sábado, 15 de fevereiro de 2025

IX-REFLEXÃO DOMINICAL III: "BEM AVENTURADOS OS POBRES"

 

IX-REFLEXÃO DOMINICAL III:

 

"BEM AVENTURADOS OS POBRES"

Há sempre quem veja a predileção de Deus pelos pobres, neste evangelho, apenas como uma forma de consolo aos pobres que sofrem neste mundo.Uma espécie de slogan “Sofra agora e goze depois”. Esse pensamento reforça o sistema explorador e opressor e ao mesmo tempo acalma e acomoda o pobre, tirando dele a vontade de lutar pelos seus direitos. Não é preciso lutar para mudar a situação pois é Deus que quer assim.

Embora neste evangelho Lucas fale literalmente da pobreza e riqueza material, é preciso prestar atenção em um detalhe: Jesus proclama as Bem Aventuranças olhando para os seus discípulos, que naquele momento era um grupo numeroso em meio à multidão. O evangelho não compactua com a pobreza, conseqüência da ganância e egoísmo do homem, a Igreja de Jesus Cristo terá sempre de ter uma palavra de ajuda e de esperança a favor da massa empobrecida, principalmente dos países da América Latina, onde de maneira vergonhosa e pecaminosa ainda temos uma massa de miseráveis ao lado de grandes conglomerados econômicos e latifundiários, que com seu poder coloca os governantes e legisladores a seu serviço.

No evangelho de Lucas o sermão das Bem aventuranças é situado em uma planície, após Jesus e seus discípulos terem descido da montanha assinalando assim, que Deus vem ao encontro do homem, como resposta ao seu sofrimento, como proposta de uma vida nova em uma sociedade onde não haja mais divisões entre classes sociais. Mas quem dará atenção e acolhimento a este projeto?

A primeira leitura responde que o homem tem duas alternativas: poderá ser feliz e bendito se souber fazer a escolha certa para viver bem esta vida, confiando no Senhor e no plano de Salvação, ou então será maldito se confiar em outro homem, não na pessoa, mas nos projetos humanos que sempre são falhos, porque atribuem um valor absoluto a coisas que passam e que são transitórias. O Diretor proprietário de um grande império econômico que a vida inteira acumulou sua fortuna de maneira egoísta, nunca se importando com o projeto de Deus e muito menos com as pessoas, na hora derradeira de sua vida mergulhará em uma crise profunda, extremamente dolorosa porque irá constatar aterrorizado que fez a escolha errada ao colocar toda sua confiança e esperança de felicidade nos bens materiais, dos quais não levará consigo um único centavo para a outra vida.

Não foi Deus que dividiu a humanidade entre ricos e pobres, essa divisão é conseqüência do pecado, a desgraça que há de cair na vida de um rico que nunca se importou em conhecer Deus e o seu projeto de Salvação, não é castigo divino mas apenas conseqüência de sua escolha.

A referência do evangelista é sempre o Reino de Deus onde se fazer pobre pelo reino não significa ser masoquista, passando fome e toda sorte de privações pois isso, com toda certeza Deus nunca desejou, como também ele não faz de suas bênção uma varinha mágica que enriquece e dá prosperidade a algumas pessoas transformando pobres em ricos e ricos em milionárias, como tenta ensinar certa corrente religiosa defensora da teologia da prosperidade. Nada na vida de fé acontece em um passe de mágica pois este não é o método de Deus.

Portanto, ser bem aventurado e feliz diante do evangelho, não é apenas uma questão de ter ou não ter muitos bens materiais, mas sim de ter se tornado discípulo do Senhor, vivendo a vida de acordo com os valores do seu reino que é a justiça e a paz, conseqüência da igualdade, partilha e fraternidade. Quem trilha este caminho, sem se desviar para os tentadores atalhos que o mundo nos coloca, será feliz e bendito porque confiou e colocou toda sua esperança, não naquilo que o mundo oferece mas sim na vida nova que vem da graça de Deus, e que se estende para muito além dos limites da nossa vida biológica.

É para estes benditos e benditas que o evangelho traz a boa nova, pessoas que não estarão isentas de sofrimentos, privações e até perseguições, por terem optado pelo evangelho de Cristo, que desafia e põe em cheque o conceito de felicidade que o mundo nos ensina, porque mostra-nos no Senhor Ressuscitado, que esta vida terrena é apenas caminho para se chegar na verdadeira vida, sonhada, desejada e construída ainda nesta nossa peregrinação por este mundo.

Nossas comunidades cristãs nas quais participamos, já aderiram com fidelidade a proposta que Deus nos faz em Jesus Cristo, ou pelo contrário, acabamos trazendo para dentro da comunidade certos valores sedutores que o mundo nos apresenta? A resposta a essa pergunta nos indicará se pertencemos ou não ao grupo dos Bem Aventurados...

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com

 

http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0302.htm#msg01

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