REFLEXÃO DOMINICAL I
CRISTÃOS SEM ILUSÕES
Uma multidão seguia Jesus, sabe-se lá com
quantas motivações. Alguns estavam fascinados com sua pregação; os enfermos
pensavam em conseguir a cura de seus males; outros observavam interessados a
liderança de Jesus e pensavam que ele poderia ser um bom líder para um
movimento revolucionário, para mandar embora os Romanos de sua terra. Outros
ainda o espiavam desconfiados, querendo ver se ele ensinava alguma coisa
errada, para o acusarem. Enfim, cada um com seu interesse e motivo próprio. Estariam
todos dispostos a segui-lo até às últimas consequências? Jesus não quer que
ninguém se iluda e, para quem o segue, deixa claro que não se trata de buscar
vantagens particulares e facilidades na vida. Quem quiser segui- -lo, deve
estar disposto a fazer escolhas difíceis, a ter por ele um grande amor e estar
pronto para abraçar a cruz no seu seguimento. Em outras palavras, sem conversão
ao Evangelho, não há discipulado verdadeiro. Mas quem estiver disposto, terá
grande alegria e esperança e encontrará a verdadeira riqueza de sua vida.
Poderíamos perguntar-nos, quais são as motivações que também hoje as pessoas
têm para serem cristãs? Interesses e vantagens particulares? Resolver problemas
do dia a dia? Alguma vantagem econômica? Ou a fé e vida cristã estão baseadas
no amor genuíno a Deus e a Cristo e em tudo o que ele é e significa para nós?
Infelizmente, o Evangelho também é pregado como fonte de lucro e promessa de
bem-estar e prosperidade. Uma pregação sem chamado à conversão não é cristã e
um cristianismo fácil, sem cruz, é religião sem Cristo. A fé cristã nos desafia
continuamente a fazer escolhas coerentes com o Evangelho, que requerem
conversão. E a vida cristã verdadeira acaba se confrontando com a cruz de
Cristo. Nesta segunda feira, dia 5 de setembro, celebramos o aniversário da
dedicação da Catedral metropolitana de São Paulo (Catedral da Sé). O
aniversário é celebrado em todas as igrejas da Arquidiocese como festa
litúrgica e, na própria Catedral, como solenidade litúrgica. Convido o povo a
participar da Missa nos horários próprios de suas igrejas. Os templos são
lugares sagrados dedicados à presença de Deus entre nós, lugares de oração e
anúncio da palavra de Deus e de testemunho de fé, esperança e caridade. “Deus
habita esta Cidade imensa” e nós somos suas testemunhas. Por isso, frequentemos
sempre com alegria e fervor nossas igrejas, sobretudo nas missas dominicais,
como testemunho de nossa fé. Com o salmista, digamos também nós: “que alegria,
quando ouvi que me disseram: vamos à casa do Senhor!” (Sl 122,1). Nossa
Catedral é a igreja-sede da Arquidiocese, onde o Arcebispo tem sua cátedra
episcopal, sinal de sua presidência desta Arquidiocese, de seu magistério e seu
pastoreio. Nesta festa, convido a rezar pela nossa Arquidiocese, sobretudo na
intenção da assembleia sinodal arquidiocesana, que está em curso. Que sejamos
todos uma igreja sinodal, em comunhão, participação e missão.
Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo
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