A FOME NO BRASIL
O Brasil voltou ao Mapa da Fome, ou
seja, mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras vivem sem ter o que comer
não ou tem certeza se conseguirá comida ou precisa reduzir a qualidade e/ou
quantidade dos alimentos. Esse diagnóstico está no relatório da
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgado em
julho deste ano.
O levantamento mostra que quase 30% da
população brasileira vive insegurança alimentar moderada ou grave no país. Os
dados são do período de 2019 a 2021. O novo relatório mostra um forte
agravamento da situação no Brasil. Entre 2014 e 2016, esse contingente era de
37,5 milhões de pessoas com insegurança alimentar, dentre elas 3,9 milhões em
condição grave – número quase quatro vezes menor do que hoje.
A Igreja e o tema da fome
O tema
da fome foi abordado na Campanha de 1985. Dois grandes eventos marcaram a
Igreja no Brasil em 1985: a realização do 11º congresso Eucarístico Nacional
realizado em Aparecida (SP) e a Campanha da Fraternidade. Ambas as iniciativas
receberam o mesmo lema “pão
para quem tem fome”. Um dos grandes temas refletidos foi o cenário da fome
apresentado como “um problema crucial”.
Na
encíclica Fratelli Tutti, o Papa Francisco fala do escândalo
da fome e chama o atual sistema de assassino: “As crises sociais, políticas e
econômicas fazem morrer à fome milhões de crianças, já reduzidas a esqueletos
humanos por causa da pobreza e da fome; reina um inaceitável silêncio
internacional” (nº 29).
O Santo Padre adverte ainda que “a
política mundial não pode deixar de colocar entre seus objetivos principais e
irrenunciáveis o eliminar efetivamente a fome. Com efeito, quando a especulação
financeira condiciona o preço dos alimentos, tratando-os como uma mercadora
qualquer, milhões de pessoas sofrem e morrem de fome… a fome é criminosa e a
alimentação é um direito inalienável”(nº 189).
https://www.cnbb.org.br/seminario-nacional-cf-2023/
Fome no
Brasil
A fome no
Brasil acomete atualmente 33,1 milhões de pessoas, evidenciando a profunda
desigualdade socieconômica e outros problemas de ordem política e sanitária no
país.
"A fome no
Brasil é um problema histórico que, após uma queda considerável, voltou a
crescer nos últimos anos e afeta hoje uma parcela de 15,5% da população do
país. Convivem com escassez de alimentos 33 milhões de pessoas no território
nacional, especialmente nas áreas rurais e nas regiões Norte e Nordeste.
As causas para a fome
no Brasil compreendem desde questões sociais e econômicas até políticas,
destacando-se as desigualdades sociais, a pobreza, as crises (política,
econômica, sanitária) e a má distribuição de alimentos. Fatores naturais, a
exemplo da secas severas, também contribuem para a ampliação da insegurança
alimentar. A fome afeta drasticamente a qualidade de vida e a saúde física e
mental dos indivíduos, causando a desnutrição e até mesmo a morte."
Veja mais sobre
"Fome no Brasil" em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/fome-no-brasil.htm
"Resumo sobre a fome no Brasil
A fome no Brasil é
causada por diversos fatores, como as desigualdades socieconômicas e a pobreza,
pelas crises política e econômica, pela distribuição desigual de alimentos no
território nacional, pela ausência ou redução de políticas públicas voltadas ao
combate à fome, pelo manejo inadequado dos recursos naturais e por outros
fatores.
Causas naturais
também estão associadas à fome, como secas severas e baixa disponibilidade
hídrica.
Nos últimos anos, a
crise econômica decorrente da pandemia de covid-19 aprofundou as desigualdades
no país e causou um aumento no número de pessoas que convivem com a insegurança
alimentar grave.
A fome afeta
atualmente 33,1 milhões de brasileiros, de acordo com uma pesquisa lançada em
2022. É o equivalente a 15,5% da população. As regiões Norte e Nordeste são as
mais afetadas.
A subnutrição e a
desnutrição são as principais consequências da fome, podendo causar doenças e
levar até mesmo à morte."
Veja mais sobre
"Fome no Brasil" em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/fome-no-brasil.htm
"Causas da fome no Brasil
A desigualdade
socioeconômica e a má distribuição de renda contribuem para a fome no Brasil.
[1]
A fome no Brasil,
caracterizada pela privação de alimentos a que uma parcela da população está
submetida, é um fenômeno que remonta à formação social e econômica do
território nacional. Dentre suas principais causas estão a desigualdade
socioeconômica e a má distribuição de renda que caracteriza a população do
país, sendo essas também as maiores causas da fome em um contexto mundial.
Trata-se de um
problema estrutural marcado pela concentração de renda em um pequeno estrato ou
grupo social, enquanto uma parcela ampla da população detém poucos recursos.
Esse mesmo aspecto é um dos causadores de outros dois outros fenômenos, que são
a pobreza e a insegurança alimentar.
Um estudo realizado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que cerca
de 25% da população brasileira vive abaixo da linha da pobreza.|1| Mais
recentemente, um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que a
parcela dos brasileiros que sobrevivem com uma renda mensal igual ou inferior a
R$ 290 é de 13%, o que significa que 27,6 milhões de pessoas no Brasil vivem em
uma situação de extrema pobreza.|2|
Outro motivo pelo
qual a fome se faz presente no Brasil é a redução ou ausência de políticas
públicas, elaboradas portanto pelo Estado, que têm como objetivo o combate à
pobreza e à escassez de alimentos no país, as quais podem se voltar a áreas
diversas, como a agricultura familiar (ou camponesa) e a transferência de
renda, por exemplo.
As conjunturas econômica
e política podem levar também a um agravamento da fome no país, especialmente
quando há a ocorrência de crises em um ou ambos os setores. Em se tratando da
estrutura econômica propriamente dita, o modelo de produção agroexportador que
destina parte da produção ao mercado externo e a concentração fundiária também
contribuem para a ampliação do problema.
Ainda em relação às
causas antrópicas, podemos mencionar o manejo inadequado dos recursos naturais,
como do solo e da água, e os elevados índices de desperdício de comida.
Em conjunto com os
elementos apontados anteriormente, fatores de ordem natural também são
responsáveis pelas causas da fome no Brasil, como os climas secos, longos
períodos de estiagem (isto é, sem chuvas), que impedem ou dificultam a
produção, e a ocorrência de pragas nas plantações ou doenças nos cultivos e
criações, o que pode diminuir a produção de alimentos e elevar os preços dos
produtos ao consumidor final.
Leia também: Pobreza
menstrual — a falta de condições de realizar a higiene menstrual adequadamente
Dados da fome no Brasil
A fome é um problema
que acomete 33,1 milhões de pessoas no Brasil, o que significa dizer que 15,5%
da população brasileira não tem acesso à alimentação regular. Esses dados foram
levantados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar
e Nutricional (Rede Penssan), por meio do 2º Inquérito Nacional sobre
Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado
no ano de 2022.|3|
O número de pessoas
sem ter o que comer aumentou significativamente no Brasil nas últimas duas
décadas, especialmente quando se leva em conta que a parcela da população
convivendo com a fome havia caído de 9,5% no início do presente século para
4,2% em 2013. Em função disso, no ano de 2014, o Brasil foi retirado do Mapa da
Fome, que é elaborado e atualizado pela Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO).|4| Fatores de ordem conjuntural, entretanto,
fizeram com que a fome no país aumentasse mais uma vez, chegando então ao
cenário atual.
Em números relativos,
é na região Norte onde o problema da fome incide de forma mais grave e
acentuada, acometendo 25,7% das famílias. A segunda região mais afetada é o
Nordeste, onde 21% das famílias convive diariamente com essa condição.
Levando em conta as
formas moderada e grave de insegurança alimentar, os índices para ambas as
regiões são ainda mais alarmantes. De acordo com o estudo da Rede Penssan,
45,2% das famílias do Norte convive com a insegurança alimentar moderada ou
grave, enquanto no Nordeste a parcela é de 38,4%.
Quando se analisa a
distribuição da fome no Brasil por meio de números absolutos, a região Nordeste
aparece como a área com a maior população carente de alimentos no país, com 12
milhões de pessoas. Na sequência vem o Sudeste, com 11,7 milhões.
O Centro-Oeste é a
região do Brasil com o menor número de pessoas acometidas pela fome: 2,15
milhões. No Norte e no Sul, os números são respectivamente de 4,85 milhões e
três milhões de pessoas.|5| Ainda em termos espaciais, temos que a incidência
da fome é maior na população rural do que na população das cidades.
Outro aspecto da fome
no Brasil que é importante de ser destacado diz respeito ao perfil da população
que é mais atingida por esse problema. A insegurança alimentar grave é maior
naqueles lares chefiados por pessoas que se autodeclaram negras (que
compreendem pretos e pardos, de acordo com o IBGE). Além disso, as famílias
chefiadas por mulheres apresentam maior índice de insegurança alimentar grave
do que aquelas que possuem homens como responsáveis.|6|
Pandemia e a fome no Brasil
A pandemia de
covid-19 se instalou no Brasil no início do ano de 2020, espalhando-se de forma
alarmante por todo o território nacional e rapidamente se transformando em uma
crise sanitária. Essa crise afetou a economia de diversos países, como o
Brasil, gerando problemas como o aumento da inflação e do preço de produtos
básicos, como os alimentos, e causando transformações no perfil socioeconômico
da população.
Dentre as transformações
ocasionadas podemos citar a diminuição da renda e do poder de compra e o
aumento da pobreza e das desigualdades sociais no território nacional. Além
disso, houve o aprofundamento de problemas que já estavam em curso, como foi o
caso do desemprego.
Todos esses fatores
em conjunto contribuíram para a ampliação da parcela da população em situação
de insegurança alimentar grave, que caracteriza a fome. No início da pandemia,
9% da população convivia com os efeitos da escassez de alimentos. Essa parcela,
como vimos, saltou para 15,5% apenas dois anos mais tarde.|7|
Insegurança alimentar no Brasil
A insegurança
alimentar é definida como a falta de acesso regular a alimentos saudáveis e em
quantidade suficiente para atender às demandas nutricionais de um indivíduo.
Essa condição pode ser leve, moderada ou severa. Esse último caso ocorre quando
uma pessoa fica completamente sem ter o que comer, passando um dia inteiro ou
períodos do ano sem se alimentar, o que a coloca em uma situação de fome.
Pouco mais da metade
da população brasileira, mais precisamente 58,7% ou 125,2 milhões de pessoas,
convive com a insegurança alimentar. Desses, como vimos, 15,5% sofre com o grau
mais grave desse problema, que configura a fome.
A insegurança
alimentar aumentou nos últimos anos e atinge principalmente a população de
baixa renda, que recebe menos do que um salário mínimo por mês. As formas
moderada e grave de insegurança alimentar estão presentes em maior escala nas
famílias que vivem no campo, bem como nas populações das regiões Norte e
Nordeste do Brasil.
Consequências da fome no Brasil
A fome implica graves
consequências para os indivíduos, afetando diretamente a sua qualidade de vida
e a saúde física e mental.
Uma dessas
consequências é subnutrição, descrita como a falta de nutrientes, como
vitaminas e proteínas, importantes para a manutenção do organismo. Nos casos de
maior gravidade, há a ocorrência da desnutrição, que pode desencadear outras
doenças associadas ou não à deficiência de nutrientes, uma vez que ela diminui
as defesas do corpo e pode gerar consequências a longo prazo para o organismo.
A desnutrição pode
afetar ainda o desenvolvimento infantil e, em uma situação mais severa,
ocasionar a morte dos indivíduos pelo longo tempo sem a ingestão de alimentos
apropriados ou pela perda de capacidade do organismo de absorver os nutrientes
necessários.
Notas
|1| AMORIM, Daniela;
NEDER, Vinícius. IBGE: Mesmo com auxílio, 1 em cada 4 viveu abaixo da linha da
pobreza em 2020. UOL Economia, 03 dez. 2021. Disponível aqui.
|2| LIMA, Bianca;
SILVESTRE, Vanessa; GERBELLI, Luiz Guilherme; Globo News; G1. Quanto custa
acabar com a extrema pobreza no Brasil? G1 Economia, 29 abr. 2022. Disponível
aqui.
|3| REDE PENSSAN. 2º
Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da
Covid-19 no Brasil. Rede PENSSAN, 2022. Disponível aqui.
|4| LUPION, Bruno.
Fome cresce e supera taxa de quando Bolsa Família foi criado. DW, 13 abr. 2021.
Disponível aqui.
|5| MADEIRO, Carlos.
Número de brasileiros com fome dispara e atinge 33,1 milhões, diz pesquisa. UOL
Notícias, 08 jun. 2022. Disponível aqui.
|6| REDE PENSSAN. 2º
Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da
Covid-19 no Brasil. Rede PENSSAN, 2022. Disponível aqui.
|7| Idem."
Veja mais sobre
"Fome no Brasil" em:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/fome-no-brasil.htm
"Por Paloma
Guitarrara
Professora de
Geografia"
Veja mais sobre
"Fome no Brasil" em:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/fome-no-brasil.htm
GUITARRARA,
Paloma. "Fome no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/fome-no-brasil.htm. Acesso em 16 de janeiro
de 2023.
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/fome-no-brasil.htm#Resumo+sobre+a+fome+no+Brasil
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