REFLEXÃO DOMINICAL I
A SUPERAÇÃO DAS TENTAÇÕES
Nossas tentações têm
o tamanho de nossas fraquezas! Podem ter também o tamanho de nossas dis- trações
e até das nossas necessidades. Mas nada disso significa que elas devem
prevalecer sobre nossas escolhas. A superação de nossas tentações será sempre
possível, porque se trata de apelos que nos convidam ou seduzem, mas não se
trata de uma natureza que deter- mina o nosso agir. Por trás de tudo está
sempre um ser humano livre e capaz de se determinar segundo suas verdadeiras
escolhas. Por isso, a superação de nossas tentações terá sempre o tamanho das
nossas convicções. Será muito difícil esperar que alguém seja capaz de se impor
sobre suas fraquezas, distrações ou necessidades se esse alguém não tiver nada
maior para pensar e para querer. Nenhum de nós se nega a fazer um sacrifício ou
renúncia quando o efeito deles é uma coisa que realmente nos interessa. Nossas
opções são maiores que nossos desejos, sonhos e paixões. À medida em que
queremos uma coisa de verdade somos capa- zes de pagar o preço que ela custa.
Por isso, nossa reflexão maior deve ser sobre que tipo de fé e esperan- ça nós
cultivamos quando falamos de Deus e das virtudes que Ele nos propõe como estilo
de vida mais sadio para nossa existência. Saber que nossa necessidade não é o
nosso bem maior, como o pão que podia provir do milagre de transformar as
pedras; compreender que Deus não está a nosso ser- viço, como a tentação de se
atirar do Templo para provocar a sua Pro- vidência; determinar que o mundo não
pode ocupar o lugar do Céu dentro de nós, como a proposta de adorar o demônio
para receber as maravilhas do mundo. A Escritura nos diz o que temos que saber.
Mas é preciso saber entendê-la, do contrário, também ela poderá se tornar uma
tentação. Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de
Deus. Não tentarás o Senhor teu Deus. Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a
ele prestarás culto. São essas as palavras da Escritura citadas por Jesus. Por
causa dessas convicções Ele não fez conta de ter jejuado e passado fome, de não
conseguir fazer com que as pessoas acreditassem que Ele era o Filho de Deus, de
não dominar sobre os reinos do mundo e sua glória. Em outras palavras, Jesus
assumiu sua Encarnação. Ele não se importou em ser Deus a modo humano, decaído,
humilhado. Ele renuncia a ter de provar alguma coisa para alguém ou para si
mesmo. Ele sabia quem era, e aceitava o que tinha de fazer. Para a sua missão
bastava estar nas mãos do Pai. A conduta de Jesus se torna exemplar para nós.
Ele não venceu as tentações por- que era Deus. Sua natureza Divina não convivia
com as fragilidades da vida da criatura. Mas sua natureza humana experimentava
tudo o que nós vivemos. E foi assim que Ele nos ensinou que podemos vencer as
tentações. Basta que tenhamos mais fé e convicção do que a consciência de nossas
fraquezas. Basta que não suponhamos que somos grandes como Deus, mas ocupando o
nosso lugar, saibamos nos confiar a Deus e lutar para que seu Reino habite em
nós. É tudo questão de opção!
Dom Rogério Augusto das Neves Bispo Auxiliar de São Paulo
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