XIII- SANTO AGOSTINHO
Cristo : Nosso exemplo e
mediador segundo Santo Agostinho
Por Mário Sérgio,OSA
P Como você compreende a mediação de Cristo entre Deus e a humanidade?
Em nosso mais recente artigo, exploramos a visão de Santo Agostinho sobre
Cristo como o único e verdadeiro mediador, um conceito fundamental em sua
teologia.
Santo Agostinho, em seus numerosos escritos,
abordou de diversas formas a figura de Cristo. Impressiona a quantidade de
títulos cristológicos usados por ele: Cristo é luz, caminho, verdade, médico,
Salvador, sabedoria encarnada, Palavra, peregrino, exemplo, entre outros. No
entanto, entre essas diversas formas de se referir a Cristo, destaca-se o
conceito de mediador. A ideia de que Cristo é o único e verdadeiro mediador é
uma chave central no pensamento agostiniano. Ele tomou essa ideia de São Paulo,
em 1 Timóteo 2,5, onde se diz que Cristo é “mediador entre Deus e os
homens”.
Santo Agostinho, como praticamente todos os teólogos e filósofos
antigos, estava profundamente preocupado em encurtar as distâncias entre o céu
e a terra, entre a humanidade e a divindade, entre o desejo de felicidade e a
felicidade em si, entre a pátria e o caminho. Para Agostinho, somente Cristo,
como mediador, pode abrir-nos as portas, encurtar as distâncias e levar-nos
para a nossa verdadeira morada. Nenhuma outra criatura pode salvar o ser humano
senão o único mediador entre Deus e os homens: Cristo Jesus. Cristo é
nosso guia e inspirador. Ele nos conduz como líder, leva-nos em Si mesmo como
caminho e atrai-nos a Si como pátria (In. Ps. 60,4).
Segundo Agostinho, a mediação de Cristo é perfeita porque nele encontramos
unidas ambas as naturezas: a divina e a humana. Agostinho desenvolve sua
teologia da mediação única e universal de Cristo lendo a Carta aos Hebreus,
onde Cristo é apresentado como mediador dos bens futuros. No Sermão 47,21,
nosso santo dedica um espaço para falar da mediação de Cristo e explicar por
que só Ele é o único e verdadeiro mediador entre Deus e os homens. A perfeição
da mediação de Cristo reside no fato de que, em sua única pessoa, ocorre a
união entre a natureza humana e a natureza divina. Assim disse Agostinho: “É
por isso que Ele também é o mediador entre Deus e os homens, porque Ele é Deus
como o Pai e é homem como os homens [...] A divindade sem a humanidade não é
mediadora, assim como a humanidade sem a divindade”.
Mas por que Santo Agostinho insiste tanto no
caráter mediador de Cristo, enfatizando a doutrina da dupla natureza de Cristo:
homem e Deus ao mesmo tempo? Agostinho responde que, se Jesus não fosse ao
mesmo tempo homem e Deus, não poderia salvar-nos. Somente pode salvar-nos
aquele que participa verdadeiramente da nossa condição. Fez-se Deus
conosco para que nós fôssemos deuses com Ele. Aquele que, para estar conosco,
fez-se um de nós, faz com que nós estejamos com Ele, tornando-nos um com Ele
(In. Ps. 145,1). Por isso, Agostinho e todos os Padres da Igreja
defenderam a fé cristológica contra os docetas, que negavam que Cristo tivesse
assumido um corpo verdadeiramente humano, e também contra os arianos, que
defendiam que Jesus não era verdadeiramente Deus, igual ao Pai.
Fonte Centro de Estudos Agostinianos
https://www.osabrasil.org/noticia/post/cristo--nosso-exemplo-e-mediador-segundo-santo-agostinho
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