sábado, 15 de fevereiro de 2025

VII- REFLEXÃO DOMINICAL I AS BEM-AVENTURANÇAS

 

VII- REFLEXÃO DOMINICAL I

AS BEM-AVENTURANÇAS

No sermão das bem-aventuranças Jesus dirige-se a seus seguidores e descreve sua situação, sua realidade: são pobres, estão famintos, choram, são odiados e perseguidos. Além deste sentido prático e real, as bemaventuranças devem ser entendidas como qualidades espirituais dos discípulos e de todos aqueles que se entregarem para seguir Jesus. Mas Jesus enxerga mais longe e afirma algo que, aos olhos humanos, parece um verdadeiro absurdo: vocês são bem-aventurados significa felizes, ditosos, porque são pobres, porque têm fome, porque choram... Como podemos entender? Parece que não tem lógica! Jesus começa falando de felicidade, porque é uma força irresistível do coração humano, porque todos temos fome e sede insaciáveis de felicidade, de plenitude, de realização. Bem-aventurados, felizes: como não se sentir atraídos pelas palavras do Senhor? Deus quer a nossa felicidade. Colocou este desejo no mais profundo do nosso ser. E, com as bem-aventuranças, nos mostra o único caminho para a felicidade eterna a que o nosso coração aspira. Deus nos concede uma antecipação da felicidade da Glória celestial, para quem vive nesta terra de acordo com as bem-aventuranças. Portanto, não se trata de uma felicidade futura: Deus não nos propõe uma escolha: ou você é feliz nesta vida ou na outra: “a felicidade do Céu é para os que sabem ser felizes na terra” (São Josemaria, Forja, n. 1005). A alternativa se dá entre os bens verdadeiros e os bens falsos. Reparamos que Cristo propõe uns padrões de felicidade que estão no contrafluxo dos conceitos humanos: o mundo propaga que felizes são os ricos, aqueles que podem gastar de acordo com os seus caprichos, os que usufruem de posses e tem reservas para o futuro: parece mesmo que a maior fonte de promessa de felicidade para as pessoas reside na solução dos seus problemas financeiros. No entanto, Jesus diz: felizes os que tem coração de pobre. O mundo diz: felizes os que só têm motivos para rir, os que se divertem conforme seus desejos, os que não sofrem, os que não precisam fazer nenhum tipo de sacrifício. Mas Jesus, ao dizer felizes os que choram... porque serão consolados, está falando daqueles que choram os seus pecados e atingem a contrição necessária para se purificar dos seus erros. Jesus propõe uma reviravolta total em relação aos valores mundanos. Exalta e abençoa a pobreza, a doçura, a misericórdia, a pureza. As bem-aventuranças fazem-nos adquirir uma visão elevada, superior, sobrenatural. Dão-nos critérios diferentes. Mostram-nos que os bens do espírito estão muito acima dos bens materiais. Nem a falta dos bens, nem a dor, a doença, a injustiça... nada disto é capaz de abalar aqueles que confiam plenamente em Deus. Assim entendemos as palavras do profeta Jeremias, na primeira Leitura: Bendito o homem que deposita a sua confiança no Senhor e cuja esperança é o Senhor. Assemelha-se à árvore plantada à beira da água, que estende as raízes para a corrente. Quando chegar o calor, não o sentirá, e a sua folhagem continuará verdejante. E em ano de seca, não se inquietará; continuará a dar fruto. Pelo contrário, é maldito o homem que confia em outro homem, que faz da carne o seu apoio e cujo coração vive distante do Senhor. O cristão tem a sua esperança posta em Deus e, porque conhece e aceita a sua fraqueza, não se fia de si próprio. Sabe que, em qualquer tarefa ou empreendimento, deverá mobilizar todos os meios humanos ao seu alcance, mas também sabe que antes de mais nada deve contar com a oração; reconhece e aceita com alegria que tudo o que possui foi recebido de Deus. Lembramos também daquelas outras palavras de Jesus: ”bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a praticam”, os que conhecem aquilo que Deus quer e abraçam a sua Vontade, mesmo que lhes custe. Eu posso dizer que estou no caminho da felicidade? Realizo o plano de Deus? Estou fazendo a minha parcela?

Dom Carlos Lema Garcia Bispo Auxiliar de São Paulo

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