REFLEXÃO DOMINICAL I
DEUS
É BOM
Quando o povo eleito se desvia do
caminho, Deus chama Moisés e diz que essa gente vai ser castigada porque
abandonou o Deus libertador e passou a adorar um bezerro de metal fundido,
tornando-se “um povo de cabeça dura”. Moisés, por sua vez, relembra os grandes
feitos do passado e a promessa feita a Abraão, Isaac e Israel. E Deus desiste
da proposta de destruição. Moisés teve a oportunidade de se dar bem sozinho,
deixando perecer os que es- tavam sob a sua responsabilidade. No entanto, não
deixou levar pela ambição de chegar primeiro, de ganhar sozinho, deixando o
povo no meio do caminho. Não traiu seus companheiros. Escrevendo a Timóteo,
Paulo agradece a Cristo Jesus por ter confia- do nele, que antes de conhecê-lo
vivia a blasfemar, insultar e per- seguir seus seguidores. Tinha um vazio
dentro de si e descarregava suas revoltas machucando e ferindo as pessoas, mas
acabou encontrando misericórdia em Jesus que o fez modelo para todos. O
evangelista Lucas conta a parábola dos perdidos: a ovelha, a moeda e o filho. O
pastor, como um pai, vai em busca da ovelha que se perdeu e, encontrando-a, co-
loca-a nos ombros e faz festa com amigos e vizinhos. Para encontrar a moeda
perdida a mulher acende a luz, varre a casa, revira tudo. Assim que a encontra
convida vizinhas e amigas e faz uma bela festa. O filho mais novo gasta a herança,
o que de melhor o pai tinha conquistado, mas acaba ficando na miséria, nem a
comida dada aos porcos lhe era possível comer. Quando retorna a casa, o pai o acolhe
com beijos, abraços, roupa nova, e um convite especial aos empregados para
fazerem um grande banquete e muita festa. Deus, como um pastor, como uma mãe,
como um pai, é o protagonista de tudo. E quando tudo é transformado para melhor
celebra com uma bela festa. Tem o filho mais velho, o que motivou Jesus a
escrever esta parábola. Ele está na casa, trabalha com o pai, mas é um
cumpridor de normas que tem ciúmes do irmão mais novo que foi acolhido com
festa depois de tantos erros co- metidos na vida. É uma referência aos escribas
e fariseus que, com azedume e mau humor, criticam Jesus por receber e tomar
refeições com pecadores e publicanos. O que está em casa, o filho mais velho, o
que se acha “pessoa de bem”, não aceita que o pai seja bom com o irmão e cobra
pelo cabrito que não recebeu para uma festinha com os amigos. Podemos nos
perder nos desertos como a ovelha, dentro de casa como a moeda ou no chiqueiro
como o filho mais novo. No entanto, parece mais grave a atitude do filho mais
velho, que reivindica um cabrito para festejar com amigos; são as pessoas que
se fazem religiosas, próximas de Deus, mas que não se cansam de buscar,
inclusive por meios ilícitos, aumentar o rebanho de cabritos e de bezerros de
ouro em nome de Deus. Como uma ovelha desgarrada, necessitamos dos ombros do Pai
pastor; como moeda perdida, precisamos ser varridos de nossa imundície; como
filho que buscou comida no chiqueiro, precisamos do abraço do pai e do
acolhimento do irmão. Cuidemos para não nos corrompermos por cabritos e
bezerros de ouro. Que a Mãe das dores, refúgio dos pecadores, na festa de Santa
Cruz, faça brotar em nós a confiança que acendeu no coração do filho pródigo:
“Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: meu pai, pequei”. Que possamos
dar essa alegria a Deus.
Dom
José Benedito Cardoso Bispo Auxiliar de São Paulo
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