de
Cristo. E ele que, em seu sacrifício, leva à perfeição todos os intentos
humanos de oferecer sacrifícios.” (CIC – parágrafo 1350)
E compara isto ao sacrifício que Melquisedeque oferecia,
ora, o que Melquisedeque oferecia, não era algo “simbólico”, não era algo
“representativo”, não era algo “com certa presença”, era um sacrifício real.
CONCLUSÃO
Como visto, a doutrina católica é a mesma agostiniana,
tudo o que vimos nos escritos de Agostinho pudemos também encontrar no
catecismo da Igreja Católica, são os mesmos ensinamentos em grau, número e
gênero. Por fim, conforme as obras de Santo Agostinho citadas tiramos as
seguintes conclusões:
(1) O pão santificado "é o corpo de Cristo"
(2) O vinho santificado "é o sangue de Cristo"
(3) Sabemos que Cristo, no partir do pão, e não todo o
pão, mas apenas aquele que recebe a bênção de Cristo "SE TORNA CORPO DE
CRISTO."
(4) Quando Cristo disse: "Este é meu corpo".
Ele carregou "seu próprio corpo" em "suas próprias mãos".
(5) Cristo é "imolado".
(6) Cristo é Sacerdote e Vítima e oferecendo-se no
cotidiano sacrificar o seu Corpo, a Igreja oferece-se através de/com Ele.
(7) Todos os que desejarem ter a vida eterna deve tomar
como alimento e beber o sangue do sacrifício de Cristo na Santa Comunhão.
(8) As almas dos mortos em Cristo encontrar alívio por
meio do sacrifício do Mediador oferecido por eles e através das orações do
Corpo vivo de Cristo na terra.
(9) Toda a Igreja observa essa prática transmitida dos
pais - as orações da Santa Igreja, o sacrifício salvífico, esmolas, obras de
piedade e misericórdia são oferecidos por aqueles que já morreram "na
comunhão do Corpo e Sangue de Cristo", para que o Senhor possa lidar mais
misericordiosamente com os seus pecados.
(10) Cristo nos deu a Sua própria carne "para ser
comido para a salvação" e ninguém come essa carne, a menos que adore.
RODRIGUES,
Rafael. A Doutrina
Eucarística de Santo Agostinho. Disponível em: <http://apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/639-a-doutrina-eucaristica-de-santo-agostinho>
Desde: 27/04/2014
[1] Um escabelo é um
banco pequeno que serve de apoio aos pés por vezes utilizado por pedicures.
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