PARA A SUA REFLEXÃO
Na parábola do filho pródigo, quem é você?
Ao pesquisar a palavra “pródigo”, nós encontramos a
definição como aquele que esbanja dinheiro, que se desfaz de seus bens de forma
irresponsável. A parábola do filho pródigo conta a história do filho mais novo
que pede um adiantamento de sua herança e, após esbanjá-la, volta arrependido
para a casa do pai e buscando pelo perdão.
Mas, na história, há outro filho, rígido e
obediente, que não aceita a misericórdia do pai com o filho mais novo. Em
outras palavras, nós temos alguém que errou e pede perdão e outro que não está
disposto a perdoar. Apesar de serem posições opostas, não é raro que cada um de
nós já tenha interpretado ambos os papéis nos acontecimentos da nossa vida.
Você já parou para pensar quem é você?
Embora seja muito conhecida a
parábola do filho pródigo, o leitor pode reservar um tempinho para a leitura do
texto bíblico, que é curto, porém, tem uma mensagem riquíssima, encontrada no
Evangelho de São Lucas, capítulo 15, versículos do 11 ao 32. E como diz o
Catecismo da Igreja Católica (nº 1439): “O dinamismo da conversão e da penitência foi
maravilhosamente descrito por Jesus na parábola do ‘filho pródigo’, cujo centro
é ‘o pai misericordioso’ […]”.
A narrativa demonstra três
perspectivas: do filho mais novo, do pai e do filho mais velho. A história do
filho mais novo é a do pecador, que abandona a casa do pai,
anda por terras desconhecidas e sem riquezas, onde não há quem seja piedoso com
ele. O filho menor é o homem mundano, é o “católico não praticante”. Apesar de
conhecer o pai e toda sua justiça, prefere seguir uma vida solitária. Entende
que não precisa de mais ninguém, vê os bens materiais (herança do pai) como
tudo o que precisa para viver.
Reflita com a parábola
É muito comum que, quando
deixamos de frequentar a Missa tenhamos o sentimento de desamparo. Também é
comum que, quando uma sequência de coisas ruins nos acontece pensamos que é uma
punição divina. A tristeza e a falta de esperança são sentimentos que
atribuímos às situações externas a nós mesmos. Mas, na verdade, uma vida
angustiada é consequência de nossas escolhas, principalmente daquela que nos
faz retirar das mãos de Deus os nossos propósitos. Quando rejeitamos as bênçãos
e o amor de
Deus é
como o filho mais novo, que se perde no mundo porque abandonou a proteção e os
cuidados da casa do pai. Esse desemparo que te aflige é o resultado da
confiança na imperfeição humana. Põe tuas obras nas mãos de Deus e os frutos
surgirão.
Portanto, se você se vê como o
filho pródigo, saiba que a misericórdia do Pai para contigo sempre
o conduzirá ao abraço e à recepção com amor e alegria.
Já o filho mais velho é o hipócrita, termo que o
próprio Cristo usou para definir os escribas e os fariseus (Mt 23, 13). O filho
maior representa aquele que cresceu em uma família católica ou que há muito
tempo participa ativamente da Igreja. Esse deveria entender a misericórdia do
pai e compartilhá-la. Deveria saber que a vida longe do pai é dura e injusta,
que o irmão menor sofreu e precisa de perdão. O irmão mais velho deveria ser
piedoso, misericordioso e amoroso, à imagem do pai. Mas, ao contrário, o filho
maior endurece o coração, julga e condena, demonstrando que, apesar de uma vida
toda na casa do pai, não aprendeu nada com ele. Muitos exercem atividades como
ministros, leitores, membros de pastorais e, até mesmo, catequistas, mas, na
verdade, “eles falam e não praticam” (Mt 23, 3).
Exame de consciência
É preciso muita atenção e cuidado. Se você exerce
alguma função na sua paróquia, lembre-se de que seu papel é servir; e sua
posição não deve, de forma alguma, colocar o outro em situação de
inferioridade. Pense nisto: você “manda” em algo na sua paróquia? Você tem o
“seu lugar” nos bancos da Igreja? Você tem algum objeto que chame de “meu” na
paróquia? Todos que desejam participar precisam vir até você? Por exercer a
função, você acredita ser “mais católico” que o outro? Você comenta os erros e
os pecados dos outros? É importante para você ser visto no altar?
Se você respondeu “sim” para qualquer um desses
questionamentos, você é o filho mais velho. Então, é importante buscar a
parábola dos dois filhos (Mt 21, 28-32) e fazer um sincero exame de
consciência. Manter uma atitude autoritária e intolerante, no ambiente da sua
paróquia, representa o exato oposto da missão que o Cristo nos deixou, porque,
agindo assim, você apenas afasta os que desejam a conversão.
Mas a figura do pai é comum a
ambos os filhos e demonstra a misericórdia de Deus para conosco. Não há razão
para se manter no pecado. Pouco importa com qual dos filhos você se
identificou, se até então foi indiferente à Igreja, se está perdido na vida mundana
ou você que, de cima do altar, tem afastado os que buscam amparo. Seja pelas
falhas do filho mais velho ou mais novo, o arrependimento e a penitência sempre
serão os primeiros passos para “vestir-vos do homem novo” (Ef 4, 24). Que assim
seja!
https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/na-parabola-do-filho-prodigo-quem-e-voce/
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