REFLEXÃO DOMINICAL III
FICA CONOSCO, SENHOR, SOMOS TEUS SEGUIDORES TAMBÉM
- Os Atos dos Apóstolos continuam
descrevendo os primeiros acontecimentos marcantes da Igreja primitiva. Dentre
eles, dois foram decisivos: a ressurreição do Senhor e o envio do Espírito
Santo. A ressurreição trouxe luz para tudo o que tinha sido obscurecido pelo
escândalo da cruz. A descida do Espírito Santo, reacendeu a luz da fé nos
corações dos discípulos e os transformou em testemunhas corajosas do Senhor e
da sua ressurreição. Nos primeiros dias, logo após a ressurreição, os
discípulos viviam escondidos por medo dos judeus; reuniam-se a portas fechadas.
Agora, já cheios do Espírito Santo, aquele medo transforma-se em coragem e os
discípulos são, agora, corajosos anunciadores e testemunhas públicas do Senhor.
O anúncio público dos apóstolos partia sempre da paixão, morte e ressurreição
do Senhor, pois este foi o momento mais alto da história da nossa salvação e
também a maior prova do amor de Deus por nós. Não se pode anunciar a
ressurreição do Senhor sem falar de sua paixão e morte. Somos tentados a omitir
estes fatos, mas, como os discípulos, devemos ser fiéis a este anúncio. Jesus
só ressuscitou glorioso, porque assumiu obedientemente a sua paixão e morte na
cruz, em atitude de amor ao Pai e a nós. Concretamente, temos que viver nossa
fé em Jesus com a mesma alegria e convicção, tanto naqueles momentos serenos da
vida, como naqueles de profunda dor, de profundo sofrimento.
- Vimos também como Pedro, agindo em nome de
Cristo e de toda a Igreja, vai buscar nas Sagradas Escrituras os fundamentos do
seu anúncio. Através da Palavra de Deus escrita, ele conduz seus ouvintes à fé
no Senhor. Estando cheio do Espírito Santo e agindo em nome do Senhor, Pedro
não confia somente em seus conhecimentos, na sua sabedoria, nem mesmo em suas
qualidades ou gosto pessoal, mas na Palavra revelada. Ela é a fonte, o ponto de
partida e de chegada de todo o anúncio da Igreja primitiva e também deve ser
para a Igreja de todos os tempos.
- Na segunda leitura, encontramos novamente
São Pedro exortando seus irmãos na fé a viverem fielmente a própria vocação
cristã, mesmo em meio às dificuldades, perseguições e provações da vida. Pelo
sangue de Cristo derramado na cruz, fomos resgatados da vida fútil, das coisas
vazias que são típicas do pecado. Em vez de perder tempo em coisas passageiras
e de pouco valor, é melhor nos dedicarmos para que toda a nossa esperança seja
colocada somente em Deus. Não basta dizermos que temos fé, precisamos
confirmá-la com nossas obras.
- O Evangelho nos conta uma das tantas
aparições do Senhor ressuscitado. Agora não é mais o grupo dos doze que vê
Jesus: são os discípulos de Emaús os agraciados com a aparição do Senhor
glorioso. É Jesus ressuscitado que espontaneamente apresenta-se no caminho
destes discípulos e prossegue caminhando com eles. Os dois estavam vivendo uma
primeira crise de fé e praticamente já tinham perdido as esperanças nas
promessas de Jesus. De fato, eles afirmaram: "nós esperávamos que fosse o
libertador de Israel, mas já faz três dias que tudo isto aconteceu". Mesmo
conhecendo o coração daqueles discípulos, o Senhor coloca-se no caminho deles e
estabelece um diálogo. Tal fato é assim narrado para mostrar-nos que o encontro
com o Senhor ressuscitado é sempre um dom e presente. Mesmo que nossa fé seja
pequena e nossa esperança pouca, Jesus gratuitamente se coloca no nosso
caminho, acompanha nossos passos, dialoga conosco e oferece-nos a salvação. Se
nos dispomos a caminhar com ele e seguir os seus passos, alcançaremos a
salvação, caso contrário, continuaremos cegos e escravos de nossa falta de fé.
- É importante também
observar o caminho que os discípulos fizeram para reconhecer o Senhor a partir
da explicação das escrituras. Mais uma vez nos é comprovado que depois da
ressurreição, a fé em Jesus não necessita mais do ver e do tocar. Para ver
Jesus glorioso e crer na sua presença, precisamos apenas de um ato de fé, dos
olhos do coração. Além das explicação das escrituras, aquilo que abriu
definitivamente os olhos da fé dos discípulos foi o gesto de Jesus de abençoar
e partir o pão, exatamente como o havia feito na celebração da última ceia,
quando havia instituído a Eucaristia. Portanto, é na Palavra anunciada e no pão
partilhado que Jesus se revela e se faz presente entre nós, depois da
ressurreição. Isto equivale a dizer que a Eucaristia que celebramos em nome do
Senhor é o melhor lugar e o melhor momento para reconhecermos a presença de
Jesus ressuscitado entre nós. De fato, em cada Eucaristia que celebramos, o
próprio Senhor nos atualiza sua Palavra e parte o pão do seu Corpo e o cálice
do seu Sangue para nós. É na Eucaristia que Jesus vivo encontra-se conosco. Com
o Senhor eles participaram da Eucaristia e como consequência, tornaram-se
anunciadores e testemunhas de que o Senhor ressuscitou, está vivo e caminha com
os seus. Assim devemos viver nossa Eucaristia. Ela nos impulsiona à missão e ao
testemunho do Senhor ressuscitado.
- Cada Eucaristia que celebramos é uma riqueza
imensa que não podemos guardar só para nós. Terminada a celebração, devemos
correr ao encontro dos irmãos e irmãs para partilhar o dom re
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