XI- RELIGIÃO: QUEM SÃO OS BATISTAS?
Pode-se dizer, apesar de suas origens
confusas, que os Batistas nasceram a partir de John Smyth († 1617)
Os Batistas
não têm – como alguns dizem – origem histórica em João Batista nem nos seus
discípulos. A raiz desse grupo cristão está inserida no Protestantismo do
século XVI, iniciado por Martinho Lutero, e o seu nome (batista) tem a ver com
o modo como entendem o batismo. Vejamos, brevemente, a história desse grupo.
Pode-se
dizer, apesar de suas origens confusas, que os Batistas nasceram a partir de
John Smyth († 1617). Este inglês era pastor anglicano, mas não aceitava a
hierarquia e a liturgia do anglicanismo, fundado pelo rei Henrique VIII, no
século XVI, na Inglaterra. Criou, então, em Gainsborought, em 1604, uma pequena
comunidade. Perseguido, teve de se exilar em Amsterdam, na Holanda, país onde
era forte o ramo cristão calvinista (de João Calvino) a professar teses
distintas das de Lutero. Dentre essas teses se sobressai a predestinação à
condenação, isto é, uns nasceriam predestinados à salvação eterna e outros à
perdição eterna.
Ocorre que,
além do calvinismo, havia, na Holanda, outros grupos de matriz protestante –
menonitas, hetterianos e anabatistas (ou rebatizadores) – a pregarem que a
Igreja deve ser, o mais possível, espiritual, sem hierarquia visível e formada
somente pela adesão do ser humano à Palavra de Deus. Seu sinal típico era o
batismo ministrado, por imersão, só a adultos; nunca a crianças. Quem viesse de
outro grupo cristão para estes era batizado de novo ou “rebatizado”. Eis porque
Smyth, tendo se encontrado com um padeiro menonita, foi por ele convencido de
que é inválido o batismo das crianças (ensino anabatista). Descrente, então, da
validade do seu próprio batismo, ele mesmo se “rebatizou”, mas, com o tempo,
passou a duvidar também da validade desse auto batismo.
Sem apoio de
quase ninguém, foi expulso de sua comunidade. Buscou ajuda entre os menonitas,
mas eles não o aceitaram. De tudo isso, fica, de historicamente concreto, que,
em 1612, um grupo de discípulos de Smyth voltou à Inglaterra e lá fundou a
primeira Igreja Batista – não mais anabatista ou rebatizadora. O nome do grupo
era “Batistas Gerais” por se oporem à tese calvinista da predestinação de uns à
salvação e de outros à perdição eternas. Diziam que, pela cruz, Cristo salvou a
todos. A partir de 1641, outro grupo de dissidentes do anglicanismo adotou as
teses anabatistas ou dos rebatizadores. Enviou um representante – Ricardo Biunt
– à Holanda a fim de lá receber o batismo de adultos e levar, então, à
Inglaterra esse “verdadeiro batismo”, ou seja, de adultos e só por imersão.
Ali, Biunt batizou 55 membros de sua comunidade. À diferença dos “Batistas
Gerais”, esse grupo defende a citada doutrina calvinista da predestinação. Por
isso, são chamados de “Batistas Particulares” ou “Regulares”.
Os Batistas
de ambos os ramos foram se dividindo e subdividindo. Eis porque, em 1905, havia
mais de 20 grupos batistas diferentes. Dom Estêvão Bettencourt, OSB, autor que
estamos seguindo na elaboração deste artigo, escreve: “Cada comunidade batista
é independente de qualquer autoridade visível, seja eclesiástica, seja civil; é
regida diretamente ‘por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo’, que agem na
assembleia – não há, portanto, hierarquia nem jurisdição eclesiástica. O pastor
é, de certo modo, o governante absoluto da comunidade; esta, porém, pode
rejeitá-lo e o substituir por outro. Todo poder é delegado pela assembleia dos
crentes, que elege os que por ela respondem, tanto pastores como diáconos” (Crenças, religiões, igrejas e seitas:
quem são? Santo André: Mensageiro de Santo Antônio, 1997, p.
40).
Quanto à
doutrina, além do que já vimos no texto (a predestinação ao inferno, o batismo
só de adultos e por imersão, a comunidade sem hierarquia ou mais espiritual e o
“rebatismo”), os Batistas defendem a justificação apenas pela fé e sem as
obras, a graça somente como “encobridora”, mas não apagadora do pecado, o
batismo e a Santa Ceia como fortalecedores do crente, mas não são sacramentos
e, como nos meios protestantes em geral, dizem ser a Bíblia a sua única fonte
de fé...
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