REFLEXÃO PARA AS NOVAS
TURMAS DE CATEQUESE
É preciso
renovar e aperfeiçoar os encontros de catequese, porque há um potencial de ser
chato e enfadonho, de confundir ao invés de esclarecer, de afastar ao invés de
acolher. E como novas turmas representam novas pessoas, com novas histórias de
vida e novas particularidades; de diferentes classes sociais, diferentes
objetivos e tantas, mas tantas dúvidas; ora, é preciso renovar, a fim de não
falharmos diante da tamanha responsabilidade de sermos (muitas vezes) a
principal pessoa que une os catequizandos com a Igreja.
O primeiro passo é nos reunir em nome de
Jesus, não somente falar de Jesus. E qual a diferença? A diferença é
que quem fala de Jesus está falando como se poderia falar de qualquer
pessoa. Quem fala em nome de Jesus fala com autoridade, conhece os
ensinamentos e demonstra intimidade com o Cristo. Ademais, quando dois ou mais
se reunirem em nome de Jesus, Ele estará ali[1]. Quero dizer que
quando o catequista fala com autoridade a presença de Jesus é aparente, ao
contrário da superficialidade, que fazem de tantos encontros um momento
tedioso, o que se deve evitar com máximo empenho, especialmente em relação as
crianças, muitas vezes presentes nos encontros por obrigação imposta pelos
pais.
Para que
os encontros não sejam chatos e enfadonhos é preciso apresentar toda a riqueza
do Evangelho, com o esclarecimento de que são palavras de vida eterna[2]. Não
faltará entusiasmo ao catequista que transmite tão belas lições, tantos
milagres! Tantas parábolas Jesus nos contou, para que possamos transmiti-las às
novas turmas e compreender os ensinamentos[3]. Ao testemunhar com alegria a
vida do Cristo, nos tornamos instrumento de luz, sempre para esclarecer, nunca
para confundir.
É preciso
lembrar de tantos exemplos do Evangelho daqueles que acreditavam ser santos,
perfeitos, sábios e completos, mas são revelados como sendo os que mais se
distanciavam de Deus[4]. Certamente essa não é uma crítica àquilo que podem ter
sido os encontros do passado, amigo catequista. Embora eu arrisque dizer que
todos nós já protagonizamos (uma vez ou outra) maus encontros, jamais virá de
mim uma crítica ao passado, ao que não se pode mais mudar. Na verdade, esse
texto é um conselho (antes de tudo para mim mesmo), que compartilho com sincero
desejo de edificarmos uma catequese verdadeiramente formadora de autênticos
cristãos.
Jesus
sempre acolheu a todos que O procuraram[5]; o catequista não pode agir
diferente. Humildade e misericórdia são essenciais para que os encontros sejam
acolhedores e não afastem quem se sente pecador. Assim, o sentimento de que os
próximos encontros com as novas turmas possam ser melhores do que os anteriores
deve ser constante, porque podem e sempre poderão ser um pouco mais próximos do
que o próprio Cristo nos ensinou, como se Ele mesmo falasse. É um desígnio
santo, mas qualquer outro nos limitará. Acompanhados sempre dos dons do
Espírito Santo[6], um encontro de catequese santificador deve ser entregue às
graças de Deus, sendo nós, tão somente instrumentos, nada mais que instrumentos,
mas instrumentos!
Nas
palavras do Papa Francisco: “É necessário assumir todo o potencial de piedade e
de amor encerrado na religiosidade popular, a fim de que não se transmitam
apenas os conteúdos da fé, mas também se crie uma verdadeira escola de formação
na qual seja cultivado o dom da fé recebida, de tal maneira que os gestos e as
palavras reflitam a graça de sermos todos discípulos de Jesus”.
Me permita ser repetitivo em favor da clareza:
Jesus nos pediu para transmitir Seus ensinamentos, para sermos santos como o
Senhor é Santo, para falar em seu nome (não somente de seu
nome); nos disse que estará conosco até o fim dos tempos[7] e que o Espírito
Santo nos concederá os dons necessários. Buscar um encontro de catequese
santificador com as novas turmas não é querer demais, mas sim compreender a
nossa humilde posição de instrumentos e confiar na ação do Espírito Santo, na
presença de Deus e nos ensinamentos de Jesus, para que os encontros da
catequese sejam “serviços pelos quais mutuamente nos ajudamos no caminho da
salvação”, como ensina o Catecismo da Igreja Católica (794).
Talvez
esse encontro perfeito não ocorra ano que vem, nem mesmo no próximo ano, mas
devemos insistir no aperfeiçoamento, não faltando a oração, as formações e a
vivência; confiantes de que, para além de nossa imperfeição há um Deus
Perfeito. Quem assim seja!
__________
Luís Gustavo Conde – Catequista na Catedral
Metropolitana de São Sebastião, na Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), atuando na evangelização de
jovens e adultos. Autor de artigos para o Portal de Formação da Canção Nova e articulista da Revista
Paróquias.
Advogado e professor de cursos técnicos profissionalizantes. Marido da Patrícia
e pai do Oliver.
CITAÇÕES DO TEXTO BÍBLICO
[1] (Mt
18, 20); [2] (Jo 6, 68); [3] (Mt 13, 10-17); [4] (Lc 18; Mt 19); [5] (Mt 9,
10-13); [6] (1Cor 12, 1-11); [7] (Mt 18, 19-20).
REFERÊNCIAS
BÍBLIA DE
APARECIDA. Bíblia online da Editora Santuário.
CATECISMO
DA IGREJA CATÓLICA. In textos fundamentais. Arquivo do Vaticano.
FRANCISCO.
Mensagem aos participantes no Simpósio Internacional Sobre a Catequese.
Vaticano, 5 jul. 2017.
SAGRADA
BIBLIA. Traducción y notas Facultad de Teología Universidad de Navarra. Edição
Digital. Editora EUNSA. 2016.
https://catequistasbrasil.com.br/reflexao-para-as-novas-turmas/
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